- Oi Manuela! Eu vim lavá-la para casa. - Meus ouvidos não querem acreditar no estão ouvindo, assim como meus olhos não creem no que veem. Heitor estar em sua cadeira de rodas, com seus lindos olhos presos nos meus. Mas, é visível que está confuso. - Manuela? - Insiste e então desperto do meu transe por seus olhos intrigantes, desviando meus olhos e apertando as mãos uma na outra. Eu sempre fico assim perto dele.
- Eu não vou para casa agora. Vou até a academia da sua mãe para ajudar com as crianças, depois passarei na faculdade para pegar um material e chegarei em casa a tempo de jantar com minha família. - Falo e ele franze a testa.
- Tantas coisas num dia só! O que você faz na academia dela?
- Eu ensino os movimentos de dança para as crianças. - Explico-me. Ele faz uma expressão que não consigo decifrar, me causando angústia. Esse novo Heitor me deixa confusa.
- Você sabe dançar também? - Assinto, mas não consigo ficar olhando muito tempo para ele. - O que você é?
- Como?
- Desculpe-me se minha pergunta te ofendeu, mas eu não sei explicar muito bem. Você é...
- Autista? - Pergunto e ele assente. - Eu sou uma das poucas meninas que fazem parte do espectro autista. Por esse motivo você não me vê nor-...como as outras pessoas. - Ele apenas maneia a cabeça.
- Nós já nos conhecíamos antes? Éramos amigos?
Faz algumas perguntas que me fazem lembrar de quando encostou nossos lábios, numa tentativa de me beijar, mas eu fiquei com muita vergonha e medo e não permiti. O que não falei para ele é que eu gostei daquele pequeno contato que tivemos. Por muitas noites sonhei acordada com aquele toque, pensando em como seria se eu deixasse que ele fizesse o que Vittoria e meu irmão fazem as vezes. Mas eu acho que esse pensamento só está na minha cabeça agora.
- Nós somos da mesma família. Matteo é seu sobrinho e meu também, então sim, nos já conhecemos. - Digo o que ele mesmo um dia já me falou.
- Entendi! - Diz, com os olhos presos aos meus e por um tempo fico vidrada neles. - Já almoçou? Pelo horário que está saindo do trabalho, pode ser que não tenha comido nada ainda. - Ia responder, mas logo a porta de abre e Jason sai por ela.
- Oi Manu! Pensei que já tivesse ido embora. - Ele se aproxima de nós e então vê Heitor parado a minha frente. - Oi senhor Heitor! Bom saber que já acordou. - Jason diz educado como sempre.
- Já nos conhecemos?
- Há alguns meses o senhor estava levando a Manu em casa e nos encontramos no estacionamento do nosso prédio.
- Você é o namorado dela? Ouvi ela dizendo que iria encontrar com você ontem à noite. Não achei muito prudente ela sair de um jantar em família para encontrá-lo. - Lembro-me do Tom que Heitor usou na ocasião citada por Jason. Isso é o ciúme que dona Emilly falou que ele sentiu naquele dia. Mas, se não se recorda que estávamos praticamente namorando, por que sentir ciúmes de mim com meu amigo? Noto que Jason me olha confuso e então decido fazer o que minha psicóloga e amiga falou, usar a situação para testar as dúvidas que tenho.
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HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)
RomanceEsse é o último livro da trilogia e contará a história do herdeiro de sangue do Don Vittorio Fontinelly que terá sua vida totalmente bagunçada após acordar meses de um coma. Estado esse que se deu ao ser atingido na cabeça por um tiro que teve por c...