09|UM MÊS MAIS PERTO

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(Sudeste= sul + leste)

—|NO OCEANO, A SUDESTE DA ILHA DE HYRBEN|—

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—|NO OCEANO, A SUDESTE DA ILHA
DE HYRBEN|—

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—|As cabines eram simples, mas mais acolhedoras do que o cômodo que fora seu próprio quarto em todos esses anos. Havia apenas uma cama de solteiro bem estreita, uma cômoda pequena e uma poltrona. A cabine de Dyana era igual e, mesmo após uma semana de embarque em alto mar, a pequena ainda insistia em dormir com Kizzy na maior parte das noites.

A pequena era atormentada por pesadelos todas as noites. Kizzy acordava sempre com a pequena transpirando e ofegando, buscando por oxigênio como se seus pulmões fossem defeituosos. Kizzy sabia que Dyana precisava encarar esse medo e dormir sozinha, mas ainda não desenvolvera um coração de ferro.

Assim, nos primeiros trinta dias no mar, Kizzy passara as noites no chão úmido do quarto, sentindo o sacolejar das ondas ainda maior; forrava o chão com cobertas e lençóis para tentar afofar e deitava com um único travesseiro. Poderia sequestrar o colchão da cabine de Dyana, mas a outra faxineira, Nellya, poderia começar a suspeitar e avisar ao Capitão, que, por sua vez, não gostaria de saber que uma cabine de seu navio estava sendo desperdiçada.

Depois de trinta e sete dias com o sono prejudicado, Kizzy deixara de cumprir duas tarefas do dia por exaustão — a limpeza das doze primeiras cabines, deixando o trabalho para Nellya, uma feérica de aparência juvenil que tivera a língua cortada por desobediência quando servia como lavadeira no palácio de algum rei tirano; pelo que Kizzy ouvira. Sua exaustão vinha principalmente pela progressão da gravidez — seus seios e pés estavam inchados, de modo que calçar suas botas lhe doía, sentia-se tonta por não comer o suficiente e imensamente cansada.

Não houve outra maneira, além de questionar  Dyana sobre seus pesadelos, e Kizzy o fez, na noite do trigésimo oitavo dia.

— Tenho muitos pesadelos — Dyana respondeu, encolhida na poltrona com um livro no colo, quando fora questionada por que não queria dormir em sua cabine, ou sequer ficar lá.

— Pesadelos sobre o que? — Kizzy perguntou gentilmente. Jamais conseguiria nada da pequena brigando ou gritando com ela, isso só a faria detesta-la e se afastar.

Dydi deu de ombros, como se tais pesadelos não a deixassem perturbada durante grande parte do dia, e disse:

— Sonho com o fogo, muito fogo. Tem uma floresta eternamente no outono queimando. Tudo está vermelho, e... e pessoas, crianças, estão queimando. E, de repente, há pedras vermelhas brilhantes com um feérico grande. Não sei quem é... Ou o que é, mas não gosto.

— Tem pesadelos quando dorme aqui? — Dyana assentiu.

— As vezes, sonho com o macho-animal que nos perseguiu quando fugimos.

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