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Talvez Deus tenha ouvido minhas preces e escolheu piorar um pouco. O barulho de um carro estacionando na frente de casa e o barulho da porta batendo chama a atenção de nós dois. Nós olhamos de olhos arregalados.

Eu:Minha mãe! -digo em um Sussurra preocupado- Corre para o quarto agora!
-mando em fil de voz.

O kook pula de cima de mim e corre quase fazendo a casa tremer. Pulo do sofá e começo a jogar as roupas dentro da sacola na correria e acabo escorregando na minha própria sujeira e caindo com tudo no chão. Poderia ter sido um belo vídeo de cacetada e eu teria rido bastante, mas estou desesperada demais para isso.

Corro escada a cima, jogo as sacolas dentro do quarto e o fecho, correndo desesperada pela escada. Paro de supetão ao ver mamãe colocar as malas no chão e sorrir largo ao me ver. Tento dar o melhor sorriso que consigo.

Eu:Olá, mãe.

Mãe:Minha filha! Como você está? -caminha em minha direção com os braços abertos.

Desço o último degrau da escada e a abraço meio sem jeito. Não me lembro a última vez que abracei ela.

Eu:Pensei que viria daqui uma semana.
-digo, tentando ser discreta com o quanto a presença dela tão cedo me deixou incomodada.

Mãe:Uma semana da amanhã, querida. -ri, se soltando de mim- E suas férias acabam amanhã, não é mesmo? Queria poder rever minha garota de uniforme escolar.

Eu:Você poderia me ver em outro momento. -cruzo os braços quando a mesma me solta.

Mãe:Parece que não gostou da minha volta. Pensei que não queria que eu fosse. -coloca as mãos na cintura.

Eu:Não. Eu queria ir, não que você ficasse. Eu já não me importo mais com a sua presença. -aperto meu braço discretamente.

O sorriso dela morrendo fez meu estômago tremer. Revirei os olhos.

Eu:Seja bem-vinda, Mãe. -balança as mãos em uma falsa alegria notável- Mas deveria ter ficado lá.

Dou as costas para a mesma e subo escada a cima. Antes de fechar a porta do quarto, grito:

Eu:NÃO ME PERTUBE!

Bato a porta com força e tranco. Me encosto na mesma e abaixo a cabeça, sentindo meus olhos arderem como pimenta. Olho para a cama, lá vendo o kook me olhar com uma carinha preocupada.

Caminho meio torta até ele, me sento ao seu lado e deito a cabeça em seu peito, chorando. Choro mais ainda quando o mesmo me pega, deitada de lado na cama e me coloca com sigo, me abraçando com seus enormes braços. Afundo meu rosto em seu peitoral.

Não sabia que ter um braço para chorar te fazia chorar mais ainda.

Sua mão acariciando minha costa e seus beijinhos na minha cabeça me fazem sentir-me uma criança chorona.
Eu sinceramente não gosto de tratar mamãe assim, mas não posso tratá-la bem, pois ela, por muito tempo, não me tratou. Dói, dói demais ver aquele olhar magoado em seus olhos, aquele olhar de decepção, de dor. Porra...dói em mim também.

Ela é a pior mãe de todo o mundo. Na época do bullying na escola eu contei para ela e mostrei os vídeos do espancamento, da humilhação, mas ela nem deu bola. Papai foi embora quando viu meus vídeos e mamãe esqueceu que tinha uma filha em casa. Já havia passado dias fora de casa e quando cheguei ela nem ao menos olhou na minha cara. Eu não sei se era desgosto de todos os vídeos, se era tristeza pela partida de papai, ou por ela me odiar por algo que já fiz.

Eu não entendo. Pq todos os adultos agem como se nós, adolescentes e crianças, não tivéssemos sentimentos? Porra...isso dói demais. Eu queria tanto voltar para o passado onde só tinha os familiares nojentos que ficavam me assediando, do que isso agora, essa dor toda, essa ignorância. É difícil fingir que não tenho sentimentos, que não me importo com certas coisas.

Alpha species, omega genus •jeon Jungkook• +18Onde histórias criam vida. Descubra agora