Entre livros

6. Amigos

Meredith Pov.

Acho que ligar para Amelia foi uma péssima decisão, ela só faltou me matar de tanta vergonha na frente do Andrew, ele ficou até sem entender nada. Eu devia ter ligado para Jo, ela é um pouco menos comunicativa que a Amy, que tem um filtro de noção quebrada para momentos como esses.

Nós não demoramos muito no hospital, meu caso não foi grave, só preciso ficar alguns dias sem forçar o calcanhar, mas o inchaço vai melhorar logo, segundo o ortopedista que me atendeu.

Andrew é um cara muito simpático, gentil e atencioso. É a segunda vez que ele me encontra por acaso e eu sempre tô um desastre, mesmo assim ele me olha e me ouve com tanta atenção que é até estranho pra mim. Minhas amigas tem razão, ultimamente eu só tenho saído com babacas que até fechei meu trem da felicidade por um tempo. Ele me chamou para sair e eu não respondi ainda por estar pensando sobre isso tudo, talvez seja uma boa ideia conhecê-lo melhor, ele parece realmente ser bem legal.

-Meredith Grey, você está liberada.

O ortopedista entra na sala checa meu tornozelo mais uma vez e me libera.

-Ok, obrigada. Se eu ficasse mais uma hora aqui, eu ia pirar com certeza.

Eu digo sem perceber que o Andrew estava me olhando e ouvindo isso. Amy me olha desconfiada, ela sabe que eu odeio hospitais com todas as minhas forças, mas que isso é algo que eu deixo guardado apenas para as minhas pessoas.

-Então vamos pra casa, eu estou de carro, Mer.

-Milagre.

Eu respondo sorrindo, Amy odeia dirigir, não tem paciência para trânsito, e sair com ela de carro é saber que você vai vê-la xingando todo mundo que ela diz dirigir mal, principalmente homens abusados, é até engraçado.

-A minha Barbie estava no hospital, eu precisei fazer esse sacrifício.

-Barbie?

Andrew pergunta confuso e olhando para nós duas.

-Amy, seria pedir muito você deixar certas coisas guardadas a sete chaves?

-Desculpa, saiu sem querer. Esquece isso Andrew, é coisa nossa.

-Ok. Deletado, não ouvi nada.

Ele responde sorrindo, fecha os olhos e faz um gesto doido como se estivesse apagando a memória. Ok, ele é fofo.

-Ta aí, gostei de você, Andrew.

Amélia fala o cumprimentando com um aperto de mãos e olho no olho, eu não cronometrei, mas isso durou mais que 10 segundos.

-Que bom gente, então vamos.

Eu digo quebrando um clima, se é que isso foi um clima sei lá. Amelia é a mais pra frente entre nós três, mas ele retribuiu, certo? Ah mas também me chamou pra sair, devo estar viajando.
Nós saímos da sala e vamos a caminho do carro dela.

-Então, você quer que eu te ajude a subir até seu apartamento? Posso ser seu apoio até lá, e aí Amelia não precisa fazer força também.

-Eu apoio essa ideia, vamos, entra no banco de trás com ela...

Nós entramos e depois Amélia continua no banco da frente, coloca a chave na ignição e depois olha para trás.