Prólogo

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- O que você quer outra vez? - Pergunto ao miserável que há algum tempo, que não sei quanto, não sai dos meus sonhos. E só sei que é um sonho porque ele morreu. Sei que está morto, logo nada disso é real.

- Por que tanta hostilidade? Sou seu avô e quero apenas o seu bem! - O maldito do Domenicano diz, sentado numa poltrona do quarto onde estou e não consigo sair, pois, a porta não tem maçaneta. O que me deixa muito confuso. Que porta não tem maçaneta, porra?

- Eu me lembro do que fez comigo e com minha irmã, maldito! Você ia vendê-la à um homem tão desgraçado quanto você e ainda ia me fazer aceitar isso. Éramos crianças, queríamos nossos pais...

- Seu pai foi um fraco!

- E você é um maldito, filho da puta! - Esbravejo. - Bateu na minha mãe, queria matá-la e maltratou a todos nós. Não era nem para eu estar ouvindo você.

- Aquela cubana nunca deveria ter aparecido em nossas vidas! - Declara e vejo que seu ódio por minha mamma é muito grande. - Ela atrapalhou todos os meus planos quando decidiu abrir as pernas para o meu Vitorino. Aquela puttanna!

- NÃO FALE DA MINHA MÃE, PORRA!! - Jogo uma das peças de vidro que está na mesa ao lado, mas não acerta o desgraçado que gargalha sentado na mesma posição, tragando seu charuto irritante. Respiro profundamente, porque sei que enquanto eu estiver preso aqui ele estará comigo. - Vá embora, por favor!

- Não peça por favor, moleque! Não implore por misericórdia, pois aqui é você quem manda! - Vocifera, se aproximando de mim. - Eu tentei dar o melhor para seu avô Guilhermo e ele se deixou levar por uma americana, aproveitadora!

- Não fale assim da minha avó! - Declaro, mas ele não me dá ouvidos.

- Mas quando Vitorino nasceu, pensei que poderia ter êxito com ele e o tomei para mim...

- Você tinha um outro filho que se não tivesse renegado, poderia tê-lo treinado aos seus preceitos. - Interrompo-o e vejo que ele se aborrece.

- E eu fiz isso! Aquele bastardo se tornou tão bom quanto meu Vitorino, mas ele não servia para levar meu legado a diante. Vittorio sim era a pessoa certa para isso. Entretanto, apareceu a maldita cubana para foder novamente com meus planos. Por causa dela, perdi minha posição de capo, todo o respeito que por anos conquistei e me tornei uma escória para sociedade. - Fala irritado e sorrio com suas palavras. - Do que está rindo?

- E depois foi morto pelas mãos dela...isso não é fenomenal? Minha mãe honrou e honra até hoje o posto de primeira-dama, ao lado do seu Don. Tudo que você queria, não é? Esse não era seu sonho? Que seu nome se tornasse conhecido em todo mundo? - Pergunto enquanto o homem range o dente pelo ódio.

- Se pai de desviou do propósito! Agora eu quero que seja você o novo Don. - Franzo a minha testa confuso. - Logo seu pai se aposentará para viver a vida que tanto lutou para viver com a estrangeira dele e só não viveu ainda porque você não tem capacidade de lidar com tudo sozinho.

- Do que está falando, desgraçado?

- Da verdade! Você, sua irmã mimada e aquele bastardo atrapalham a vida de meu neto até hoje. Ele está sempre tendo que resolver os problemas para vocês porque não são capazes disso. Sua mãe se tornou uma mulher doente e ainda sim tem de cuidar de vocês como se fossem bebezinhos.

- Está com pena dela agora? - Pergunto num sarcasmo.

- Nem um pouco! Mas infelizmente ela é importante para o meu Vittorio e estou cansado de vê-lo sofrer por não poder cuidar da esposa escolhida por serem incapazes de resolver qualquer coisa sozinhos. E agora você está aqui e mal consegue tomar seu próprio banho.

HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora