23|DANE-SE A PORRA TODA

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—|BELA DOMADA, PASSANDO PELA CORTE PRIMAVERIL|—

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—|Passando entediada pelos corredores do navio, Dyana Gibs contava seus passos. Era pouco antes do jantar quando decidira começar a caminhada sem que Kizzy soubesse — sabia que Kie surtaria, dizendo o quanto podia ser perigoso ficar espreitando por aí, e Dyana sabia que era verdade, mas estava sozinha demais, entediada demais para obedecer dessa vez.

Quando não estava com Kizzy e Marcus no salão de refeições, ou somente com Kizzy na cabine, estava na companhia de sua nova amiga Kaila, que era responsável pela faxina e, por isso, estava quase todo o tempo ocupada demais para conversas com Dyana, como esta tarde.

— Cinquenta e cinco, cinquenta e seis, cinquenta e sete, cinquenta e oito, cinquenta e n... — Dyana parou bruscamente, ao vê-lo.

No meio do corredor, no terceiro andar, com as roupas sujas e manchadas de sangue e o rosto transformado em uma bagunça de hematomas e feridas, estava Franke, ou pelo menos o que ele havia sido um dia.

Dyana controlou seus passos — o barulho que fazia ao pisar na madeira e até mesmo sua respiração.

Da última vez que pensara tê-lo visto, ele saíra correndo como uma gazela apavorada. Dyana não queria que isso acontecesse de novo. Como estava no horário da janta, a maioria das pessoas estava no salão de de refeições, apenas alguns poucos guardas marcavam presença em uma parte um tanto distante do corredor; e o feérico parecido com Franke, e Dyana, é claro, uma pré-adolescente curiosa.

Aproximou-se devagar e em silêncio, pela diagonal do macho que, de cabeça baixa, limpava o chão com um esfregão e um balde de água suja — mais suja do que o chão.

Franke... — sussurrou, pois lembrava do que Kizzy havia dito: finja que não os conhece.

O macho virou-se lentamente, pressionando a costela direita ao fazê-lo, como se ainda sentisse dor naquele local por causa das pancadas que levara.

Dyana — sussurrou de volta. — Está viva... — ele abriu um leve sorriso, que morreu nos instantes seguintes. — Não podem nos ver...

— O que? Quem? Porque? — Dyana o metralhou com perguntas, olhando ao redor.

— Os servos do Capitão. Eles são terríveis, estão sempre nos vigiando. — Franke agarrou o balde. — Por aqui... — Arrastou Dyana para um canto mais escuro no convés.

— O que está acontecendo? — Dyana perguntou, soltando-se dele.

— Temos pouco tempo, velhinha. — Franke olhou desesperadamente para os lados. — Os Servos do Mar virão me procurar logo. Como veio parar aqui? Kizzy também está com você?

Dyana assentiu.

— Tanto aconteceu. Kizzy me levou até uma Floresta muito louca, onde uma bruxa me curou... Quando voltamos, vocês já não estavam mais ali... Ma-mas e os outros? Como você não está preso com eles...?

A expressão de Franke contorceu-se por um momento.

— O Capitão achou que seria mais útil aqui, onde posso servir como chantagem sobre Nellya. — Ódio tomou sua expressão. — Vocês já a viram? Não consegui chegar nem perto dos níveis mais altos durante o dia, o Capitão ordenou que não me deixassem sair...

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