Entre livros

7. Baudelaire

Andrew Pov.
Uma semana depois

Fez uma semana desde que encontrei Meredith no Central Park por acaso e a ajudei com o tornozelo machucado. Desde então nos falamos quase todos os dias.
Eu simplesmente encontrei alguém que é muito parecida comigo, nós conversamos sobre quase tudo que gostamos e odiamos, exceto coisas muito pessoais, afinal nossos encontros marcados pelo acaso foram poucos, e ainda não temos tanta intimidade para falar da nossa vida pela tela de um celular.

Eu confesso que me acostumei muito fácil a conversar com ela, tudo flui tão bem. Uma semana que conversamos antes de dormir todos os dias, e eu pude ainda que por mensagens e algumas ligações descobrir que ela é incrivelmente engraçada, extremamente inteligente, geniosa, fala o que pensa sem medo de julgamentos, e é sempre tão sensata em seus posicionamentos, além de linda, muito linda.

Eu sei que a ideia é começarmos uma amizade e eu estou muito confortável com isso, mas eu também não consigo parar de pensar nela desde a primeira vez que a vi. Eu não sei exatamente o que isso significa, mas estou disposto a descobrir. O pé dela finalmente ficou bom, mas ainda não marcamos de nos encontrarmos, não quero parecer chato, então estou à espera do momento certo para convidá-la de novo.

Acabo de ministrar minha aula do dia, e resolvo ir até a biblioteca pública selecionar alguns livros para um projeto de pesquisa que irei desenvolver com meus alunos.
Ando pelos corredores da classe de livros de literatura e encontro o que procuro. Sento em uma mesa para analisá-lo por algumas horas, e depois vou ao balcão para realizar o empréstimo e assim terminar meu estudo em casa.
Entro na fila e tem uma mulher loira na minha frente conversando com o bibliotecário. Algo engraçado me atinge, essa voz não é estranha aos meus ouvidos.

-Ei, caramba, eu não acredito. Você está me seguindo ou o quê?

Ela fala sorrindo ao se virar e me ver na fila atrás dela. Ela me abraça rapidamente como sinal de cumprimento, e eu posso sentir seu perfume doce.

-Oi Meredith, que surpresa... É...você espera um minuto, preciso emprestar esse livro.

-Claro.

Ela fica ao meu lado esperando, eu termino o empréstimo e saímos juntos da Biblioteca.

-Então, você está me seguindo mesmo não é? Fala a verdade, Andrew.

-Eu posso pensar o mesmo de você, senhorita.

-Eu conheci você outro dia, você não é tão especial assim para eu ficar atrás de você.

-Nossa, isso pode machucar sabia?

-Hum, então você é do tipo "as palavras machucam?"

-Sou um cara sensível.

-É, eu já percebi.

Nós rimos juntos e descemos a escadaria bem devagar, eu diria que estamos quase em câmera lenta. É como se cada degrau que pisamos fosse um tempo a menos diante desse encontro inesperado.

-Então você está com tempo livre? Quer tomar um café comigo?

Eu crio coragem e a convido, ela faz uma cara de quem está pensando e eu brinco com ela.

-É só um café, não é uma decisão muito difícil, Meredith.

-Estou pensando se você merece minha preciosa companhia, mas acho que sim, já que é meu super-herói.

-Bem lembrado, então isso foi um sim, não é?

-Sim, vamos... Onde é esse café?

-Vem comigo.