46. Presente

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Andrew Pov.
5 ANOS DEPOIS

Chegamos em Manhattan depois de uma viagem cansativa. O tempo fechou e por isso tivemos uma longa espera no aeroporto. Lucy não é nada paciente, ela odeia esperar e isso a irrita. Não tem sido nada fácil passar por tudo o que estamos passando, mas sei que juntos nós vamos superar.

-Papai, eu tô com sono.

-Nós já chegamos meu amor. Só precisamos pegar nossas coisas.

Ela segura minha mão e boceja.

-E cadê as bolsas?

-Estão vindo por essa esteira aqui...

Ela nem me ouve, solta minha mão e sai correndo quando vê Carina.

-Tia Carina...Tia Carina...Eu cheguei.

Carina pega ela no colo e as duas se abraçam. Não vejo minha irmã há alguns meses, e assim como a Lucy eu também estava morrendo de saudades.
Ela ficou comigo no Canadá por um tempo depois que tudo aconteceu, mas o trabalho no escritório de advocacia dela aqui é uma loucura. Então eu voltei. Depois de quase cinco anos morando no Canadá, consegui meu emprego de volta e decidi que seria hora de retomar minha vida.
Parece que seguir em frente e superar situações traumatizantes virou minha sina.

-Oi minha vida, a titia estava com tanta saudade de você, e do seu papai também. Oi Andrea, eu estou muito feliz que vocês estão aqui.

-Oi Carina, nós também estamos, não é Lucy?

-Simmm. Abraço em família, papai.

Lucy abre os braços no colo de Carina e eu abraço as duas. Ela é bem carinhosa, meiga e sensível, super sensível, especialmente agora que ficamos só nós dois. Os últimos meses foram tão difíceis para ela, eu só quero que minha menina cresça em paz e cheia de amor.

-Que abraço gostoso. Que saudade de vocês dois.

-Agora vamos morar com você, tia.

Lucy abraça o pescoço de Carina e depois beija seu rosto. Ela ama demais essa tia dela.

-Ela não parou de reclamar um só segundo, mas viu você e esqueceu do mundo.

-É claro, ela me ama.

-Eu amo sim.

-Vou pegar as nossas malas.

Pego nossas malas e vamos para casa de Carina. Por enquanto ficaremos com ela até eu conseguir fechar a compra de alguma casa ou apartamento. Minha decisão de voltar foi inesperada, eu diria. Eu achei que fosse conseguir cuidar da Lucy sozinho, mas até nisso parece que falhei.

-E como você está?

-Bem.

-Andrea, não minta para mim. Eu te conheço há 40 anos.

A Lucy dorme na cadeirinha do banco de trás do carro.

-É sério, eu estou bem. Só, muito cansado.

-Você começou a terapia?

-Carina, eu não tenho tempo para terapia. Passo cada segundo do meu dia preocupado em manter Lucy bem e viva. Ela ainda chora muito, e eu tenho que tentar distraí-la com coisas diferentes o tempo todo para que ela não pense na mãe dela.

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