62. Estrela

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Meredith Pov.
Um mês depois


Saio do trabalho correndo para pegar Estrela na escola. Vida de mãe solteira não é fácil, mas com a ajuda que tenho dos meus amigos, eu até consigo fazer tudo sem enlouquecer. Esses últimos meses têm sido complicados para Estrela, ela anda totalmente mais dependente e carente emocionalmente por conta da distância do Adam. Por mais que eu faça tudo para que ela se sinta melhor, a ausência dele ainda afeta muito nossa rotina, e isso tem me deixado bem mal para falar a verdade. Acho que por um tempo vai ser assim, só me resta esperar.

Desço do carro e no caminho do estacionamento da escola, ouço alguém me chamando por meio de um "psiu", era só o que me faltava. Não olho e continuo andando, e o babaca continua.

-Como ela é difícil...

Ouço a voz dele e imediatamente um sorriso toma conta do meu rosto. Paro de andar e me viro lentamente com os braços cruzados.

-Você não tem mais o que fazer? Eu estava a ponto de começar a te xingar... E sim, sou difícil, especialmente para homens babacas que usam psiu pra chamar atenção.

-Ainda bem que eu não sou babaca. Como você está?

Ele se aproxima de mim e beija minhas duas mãos. 

-Estou bem e você?

-Atarefado. Final de semestre é uma loucura na Universidade.

-Imagino. Eu também estou atolada de coisas, hoje vou trabalhar até tarde inclusive. Muita coisa acumulada.

Vamos conversando amenidades no estacionamento até a porta da escola das meninas. Andrew tem sido um ótimo amigo, ele me apoia em tudo e me tira da bad sempre que pode.
Lucy e Estrela se dão muito bem, às vezes saímos para levá-las para passear no parque ou brincar na casa uma da outra, e é estranho como eu tenho amado cada vez mais isso, eu só queria que as coisas fossem mais fáceis e simples pra gente.

-Quando vamos tomar café? Você está me devendo um café, senhorita. Lembra?

-Lembro, talvez quando um dia quem sabe eu tiver um tempo livre...

Ele sorri e meu estômago revira, maldita gastrite nervosa.

-Negando um café para o seu melhor amigo?

-Não estou negando nada.

-É o que está parecendo.

-Fala sério, Andrew.

-Eu estou brincando com você, boba.

Nos encaramos por uns segundos e sorrimos um para o outro. Isso sempre acontece. É como se a gente esperasse o universo nos ditar o próximo passo. Às vezes eu queria que a vida fosse como um filme bobo de comédia e que no final tudo desse certo para o casal protagonista.

-Posso fazer um elogio?

Paramos em frente a porta e esperamos as crianças aparecerem com as professoras.

-Qual?

-Seu cabelo está lindo. Você cortou, não é?

-Sim. É... obrigada.

Eu cortei o cabelo ontem e não o vejo há uns três dias. Por isso ele está agindo como se não me visse há décadas.

-Eu ainda estou me acostumando com ele um pouco mais curto.

-Você fica linda de qualquer jeito... Ah, olha quem vem alí.

Eu mexo no meu cabelo e abro os braços esperando Estrela que aparece correndo.

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