01|ESTOU AQUI, E VOCÊ NÃO

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Aviso: esse capítulo está bem grande, mas conta tudo necessário para essa primeira fase da protagonista — as emoções, confusões, os fracassos etc. Se precisar, pausem um pouco antes de terminar, pois pode ser muita informação de uma vez.

O segundo capítulo já é mais curto, assim como os demais.

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—|ILHA GRANDE DO SUL|—

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—|Naquela casa havia tanto barulho que a deixava desconfortável, com uma dor de cabeça esmagadora e um constante embrulho no estômago. Seus anfitriões, Madame Giza e o cego Senhor Gibs, eram rigorosos e corretos, não gostavam de nada fora do lugar, nenhuma mudança ou variação na rotina; e sua presença no casebre da família Gibs era uma clara mudança de rotina.

Os filhos Gibs davam-lhe muita atenção nos primeiros três dias, mas, conforme a feérica demonstrara o quanto não se lembrava de sua vida antes de "despencar como um cometa do céu durante a noite", sua presença se tornou menos agradável aos olhos dos mais velhos.
Com óbvia excessão de uma das filhas mais novas, Dyana Gibs, uma adorável mocinha com belíssimos cabelos tão loiros, que se assemelhavam ao completo branco de tão claros, e uma personalidade esvoaçante e animada.

Como ela não sabia quem era ou para onde iria — mesmo que as cicatrizes em suas costas fossem o suficiente para sugerir de onde vinha —, Madame Giza logo lhe designou alguns trabalhos braçais para ajudá-la na manutenção da casa. A feérica aceitou sem relutância; além de querer retribuir os cuidados e a hospitalidade, ela também desejava ocupar sua mente com algo útil.

Assim, a feérica passara a cuidar principalmente dos afazeres noturnos externos da propriedade. Ela cuidava dos cavalos ao lado de Egg, dos porcos ao lado de Poppy, das galinhas e galos e pintinhos no lugar de Hunter e, na companhia constante de Dyana, cuidava de um quarto da plantação de milho — enquanto Venon, Lyddy e Molly cuidavam da plantação de soja e cenoura.

A jovem feérica mais conversava e a observava do que ajudava, como ela seu objetivo. Mas Dyana era tão agradável, tão adorável e trazia uma animação infantil tão necessária para o dia da feérica desconhecida, que ela não se importava em fazer tudo sozinha.

Desse modo, uma semana inteira passou depressa, e a feérica amadurecia, noite após noite, a ideia de viajar até Illyra.

Quando acordou, um dia depois de cair do céu, encontrou Dyana a observando dormir e, após as primeiras apresentações, Madame Giza contou tudo que sabia sobre seus ferimentos e suas supostas asas brutalmente vandalizadas em suas costas. Os tocos são a prova de que havia algo aí, Madame Giza disse. Asas provavelmente, mas foram arrancadas por alguém muito forte, ela disse, e muito agressivo, acrescentou, sem muita delicadeza.

Em seguida, Madame Giza reproduziu um relato impressionante sobre Illyra e os illyrianos que lá viviam. Disse que ela possuía características típicas deste povo e que era provável ter vindo de lá, originalmente, mas que não sabia como, ou porque, havia literalmente caído do céu.

Com o objetivo de descobrir sobre sua vida antes da perda de memória, a feérica desejava ir a Illyra. Infelizmente, não possuía recursos para tal feito. A casa de Madame Giza ficava a três milhas da aldeia mais próxima que contava apenas com uma margem de setecentos habitantes, variando entre feéricos, humanos, ninfas, serafins e diversas outras criaturas — menos os illyrianos, claro. Pelo menos, ela nunca havia visto um pessoalmente, mas sabia como eram pela descrição de Madame Giza.

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