Começar a fisioterapia foi a melhor coisa que me aconteceu. Dedico-me aos treinos de forma tão intensa que a exaustão chega até mesmo antes do tempo. Mas tudo que quero é poder andar sem aquela cadeira, poder voltar a frequentar os lugares que ia sem precisar da ajuda de soldado nenhum para entrar e sair do carro. Fora que estou doido para dirigir e assim poder, quem sabe, levar Manuela para onde ela quiser.
E já estou sentindo muita falta dela!
Desde que comecei meus treinos, a tenho visto pouco. Na verdade, nessas duas semanas que se passaram, desde que a levei para assistir o pôr-do-sol comigo e deu aquela merda toda envolvendo envolvendo aqueles filhos da puta, que não a vejo. Soube até que suas terapias mudaram de dia e acredito que tenha sido por culpa minha. Aparentemente, ela não havia se chateado com o que aconteceu, até me permitiu que lhe desse um beijo em seu rosto.
Contudo, sei que assimilar certas coisas é bem difícil para pessoas em sua condição e pelo que perceber, o que ela vivenciou na praia deve ter sido demais para ela.
Quando me recordo que ela queria conversar com meu cunhado sobre alguma coisa, cheguei a cogitar que fosse sobre o ocorrido e depois dispensei a ideia, mas pelo que posso perceber, ela deve ter lhe contado e Miguel, protetor como é, deve ter impedido a menina de me encontrar. Não posso julgá-lo, pois se ele sabe quem eu sou, certamente percebe que não sirvo nem para ser nem amigo dela.
- Senhor Fontinelly, há uma visita para o senhor lá fora. - Um dos seguranças diz enquanto tento ajeitar a minha cadeira de rodas na mesa do escritório da boate. Apesar de já está conseguindo sentir o peso nas minhas pernas como antes, o que eu nem conseguia fazer, ainda não fico de pé e tenho dificuldade de mexer os pés. Mas estou determinado a fazer isso.
- Quem é? Não estou agendado com ninguém. - Digo olhando alguns formulários que Valentim me deixou para analisar depois de eu muito implorar por trabalho. Agora vê se tem cabimento eu não poder trabalhar na minha própria boate?!
-É a sua esposa, senhor! - O homem responde e quase me engasgo com meu suco de pêssego, preparado por minha mãe que praticamente fez meu lanche, com essa ideia. Que merda eu estava pensando quando decidi me casar? - Senhor?
- Bem..., mande que entre! - O homem assente e sai.
Não sei em que condição está esse casamento, mas pelo que meus pais falaram está prestes a acabar. Parece que antes do que me aconteceu, eu já havia decidido dar entrada no divórcio e no processo de devolução dela aos seus pais. Infelizmente, na máfia tem esse viés de devolver a filha, munida de um bom valor, para os pais.
A mulher entregue, ela pode voltar a se casar, diante do casamento anulado, e assim seguir a vida pela qual fora ensinada por toda sua infância e adolescência. Pelo que soube, Kassandra fora educada para ser mulher de um capo como eu, mas infelizmente esse não pode ser eu. Não quando eu não me lembro dessa parte da minha vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)
RomantizmEsse é o último livro da trilogia e contará a história do herdeiro de sangue do Don Vittorio Fontinelly que terá sua vida totalmente bagunçada após acordar meses de um coma. Estado esse que se deu ao ser atingido na cabeça por um tiro que teve por c...