Durante todo o percurso montanha acima, Erna olhava a todo instante para se certificar de que Frieda estava mesmo lá, Quanto a Felix caminhava atipicamente silencioso, o susto anterior foi capaz de abalar até mesmo sua alegria que parecia inabalável.
- Felix. - Chamou Frieda serenamente. - Cante uma música para mim, isso vai fazer essa subida parecer menor. - Pediu.
O menino se empertigou, pensou um pouco e fechou os olhos com firmeza na tentativa de afastar o sentimento ruim com o qual lidou mais cedo, ele logo relaxou e colocou um sorriso no rosto começando a cantar uma canção sobre escalar montanhas e cruzar rios. Aos poucos o clima pesado se esvaiu e eles até deixaram de lado algo de extrema importância, uma informação que eles haviam adquirido mais cedo, mas estavam cansados demais e aliviados demais por terem sobrevivido contra um Haidu para se lembrarem. No fim de tudo ainda eram crianças, mas eles logo se lembrariam vividamente da informação deixada de lado.
O atalho que cortava por fora do vilarejo foi bem efetivo, eles não demoraram a chegar até o templo, ao longe Frieda pôde ver que o lugar estava bem iluminado e para seu desprazer haviam vozes falando ao mesmo tempo e certa gritaria.
- Estão comemorando alguma coisa hoje? - Ela perguntou cansada.
Johann estancou no lugar, os outros três pararam e olharam para ele alheios.
- Por que diz isso? - Ele perguntou a Frieda, estava claramente assustado. A essa altura já sabia que Frieda tinha boa audição e visão, mas torcia para que ela estivesse enganada.
- Tem muita luz e barulho naquela direção. - Apontou Frieda. - Não é ali que fica o templo?
Johann não respondeu, estava consternado, perdido, ele olhava na direção para a qual Frieda apontou e começou a caminhar, logo a caminhada foi acelerando e então o menino já estava correndo morro acima, ele carregava as compras com zelo enquanto corria, seus sentimentos se chocavam e o ar mais rarefeito que não o afetava antes agora começava a afetar. O trio correu atrás do menino, o ar era rarefeito demais para seus pulmões, mas não podiam deixar Johann sozinho agora. Quando finalmente chegaram na entrada do pátio do templo Johann parou abruptamente, seu olhar vidrado não se desgrudava do cenário em sua frente. Ele se perguntava o porque aquilo estava acontecendo, foi quando se lembrou da informação deliberadamente deixada de lado, algo que conversaram durante a fuga no labirinto.
- Haviam dois Haidu, um de classe mais baixa e um que deveria ser ao menos Classe dois. - Lamuriou o menino.
- Johann... - Chamou Frieda olhando para o menino e então para o que havia em sua frente. Não havia o que dizer.
- Por que eu estava tão aliviado? Que direito eu tinha de estar tão aliviado? - Lamentou enquanto se perdia.
O responsável por tudo aquilo não se encontrava mais no local, se ele voltaria ou não era uma incógnita. Praticamente tudo estava atrasado, alguns lugares pegavam fogo, pessoas gritavam de dor física e emocional, alguns ainda estavam sendo retirados de debaixo de escombros, aquele era o pesadelo pessoal de Johann. Uma menina surgiu em meio ao caos, devia ter cerca de quatro anos de idade, parecia perdida, ela notou a chegada de Johann e correu em sua direção chorando. Estava toda suja de poeira, suor e sangue, mas o sangue parecia não ser dela. A menina se agarrou as pernas de Johann enquanto chorava copiosamente.
- Irmãozão. - Ela tentava falar, mas falhou.
Somente ao ouvir a voz da menina foi que Johann finalmente despertou de seu transe.
- Eileen? - Ele chamou pelo nome da menina. A pequena o aprontou com mais força. Ele colocou suas coisas no chão e atacou os curtos cabelos pretos da menina. - Onde estão os outros?
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasiQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...