11|VIDAS À DERIVA

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—|A LESTE DA ILHA DE HYRBEN, NO MEIO DO OCEANO|—

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—|A LESTE DA ILHA DE HYRBEN, NO MEIO DO OCEANO|—

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—|Os raios de sol queimavam sua pele ressecada, deixavam-na com ainda mais sede e enjoada. Não demorara para que perdesse as contas de quantos dias passaram naquele bote à deriva no mar. Kizzy sabia apenas que estava com fome, com sede, e com graves queimaduras.

A fêmea abriu os olhos quando sentiu-se ser cutucada, deparando-se com a muda Nellya, lhe oferecendo um pedaço de biscoito salgado úmido e velho. Era uma das últimas provisões que havia dentro do bote; eles estavam racionando.

Kizzy negou com a cabeça, cutucando Dyana com o cotovelo. A pequena estava encolhida no espaço diminuto que possuía. O bote era pequeno, e com nove pessoas nele, não havia muito espaço para deitar ou sequer esticar as pernas. Kizzy cedera seu espaço para Dyana conseguir dormir mais a vontade — e, de repente, sentiu falta de dormir no chão duro e úmido da cabine.

O pequeno monte de cabelos platinados se remexeu, revelando, então, Dyana. Ela tinha os lábios rachados, rosto inteiramente vermelho e grandes olheiras.

Kizzy entregou o biscoito para ela; era difícil demais falar.

— Não — ela negou, voltando a se encolher —, alimente o bebê.

Elas não disseram mais nada até o sol se pôr. Se estar à deriva durante o dia já era ruim, à noite era ainda pior. Os mares eram assombrados por criaturas marinhas horripilantes, e não havia ninguém com mais medo do que os marujos do que um dia foram do O Desconhecido. Kizzy sentia medo ao vê-los desse modo, e Dyana... A pequena estava exausta demais para reparar em alguma coisa.

Mais uma noite Kizzy passou em claro, sem conseguir dormir pelas cólicas, dores intensas na coluna e nas costelas e dormências pelo corpo. Ao seu lado, Dyana continuava encolhida na mesma posição. Não sabia se ela só conseguia dormir nessa posição, se reagia daquela maneira pelo trauma depois de tudo que passaram ou se queria apenas fugir do sol — por isso estava nessa posição: o cabelo grande a protegia do sol.

Quando pularam do navio, Kizzy quase perdera Dyana para a água. A pequena não sabia nadar e ainda estava confusa pela pancada que recebera na cabeça. Era pedir muito que não desmaiasse, Kizzy sabia, mas havia uma situação de vida ou morte. E não a deixarei morrer, a mais velha pensou, enquanto a arrastava pelas escadas até o convés e quando a alcançou debaixo d'água.

Com elas, mais sete pessoas pularam também. Eram eles: Nellya, a empregada que dividia as tarefas com Kizzy, Gwenneth, a cozinheira que as defendera, Ophelia, a humana que conhecera na confusão e que, de alguma forma, conseguira se esconder, o Capitão, Belwas, Franke e um macho de aparência feroz chamado Emílio Mão-Boba. O mesmo Mão-Boba fofoqueiro que falara sobre o O Desconhecido na Ilha Grande do Sul.

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