Dois dias antes da morte de Guilhermo...
Infelizmente, a situação do meu pai é irreversível. Seu corpo está parando aos poucos de trabalhar, já não anda mais e temo que o pior se apresente. O último dia que meu papa ficou de pé foi no casamento de Heitor e foi com muito esforço. Segundo ele, não poderia estar no casamento de seu neto numa cadeira de rodas. A vaidade do meu velho estava intacta e isso jamais mudaria. E ainda está.
Saí do consultório, onde acabei de descobrir que minha nora está grávida de dois homens Fontinelly causando-me uma felicidade sem igual, para socorrer a Martinha que me mandou mensagem dizendo que meu pai teve uma piora em seu quadro que já não estava nada bom. O teimoso cismou que não iria ao hospital, pois morreria em casa. Isso me deixou deveras irritado.
Sai do hospital com minha Piccola Fiore, que estava abalada demais com a situação, e vim direto para casa dele, a fim de dar um ultimato nesse veccio teimoso do caralho. Ele precisa saber que há pessoas que o amam e passaria por más momentos de ele viesse a morrer naquela casa.
— Desculpe-me por mandar mensagem agora, Vittor, mas eu não sei mais o que fazer com seu pai. Ele não quer ir ao hospital. — Marta diz, assim que entro na velha mansão. Emilly vai até ela e lhe dá um abraço.
— Não tem de se desculpar Martinha, eu vou levá-lo para o hospital de Dylan. Já pedi que separassem a ala superior para ele. Mick está vindo com Giulio para nos ajuda. — Deixo um beijo carinhoso em minha madrasta e sigo. Ela ia vir junto, mas eu a impeço. — Deixe-me falar com ele só, Martinha. — Ela assente, voltando aos braços de minha Fiore que não esconde sua tristeza.
Subo as escadas da mansão e todas as vezes que faço isso, recordo-me do que vivi aqui há quase três décadas. Lembro-me do primeiro dia que vi minha esposa e de como minha vida passou a depender de sua existência.
Vim para Los Angeles com o intuito apenas de forçar meu pai, que naquela época estava com um câncer e teimava por sua cura. Marta era apenas a governanta da casa que nunca conseguiu esconder de ninguém o amor que sentia pelo velho teimoso. Meu pai viveu anos preso às lembranças de minha mãe, que faleceu assim que Giulio nasceu, ignorando que havia algo a mais no tratamento de Marta para com ele.
Naquele tempo, eu só queria viver uma vida de luxúria, morte e festas. Não estava nem aí para responsabilidades e meu pai vivia me condenando por isso, e com toda razão. Até que conheci a mulher que ainda hoje me faz render toda adoração. E eu só tenho a agradecer ao meu pai por isso.
— Martinha não se aguentou, não é? — Diz, assim que passo pela porta de sua suíte. — Ela é muito teimosa.
— Talvez seja a convivência com o senhor! — Declaro e ele franze a testa. — O que pretende com isso? Hã? Acha que esse comportamento é o correto?
— Eu só quero morrer onde me traz paz. Aqui me traz a paz que eu preciso. Vitória...
— O senhor está casado com a Martinha, não com a minha mãe! — Enfatizo, interrompendo-o. — Não é justo com ela, papa! Essa mulher, que o senhor sequer considerou como ficaria sua situação após a sua morte nesta casa, já sofreu o suficiente e deu a vida por você. — Ela franze a testa irritado, virando o rosto para o lado oposto ao meu. — Ela lhe deu uma filha! O seu sonho de ter uma menina se realizou porque ela suportou uma gravidez de risco, apenas para fazer o que fez desde que pisou nessa casa pela primeira vez que foi agradá-lo.
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HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)
RomanceEsse é o último livro da trilogia e contará a história do herdeiro de sangue do Don Vittorio Fontinelly que terá sua vida totalmente bagunçada após acordar meses de um coma. Estado esse que se deu ao ser atingido na cabeça por um tiro que teve por c...