EPÍLOGO

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—|NAVIO OLHO DE CORVO, MAR DE LAVA A NORDESTE DO REINO DE VALLAHAN|—

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—|NAVIO OLHO DE CORVO, MAR DE LAVA A NORDESTE DO REINO DE VALLAHAN|—

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—|SEIS ANOS DEPOIS|—

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—|Com os músculos doloridos, inchados e coberto por hematomas, Dyana adormeceu com facilidade. Toda manhã, treinava por pelo menos uma hora com seu Franke, então auxiliava Gwenneth com a navegação do Olho de Corvo; ela estava aprendendo como funcionava todos os aspectos da navegação, do navio inteiro.

Podia ter apenas dezessete anos, mas fora obrigada desde cedo a amadurecer mais rápido, a lidar com assuntos que não eram próprios para uma criança. Não se arrependia de nada, porém. De vez em quando, até agradecia — sobretudo a sua irmã, que fora responsável por liberta-la da vida miserável que teria se continuasse presa em Ilha Grande do Sul.

Portanto, era normal que cobrasse mais de si mesma. Dyana não queria somente a perfeição, ela queria algo ainda mais raro: a felicidade, e estava satisfeita ao sentir-se no caminho para ela. Por que Dyana apenas seria feliz se soubesse se defender e defender os seus, se conhecesse lugares, culturas e pessoas diferentes casa vez que atracassem em algum porto ou ilha.

E, é claro, apenas caso aqueles que amasse permanecessem ao seu lado.

E tudo estava tão bem, tão, tão bem.

Até que Dyana adormeceu após um dia cansativo, porém comumente satisfatório.

Em sua cabine, havia uma grande cama de casal, um armário feito por ela mesma depois que Mão-Boba a ensinou marcenaria, uma larga estante para os seus livros e um espelho ligeiro que ela usava quando decidia cuidar da aparência. Este quarto tornara-se sua casa por seis anos, e Dyana estava livre de todo mal lá dentro; sentia isso no fundo do seu coração prateado.

Sentira algo diferente àquela noite, no entanto. Não sentira-se segura como antes, muito menos satisfeita. Parecia que uma grande bigorna esmagava seu peito e um martelo pregava pregos em seu cérebro. Sensações essas que só a deixara mais apressada para adormecer.

E no meio da madrugada, Dyana sentira garras arranhando sua mente, querendo possuir as suas memórias mais sombrias e solitárias, os seus pensamentos mais asquerosos e egoístas. E talvez tenham conseguido o que desejavam, pois sentiu-se sendo sugada, completamente e, ao mesmo tempo, pudera ver uma das piores visões de sua vida; não pela crueldade e horror nelas, mas pelos sentimentos transmitidos através.

Acordou contorcendo-se de dor e agonia; inclinou-se para fora da cama e vomitou todo o seu jantar — peixe assado com batatas e um pouco de rum.

Estava mais suada do que quando treinava com Franke, Mão-Boba ou Ariel. E infinitamente mais atordoada, entorpecida.

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