Prólogo

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—|ILHA GRANDE DO SUL|—

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—|ILHA GRANDE DO SUL|—

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—|Madame Giza mantinha sua cabana muito bem arrumada com gosto. Aprendera com sua mãe — que aprendera com sua avó — a maneira correta de limpar, passar e esfregar a casa, e educar suas crianças. Madame Giza e seu marido, Gibs, tinham doze filhos no total, e com os outros cinco filhos que não haviam sobrevivido ao primeiro ano, esse número aumentava para dezessete.

As mulheres da família Agostinho eram mulheres férteis, fortes, próprias para o parto. As ancestrais de Madame Giza dizia que era por causa do quadril largo e rechonchudo que todas elas herdaram da Dona Dulce, há mais de mil anos atrás.

O dia de Madame Giza começava antes do sol raiar, quando ela iniciava a limpeza da casa, varrendo o chão para, em seguida, limpar os móveis e estar pronta para fazer o desjejum para toda a família. Quando Mademe Giza preparava-se junto a bancada, suas crianças começava a acordar. O mais velho, Egg, tinha vinte e oito anos e a mais nova, três, mas sempre seriam crianças para ela.

Cada um dos seus doze filhos a cumprimentaram com um beijo na bochecha e um agradecimento a Mãe por mais uma manhã, então, se arrumaram na mesa, nos seus respectivos lugares. Após o desjejum, seus filhos se dispersaram em seus afazeres próprios para a idade e hobbie de cada um. E Madame Giza voltou a arrumar a cozinha.

As horas se passaram, muita limpeza seguiu-se após. Ter doze filhos e um marido cego dava mais trabalho do que Madame imaginou, mas ela continuava com a mesma rotina dia após dia, sem reclamar.

Com o anoitecer, Madame Giza pode se sentar, enfrente a lareira com um belo livro nas mãos e uma bebida, como gostava. Todos os seus filhos sabiam que aquele era o seu momento especial, e que não deviam incomoda-la de modo algum. Por isso, Madame Giza enfureceu-se quando Roxy e Holly, as gêmeas, voltaram para casa aos berros.

— Digam-me o que aconteceu? — Madame ordenou.

As gêmeas voltaram a berrar palavras incompreensíveis. Madame Giza jamais entenderia, e parecia não conseguir acabama-las, mas seus filhos mais velhos, Egg, Hugor, Poppy e Dyana, atravessaram a porta de casa ao mesmo tempo, também aos berros alarmados.

Aquilo era um pesadelo. O anoitecer era o seu momento de descanso, e seus filhos estavam estragando isso, todos eles.

Então, Madame Giza reparou no corpo inconsciente — ou morto — de uma jovem feérica.

— O que isso significa? — berrou ela.

— Encontramos ela assim! — Poppy disse, segurando a cabeça da feérica desconhecida.

— Perto do lago, lá atrás — Hugor disse, segurando as pernas da jovem.

— Ela caiu do céu! — Dyana exclamou, animada, com um sorriso imenso. — Eu pedi e ela caiu!

— Parecia com uma bola de fogo. Como um cometa, ou uma estrela... Ela caiu já desacordada — disse Egg, que carregava seus braços.

— Não estava, não! — Dyana virou-se para sua mãe. — Mamãe, ela disse uma palavra antes de desmaiar! Eu me lembro. Fui a primeira a chegar nela!

Madame Giza estava totalmente apavorada com a situação saindo do seu controle. O controle era uma parte importante da sua vida e estava escapando pelos seus dedos sem que ela pudesse impedir. Seus filhos colocaram a feérica no sofá de dois lugares, cobrindo-a com um cobertor. O meu cobertor. O cobertor que uso no meu momento especial, ela pensou, lamentando.

Então, quando seu marido Gibs saiu do quarto se apoiando na bengala, exigindo saber o que estava acontecendo, o controle de Madame Giza se foi de vez, assim como sua sanidade.

— Calem todos a boca! — ela berrou.

As crianças se entreolharam, sabendo que quando a mãe perdia o controle, coisa boa não vinha a seguir. Até mesmo Gibs conseguiu virar-se para ela, de tão alto que seu berro foi. E as outras crianças surgiram pela porta de casa, amontoando-se apenas para ver o que estava acontecendo.

— Poppy, pegue uma bacia de água. Dyana, fique ao lado da desconhecida, já que gosta tanto dela assim. Hugor, Hunter e Venon, verifiquem o local onde encontraram a jovem. Maergy, pegue toalhas limpas encima do armário. Lyddy, ajude seu pai a sentar-se em sua poltrona. O resto, fiquem em silêncio e me deixem pensar — ela ordenou. E todos obedeceram prontamente.

Madame Giza se aproximou do corpo desnudo da jovem, sentindo sua temperatura quente. Toda sua pele parecia estar pegando fogo por dentro, e havia cicatrizes em espiral no seu braço e pescoço, enquanto seu corpo estava sujo.

Rapidamente, Poppy e Maergy chegaram com a bacia de água e as toalhas. Madame Giza começou a tratar de sua pele, limpando a sujeira, ela também pós uma toalha banhada em água gelada na testa da desconhecida, para baixar a febre. Seus filhos, Hunter, Hugor e Venon voltaram logo.

— O que encontraram? — Gibs perguntou.

— Ela queimou a plantação que tinha lá — respondeu Egg.

— Não foi de propósito, imbecil! — Hugor interrompeu.

— Eu sei, né... Mas quando ela caiu, a plantação ficou completamente queimada.

Então, Egg e Hugor começaram a discutir sobre a plantação queimada. Não demorou para que Hunter, gêmeo de Egg, se juntasse a discussão, tentando cessa-la, no entanto. Madame Giza olhou para Venon, seu filho mais sério e concentrado, esperando por um relato direito.

Dando um passo à frente, ele respondeu:

— Não tem nada de diferente no terreno além da plantação queimada. — Ele pós a mão no bolso. — Mas encontrei isso alguns metros de distância. Pode ser dela, ou de algum outro viajante que deixou cair ou abandonou.

Venon mostrou um medalhão de ouro, com uma montanha e três estralas encima entalhado. Imediatamente o corpo de Madame Giza se arrepiou. Corte Noturna, ela percebeu. Feéricos da Corte Noturna não são bons de coração...
Madame Giza sabia disso, ela morara na Corte Noturna muitos anos atrás, antes de conseguir essa família grande e amada.

— Sabe o que significa? — Dydi perguntou dessa vez, segurando a mão da feérica.

Madame Giza analisou as feições da feérica; cabelos negros como a noite, pele bronzeada, traços illyrianos. Ela abriu os olhos da jovem; púrpuras. Como uma última comprovação, Madame Giza puxou o ombro da jovem para cima, buscando uma boa visão das costas. Então, Madame suspirou. As costas estavam feridas, com dois tocos machucados e desregulados onde um dia havia sido asas illyrianas.

— E-eu... — Ela gaguejou e levantou-se. Seus filhos se assustaram. Madame Giza nunca gaguejava, nunca fraquejava. Era o controle; ela sempre estava no controle. Não dessa vez.

Mamãe...? — Dyana, Dydi, perguntou, preocupada.

— Essa jovem teve uma vida difícil — ela consegui dizer. — Vamos colocá-la em minha cama, ficará mais confortável lá.

Madalena Giza pediu ajuda de seus filhos mais velhos, mas quando estavam prestes a se aproximar, a feérica desconhecida se remexeu no sofá. Ela não abriu os olhos, tampouco voltou a se mexer, mas ela sussurrou uma palavra, apenas:

Azriel.

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