Como eu poderia imaginar que em plena lua de mel aconteceria esse mal-estar comigo? Pior, deixar Manuela agitada como ficou, ansiosa até por estar perto de mim e triste diante da minha pouca preocupação com o que estava sentindo. Eu realmente sou um imbecil!
A verdade é que se não fosse a insistência dela para voltarmos para casa logo quando saímos da pousada em que estávamos, talvez isso tivesse acontecido na casa em que nos hospedamos e minha loira estaria sozinha em meio ao caos instaurado. O que não seria nada bom para ela, já que temo por uma crise e suas consequências.
Eu preciso pensar mais em minha esposa. Apesar de ter demonstrando bastante força, Manuela é uma menina que ainda precisa de bastante atenção e cuidado para não sucumbir às situação normais para pessoas com o autismo. Me culparia muito se soubesse que ela passou mal ou se acidentou por alguma negligência minha.
Ao abrir meus olhos e examinar o local, noto que estou num quarto de hospital e parece ser o mesmo em que fiquei da última vez. Há um aferidor de batimentos cardíacos ao lado e o barulho é chato para cacete ao ponde de me incomodar. Mas, nenhum sinal de minha esposa aqui comigo ou qualquer pessoa da minha família. Onde será que estão?
(...)
- Filho? - A voz calma e doce de minha mãe me desperta. Provavelmente, de tanto ficar pensando, acabei voltando a dormir. - Está se sentindo melhor, meu amor?
- Um pouco! Minha cabeça ainda dói bem longe e sinto algo como uma náusea incômoda. - Falo, degustando minha língua, sentindo um gosto amargo.
- Você vomitou, meu bem! Talvez você não se lembre, mas seu pai o retirou do avião com a ajuda de alguns seguranças e o trouxe para cá. - Explica e realmente fico confuso, pois não me lembro de nada disso. No entanto, imaginar essa cena só me faz preocupar com uma pessoas. Minha Manuela.
- Mãe, cadê a Manu? Onde ela está? - Pergunto ansioso, pois numa situação como a descrita por minha mamma, a minha esposa deve ter ficado bastante nervosa.
- Ela está num outro quarto, meu filho. Ela até aguentou bem até chegar aqui, mas a Manu teve uma crise e Dylan sedou-a para evitar que se machucasse. Miguel está com ela.
- Meu Deus, mãe! - Levo minhas mãos a cabeça, sentindo-me completamente culpado por isso. - Eu deveria ter estado do lado dela como um marido faria! Isso tudo é culpa minha.
- Heitor, se controle! Ninguém é culpado por nada. Infelizmente, sua situação não estava totalmente controlada. Você recebeu alta há alguns meses, mas seu médico sempre indicou que ficássemos em alerta acerca da sua situação. Não se culpe!
- Pois é! E essa porra dessa dor decidiu dar o ar da graça justamente na minha lua de mel! - Digo irritado.
- Não somos nós quem decidimos essas coisas, meu filho. - Tenta amenizar, levando a mão ao meu rosto. - Simplesmente acontece sem hora marcada. - Completa e então respiro profundamente.
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HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)
RomanceEsse é o último livro da trilogia e contará a história do herdeiro de sangue do Don Vittorio Fontinelly que terá sua vida totalmente bagunçada após acordar meses de um coma. Estado esse que se deu ao ser atingido na cabeça por um tiro que teve por c...