A cerca de mil anos antes dos dias que correm, o mundo conhecido imergiu em uma sangrenta guerra que duraria cem anos, algumas tribos buscavam autonomia e expansão, outras buscavam liberdade e independência, o mundo estava mergulhado em caos e vermelho era sua cor predominante. Alguém disse uma vez que "nada está tão ruim que não possa piorar", seguindo essa lei, não foi de se admirar quando a realidade foi severamente alterada.
Os humanos, em sua racionalidade, sempre negaram ao máximo o sobrenatural, buscando incansavelmente uma explicação lógica e científica para todas as coisas. É claro que sempre houve a esmagadora maioria que se agarrava a existência do divino, em parte para ter ao que se apegar e a quem clamar quando confrontados pelo mal, mas a cada dia que passa, a cada era que finda, mais e mais pessoas abandonaram seus deuses e renegaram o sobrenatural.
Com o passar do tempo, o sobrenatural divergiu da humanidade, sendo ele composto por deuses e monstros, foi empurrado e suprimido com tanta força que uma dimensão ou ramo paralelo foi criado para acolhê-lo, uma realidade paralela à dos humanos. O sobrenatural sempre dependeu da força concedida pela fé humana para se fortalecer, à medida que os humanos o deixava de lado, ele se viu forçado a sobreviver com as migalhas que os mitos e lendas podiam lhes proporcionar. Contudo haviam momentos na história humana em que o sobrenatural se banqueteava e ficava mais poderoso: Quando um desastre natural acontecia, quando uma nova seita de adoradores emergia e... quando o mundo conhecido era mergulhado numa guerra voraz.
A guerra dos cem anos trouxe a vida todo tipo de lenda bizarra, ela reavivou na mente humana o medo e esse medo alimentou abundantemente o sobrenatural, a barreira que separa as realidades paralelas afinou e foi aí que a humanidade conheceu o verdadeiro desespero.
Tudo se iniciou quando pessoas começaram a desaparecer, naquela altura a maior parte das tribos já haviam se unificado em reinos e a guerra dos cem anos finalmente tinha acabado, as unificações ocorreram por dominação ou por acordos políticos. Com a onda de desaparecimentos, os reis acusavam uns aos outros e enquanto eles travavam suas batalhas de egos, o povo temia por suas vidas, mais e mais histórias e lendas bizarras eram criadas e os casos de desaparecimento aumentaram ainda mais. Tudo ia de mal a pior, restos mortais passaram a ser encontrados e tensões políticas ficavam mais fortes, quando membros da nobreza finalmente viraram alvos do bizarro, o mundo, que mal tinha saído de uma grande guerra, estava a beira de uma nova guerra, aquela que segundo os governantes exporia um culpado. Quando o reino de Wasser finalmente decidiu começar a guerra, algo aconteceu.
Os generais de Wasser, os generais de Sonne e os generais de Mond, que haviam unido forças para batalhar contra Feuer e seu aliado, o próspero reino de Weinrose, estavam reunidos em Frosch, capital militar de Wasser, em nome de seus respectivos reis. Eles traçavam seu plano de batalha quando algo surpreendente aconteceu, algo que traria mais perguntas que respostas, algo que traria ainda mais desespero.
A sala de reuniões táticas estava praticamente silenciosa, o general maior de Wasser e comandante daquela força unida tinha a palavra e tornava conhecida aos demais a sua principal idéia de ataque, mas ele foi interrompido quando ouviu a gritaria que vinha do lado de fora do quartel general, local onde se concentrava a maior parte da força militar de Wasser. Os seis generais presentes já estavam todos de pé, custavam a crer que estariam sob ataque, mas o que mais poderia ser? Eles começaram a caminhar apressadamente rumo a porta e quando Wilfred, general maior de Sonne, estava a cerca de um metro de chegar até a maçaneta a porta foi bruscamente aberta, de tal forma que bateu contra a parede em sonoro estrondo, através dela projetou-se para dentro um homem jovem, recruta de Wasser. O rapaz tinha cerca de vinte e três anos de idade, treinava no quartel desde os dezenove visto que entrou para o exército mais tarde que o comum por ser filho de um nobre, seus cabelos pretos estavam húmidos e grudavam em seu rosto e pescoço, ele estava ensanguentado, mas a maior parte do sangue não parecia ser dele, o jovem se encontrava em estado de completa desorientação e desespero, visivelmente perturbado.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasyQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...