—|PORTO LESTE DA CORTE PRIMAVERIL|—•••
—|O clima estava quente com ventos fortes, quebrando um pouco do calor absurdo que fazia a camisa de Kizzy encher-se de suor.
Fazia quatorze dias desde que virara Capitã do navio. As reformas foram quase completamente concluídas, na medida do possível para um navio no meio do oceano. Os acabamentos finais só poderiam ser feitos com materiais específicos, encontrados apenas em terra firme.
Portando, a melhor e mais próxima opção para o Olho de Corvo era atracar na costa leste da Corte Primaveril e pagar por alguns consertos. Nove dias atrás, quando interrogara Dourado, descobrira que havia um porão no qual August escondia seus maiores tesouros. Não fora difícil encontrar tal porão agora que ela era a Capitã e, com isso, tudo no navio se abria para ela, tudo pertencia à ela. Seria com alguns desses tesouros que Kizzy pagaria pela reforma do Olho de Corvo.
Ao atracarem no Porto, seus marinheiros responsáveis trataram de cuidar para descerem a âncora e amarrar as cordas devidas — cordas essas que Kizzy ainda não aprendera por completo. A Capitã estava bem no meio do convés, encarando os poucos comerciantes que restaram no Porto com superioridade e firmeza; estavam impressionados de ver um navio dessa magnitude.
Kizzy virou-se para Mão-Boba e Franke e, com apenas um aceno, eles a seguiram; Dyana, mesmo sem ser solicitada, seguia a irmã também. Desceram juntos a rampa e tratam de negociar com o reformista. A Capitã e sua Ordem apresentaram o navio e o que deveria ser consertado antes do fim da semana, se possível.
Com o preço ajustado e os trabalhadores empenhados e animados pela quantia que ganhariam ao fim do serviço, a Capitã virou-se para os seus soldados, os ordenando que redobrassem a segurança e que nenhum trabalhador deveria ser deixado sozinho cirandando pelo navio, e que os guardas deveriam estar sempre em duplas e trios. Mão-Boba e Bela Rosa cuidaram da distribuição de cada um.
Então, a Capitã virou-se para a pequena multidão que surgira no convés:
— Sei que a maioria ainda contesta minha posição como Capitã — começou, com o tom alto e firme —, mas não sou como August. Não fizeram juramentos a mim e aqueles que, por vontade de servir-me, o fizeram, não estão presos a palavras! E não vou me alongar aqui encima... — ela discursava do alto do convés. — Quem quiser ir embora, estão livres. A vida de vocês não é minha para controlar! Sejam donos da porra do próprio destino! Mas, quem desejar ficar, saiba que não serão apenas os meus empregados, meus tripulantes ou passageiros... Serão minha família! E eu os protegerei e trarei riqueza para cada um de vocês! — A Capitã encarou cada um dos rostos ali; a maioria não era amigável. — Podem escolher, e não podem voltar atrás... — finalizou, vendo-os tomar a decisão de suas vidas.
Dos mil cento e noventa e sete passageiros que restaram depois da revolta, apenas mil e cinquenta e um restaram — contando com os prisioneiros libertados, perdoados (número reduzido após as execuções.) E, dessa quantia, somente novecentos e vinte sobreviveram aos ferimentos causados durante a revolta.
De novecentos e vinte tripulantes, seiscentos e quarenta e três permaneceram fiéis ao juramento feito à Capitã Kizzy Grimes. Duzentos e setenta e sete escolheram arriscar-se pela Corte Primaveril, talvez em busca de algum parente na Corte, ou emprego ou simplesmente acharam que era melhor do que viver em um navio com uma Capitã que provavelmente assassinara seus conhecidos e parentes em uma explosão de temperamento.
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Once, in Paradise
Fanfic•Há quase quinhentos anos atrás, Tamlin cometeu uma traição horrível com seu amigo íntimo, Rhysand. Essa traição desencadeou eventos trágicos e uma rivalidade que duraria por séculos. Mas excluindo o ego, o orgulho e a arrogância de ambas as partes...