20|JANIS MARIE

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—|ALTO MAR, BELA DOMADA|—

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—|Com da quietude do navio, Kizzy não conseguia deixar de pensar o que havia naquela portinhola de tão importante para o Capitão permitir somente a passagem de Nora Balena, e daquele macho grosseiro. Estava tão ansiosa para descobrir que passara quase a noite inteira acordada, imaginado, criando planos e desculpas para investigar.

Passara também grande parte da noite tentando se convencer a deixar tudo de lado. O Capitão não de mostrara maldoso com ela e Dyana e, talvez, pudesse realmente levá-las à algum porto. Se continuasse se intrometendo, Kizzy estaria apenas arriscando tudo isso por causa de seis pessoas que a abandonara, em termos.

Ela sabia, porém, que não havia jeito de sossegar e deixar aquele navio sem soltá-los. Então, quando a manhã chegou e Dyana despertou, Kizzy contou tudo à ela. Explicou a conversa que tivera com o Capitão, a aparição de Nellya, a conversa no convés e sua investigação no porão. Contara sobre o encontro com Nora Balena e com o macho de cabelos prateados, mas poupara Dyana das frases malucas da mulher.

Quando terminou, Dyana acrescentou mais uma informação à sua mente:

— Ia contar a você ontem, mas não tive oportunidade. Quando acordei de madrugada e você não estava na cama, sai para andar e, juro por todos os deuses, que pensei ter visto Franke pelos corredores.

— Tem certeza que era ele? Nellya me disse que os outros estão nesses níveis mais baixos, presos lá.

Dyana deu de ombros:

— Estava escuro demais e ele estava de costas, não posso confirmar. Além disso, ele estava com o rosto muito machucado, repleto de inchaços e marcas roxas... Parecia com Franke, o jeito de andar... Quando chamei, o ele desatou a correr e eu o perdi de vista.

— Talvez ele tenha conseguido fugir de algum modo — Kizzy ponderou. — Bom, de qualquer jeito, não podemos demonstrar saber de nada. Não esboce reação alguma se o vir novamente, o mesmo com Nellya. Pelo que vi, o Capitão a mantém na cabine todo o tempo, mas se alguma vez vê-la, não faça alarde. Não podemos chamar atenção demais...

— Não precisa dizer... Vamos soltá-los? — havia uma pontada de receio em seus olhos.

— Vou dar um jeito nisso, eu prometo. Não perderei tempo.

E naquela mesma tarde, Kizzy pediu por uma audiência com o Capitão ao único macho que trocara mais de cinco palavras naquele navio.

— Não sei, não. O Capitão é um ser ocupado... — respondeu Marcus, com a voz embriagada apesar de ser oito horas da manhã.

— Por favor, é importante — Kizzy voltou a pedir.

— E o que você pode querer com alguém como ele? — Marcus a olhou com desconfiança disfarçada de deboche.

Kizzy apenas o encarou com o mesmo deboche por alguns segundos, desejando que ele a levasse até ele. E, talvez, tenha desejado com tanto fervor que Marcus aceitou. Duas horas depois, Kizzy estava entrando na cabine do Capitão.

— Ele disse que volta em cinco minutos. Não mexa em nada — avisou Marcus, deixando-a sozinha.

E é claro que Kizzy mexeu em tudo.

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