47. Por Acaso

167 14 35
                                    


Meredith Pov.
5 anos depois


Saio da minha reunião na velocidade da luz para pegar Estrela na escola. Eu não acredito que Adam a deixou esperando mais uma vez e esqueceu de me avisar.
Já é a segunda vez que isso acontece só esse mês, ah mas ele vai me ouvir. O tanto que ele tem me irritado ultimamente não está escrito. Até tento entender que o trabalho dele como cirurgião é uma loucura, mas Adam passa dos limites. Meu celular estava no silencioso, pois eu não queria ser incomodada no meio dessa reunião super importante da Livraria, as coisas não estão fáceis por aqui, estamos enfrentando uma crise e eu estou tentando contorná-la de todas as maneiras possíveis.

Já conversamos várias vezes sobre o fato dele ser extremamente workaholic e como isso acaba não sendo saudável para ele, e nem pra gente. Nossa relação desandou completamente esse ano, quase não nos vemos e quando conseguimos é sempre para discutir por qualquer motivo. Eu estou tão exausta.

Chego na escola e a Estrela está sentada lendo um livro com a professora. Ela abre um sorriso assim que me vê e corre para me abraçar. A professora Mary já me olha com aquela cara de insatisfação, eu nem sei onde me enfiar.
É terrível sentir esse olhar da sociedade sobre você, é como se eu fosse a pior mãe do mundo, como se eu realmente tivesse esquecido minha filha na escola e fosse uma negligente, mas duvido que alguém olhe assim para o Adam.

-Mamãe.

-Oi meu amor, desculpa, desculpa o atraso. Como você está? Vem cá me dá um abraço, me desculpa...

-Tudo bem, mamãe... O papai me esqueceu de novo, mas ele deve ter ajudado a salvar alguém.

Ela fala e baixa o olhar. Eu juro que dessa vez o Adam não me escapa.

-Mas eu estou aqui, eu sempre estarei aqui.

-Oi, Meredith.

-Oi, Mary... Obrigada por esperar, eu sei que está tarde, desculpa não ter atendido mais cedo...

-Tudo bem, posso falar com você um minuto?

-Claro. Filha, você pode pegar sua mochila e o seu livro?

-Tá bom... Tia Mary, a mamãe não tem culpa.

Ela fala e vai até o banco colocar suas coisas na mochila.

-São quase 19 horas da noite, sua filha foi liberada às 17 horas.

-Eu sei, desculpa, o Adam que viria pegá-la, eu estava em uma reunião e não...

-Meredith, olha... A Estrela sempre foi uma menina muito ativa e participativa nas aulas, é uma das primeiras da classe, mas ultimamente ela tem estado muito distante, distraída, e meu dever é ter essa percepção na vida dos meus alunos...

-Claro, sim, eu entendo.

-Não é a primeira vez que ela fala que o pai vem buscá-la e ele não aparece. Eu também sou mãe e sei que é difícil assumir tantos papéis sozinha.

-Eu não estou sozinha...

-Não é o que parece, olha, eu não estou julgando você, jamais faria isso. Meu único papel aqui é relatar o que vejo em sala de aula e na convivência com sua filha. A diretora vai querer conversar com você e seu marido sobre esses atrasos e o rendimento da Estrela.

Entre livros Onde histórias criam vida. Descubra agora