Capítulo 2

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É estranho demais tudo que está acontecendo ultimamente

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É estranho demais tudo que está acontecendo ultimamente. Na minha cabeça, achei que seria de outro jeito. Que quando Heitor acordasse, ele se separaria de vez da Kassandra, cancelaria o tal papel que o faz ser de certa ligado a ela e então cumpriria com o que falou no dia em que passeamos no shopping, onde ele passou a maior parte do tempo me olhando como se tivesse com fome, dizendo que queria me beijar e confessando que me amava.

Eu não poderia deixar que ele fizesse aquilo comigo. Principalmente em público.

Pela regra de conduta em sociedade que venho aprendendo em muitas aulas de socialização, um homem ou mulher que não possui uma esposa não pode olhar, cobiçar ou se envolver com quem tem compromisso. Isso é bastante errado, ao ponto de ser crime. Assim como um homem ou mulher comprometido não pode se apaixonar por outras pessoas a não ser por seus próprios cônjuges.

Observo bem Miguel e Vittoria quando decidimos sair em família. Eles sempre estão de mãos dadas ou abraçados, meu irmão jamais repara para qualquer mulher que passa olhando para ele, e há muitas que o olham de forma erótica até, assim como para minha cunhada que sempre acaba atraindo a atenção de alguns rapazes nos lugares em que vamos.

Isso deixa meu irmão chateado, mas nunca discutem por isso, sempre conversam e se acertam, pois, tem confiança no que sentem um pelo outro. O que não é o meu caso, já que Heitor acordou e sequer lembra quem eu sou, como poderá lembrar o que sente por mim?

Isso é só a vida mostrando que pessoas como eu não devem querer o mesmo que as pessoas normais. Que por isso que fomos feitos a margem da sociedade e é por esse motivo que temos dificuldade de sermos inseridos ao meio e adaptados a eles. E que se entendemos isso no limiar do nosso autoconhecimento, ficaria até mais fácil compreender a repulsa de algumas pessoas e não as culpar por seus medos e receio por nos querer no meio.

Não que estivessem cem porcento errados, só não estão cem porcento certos.

Quantas vezes tentei agir com a indiferença que Heitor muitas vezes me sugeriu, quando eu percebesse o preconceito de algumas pessoas para comigo? Na escola, tive o apoio da Lary que conseguia perceber mais do eu e assim se adiantar na minha defesa. E não está sendo diferente na faculdade onde Jason está sendo o amigo que não se detém em me defender.

Mas ainda assim percebo os olhares, as brincadeiras de mau gosto, a repulsa e reprovação de alguns toda vez que me saio bem em uma matéria, quando respondo bem em alguma aula e quando sou vista como uma das melhores, senão a melhor aluna da classe por meu desempenho.

Tudo isso porque eu acreditei nele quando disse que eu era normal e que não deveria deixar que me tratassem diferente disso. Eu acreditei!

No entanto, hoje nada disso fez sentido para mim quando seu olhar confuso e sua grosseria tal qual a das outras pessoas me deixaram atônita naquele quarto. Senti meu coração bater tão forte pela felicidade em vê-lo de olhos abertos que não podia imaginar que, numa fração de segundos, estaria nos braços de dona Emilly pedindo socorro pelo medo do homem que agiu grosseiramente comigo.

HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora