19|BELA DOMADA

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—|ALTO MAR, ENTRE A CORTE DIURNA E A CORTE CREPUSCULAR|—

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—|Sonhara com um pequeno e frágil bebê, com a pele pálida e cabelos negros, e ele chorava tanto que seu corpo tremia, em um berço de madeira. Seus olhos mantinham-se fechados mesmo com todo aquele choro e seu rosto enrugado ficava vermelho a medida que o tempo passava e ninguém aparecia para ajudá-lo.

Kizzy chorara ao vê-lo tão abandonado, era como se sentisse a solidão daquele bebê. E mesmo sem nenhuma comprovação, ela sabia que aquele era o seu bebê. O bebê que trocara pela vida de Dyana. E não se arrependia, apesar de culpar-se.

Quando acordou, Kizzy ainda podia ouvir o choro daquele bebê a atormentando. Para sua sorte — ou azar —, uma sombra cobria o Mar Aberto completamente. Olhando para cima, Kizzy reparou no navio de tamanho gigante se aproximando. Ela o encarou embasbacada por alguns segundos, sequer sabia ser possível um navio dessa grandeza navegar pelas águas.

O magia possuía quatro andares visíveis acima da água mais o convés. Na lateral, estava escrito seu nome: Bela Domada, e, na proa, uma sereia esculpida em madeira com detalhes cravejados em esmeraldas. O navio era a definição de poder, e vem em nossa direção.

— Ei, pequena, levanta... — cutucou Dyana, que resmungou sonolenta. Kizzy a sacudiu novamente, sem tirar os olhos do navio. — É sério, Dyana. Você precisa ver isso.

Dyana levantou, ainda atordoada, com as bochechas amassadas. A pequena também não tivera um sono tranquilo — a cena de Kizzy agredindo Olga continuava em sua mente como um loop. Ela sabia que fora necessário para que conseguissem o barquinho, mas se perguntava se não poderiam ter ido embora de outro modo. Ou, talvez, Dyana ficasse mais tranquila se não visse o tamanho da selvageria que havia em Kizzy ao arremessar-se em Olga.

Despertou-se completamente apenas ao ver o Bela Domada ficando cada vez maior, conforme se aproximava. Dyana resmungou um palavrão, e Kizzy sabia não tinha muita moral, então não a repreendeu.

Depois de alguns minutos, o navio ancorou há poucos metros de distância e, lá de cima, tão no alto que nenhuma das duas pôde ver, quatro cordas grossas foram lançadas.

— O que querem...? — Dyana perguntou.

— Acho que querem que embarquemos. — Kizzy segurou as duas cordas do lado esquerdo. — Rápido, amarre-as na forqueta.

— Tem certeza que é uma boa ideia? — Dyana perguntou, mas já amarrava a segunda corda do seu lado do barquinho.

— Foi você mesma disse que era uma viagem muito longa para ser feita nesse barquinho... E só tomarmos cuidados, Dyana, que vai ficar tudo bem. — As amarras estavam bem presas na forquetas e as pessoas lá encima começaram a puxa-las. — Segure firme — Dyana assentiu.

A subida levou pouco mais de cinco minutos e foi feita de maneira calma e lenta, nivelada para que não houvesse riscos de caírem. Dyana, que acordara a poucos minutos, ainda contemplava o tamanho do navio. Havia pelo menos quatro andares acima da água, fora o porão, que ficava submerso, e o convés do navio. Era surreal que algo assim existisse.

Finalmente no convés, foram recebidas por cinco feéricos de aparências distintas e uma mulher inteiramente de branco, que mantinha a cabeça baixa. Ao redor deles, outros feéricos e feéricas estavam em constante movimento — fosse seguindo alguma ordem, limpando ou apenas passeando.

Once, in ParadiseOnde histórias criam vida. Descubra agora