Erna, Frieda, Griselna, Leon e Ralf continuaram a vagar pelo labirinto funesto, o odor rançoso lhes invadia as narinas, sendo menos acentuado em alguns locais e mais em outros. A iluminação variava, hora era bem iluminado, hora nem tanto, às vezes o grupo chegava a salas mais amplas ou encruzilhadas mais amplas que pareciam salas, elas eram melhor iluminadas e melhor decoradas, ali se faziam presentes toda sorte de esculturas que não faziam sentido e até quadros com desenhos abstratos em com molduras de ossos, esses quadros estavam pendurados como em uma galeria. O grupo caminhava naquele lugar irreal que preenchia seus olhos e suas mentes, causando certo grau de confusão, era como se seus cérebros detectassem algum erro e tentar corrigi-lo a todo instante, era como se negasse o lugar ou algo que não deveria existir. Após mais algum tempo vagando ali, enquanto tentavam não se perder, o quinteto finalmente chegou a uma espécie de salão, ele era quadrado e melhor decorado, havia prateleiras com pergaminhos e livros, haviam estantes com frascos cujo conteúdo era duvidoso, também tinha bancadas de pedra com jarros de argila embaixo e ao lado delas, e três tripés para quadro feitos em ossos e resina, todos esses itens eram altos ou grandes demais para serem utilizados por humanos. Quatro quadros grandes estavam pendurados, um em cada parede, o primeiro trazia uma figura humanoide e magra distorcida coberta por um véu, o fundo era um pouco escuro e parecia haver um filtro vermelho sem cima de todo ele, sua moldura era composta com falanges de variados tamanhos, cada uma delas tinha sido cuidadosamente posicionada e encaixada. O segundo quadro parecia retratar o nascimento de um transformado, sua cor predominante era o verde e sua moldura era delicada, feita com carpos e metacarpos. O terceiro trazia um cenário de guerra, ou melhor, massacre, nele os humanos eram trucidados pelos Haidu, as expressões de agonia e desespero na face das pessoas denunciava o qual habilidoso era aquele que o fez, quase se podia ouvir os gritos e o pranto daquela pessoas apenas por olhar aquela pintura, o vermelho usado para retratar o sangue era o mais realista de todos os quatro. O último e mais imponente dos quadros parecia um retrato, nele foram pintadas sete criaturas, todas Haidu, apenas contemplá-las era suficiente para fazer suas pernas tremerem e te fazer desejar do fundo do seu âmago que aquilo não passasse de algo longe da realidade, algo saído de uma mente fértil e doentia, aquela imagem ativava todos os seus sinais de alerta.
– Espero que essas coisas não existam. – Murmurou Ralf, o fez involuntariamente.
Com muito esforço, eles tiraram os olhos daquele quadro e seguiram para a entrada oposta àquela que eles usaram para chegar ali, o largo corredor no qual se encontravam parecia subir, como uma ladeira, daquele ponto em diante as paredes já não eram feitas de ossos e quase não havia iluminação. Pouco a pouco o grupo se encontra cada vez mais perto da superfície, após alguns minutos se viram diante de uma escadaria.
– Finalmente encontramos a entrada para a mansão? – Leon sussurrou eufórico. Estava animado com a ideia de poder ir embora daquele lugar e voltar para junto de sua gêmea.
– Eu espero que sim. – Disse Erna.
– Não aguento mais esse lugar horroroso. – Comentou Ralf também aos sussurros.
Griselna começou a andar, ela subia as escadas e logo atrás dela estava Ralf, seguido por Leon e Erna, Frieda foi a última a começar a se mover, ela ficou um tempo parada olhando para cima, sentia algo estranho e um pouco familiar, mas seus olhos não notaram nada estranho. Eles subiram pouco mais de vinte metros escada acima, e se depararam com uma porta alta e larga, ela estava fechada. Griselna tomou fôlego e caminhou até a porta com intenção de abri-la, não parecia haver nada detrás dela, entretanto, antes que ela o fizesse, foi surpreendido por uma mão forte segurando firmemente um de seus pulsos, ao olhar para trás percebeu ser a única que continuou a caminhar, e segurando o seu pulso estava Ralf com os olhos arregalados e mão suada e fria, parecia um animal que caminhava para o abate. O braço livre de Ralf estava estendido em um comando que dizia aos demais para não darem sequer mais um passo, na frente dele Griselna o encarava confusa, Ralf estava paralisado, tudo que conseguiu fazer foi balançar a cabeça para um lado e para o outro de forma lenta e endurecida, ele sabia que algo perigoso os esperava, algo aterrador estava a espreita, apesar de não saber explicar como sabia disso, era como se seu primitivo instinto de sobrevivência murmurasse avisos em seus ouvidos fazendo sua pele arrepiar, era como se ele sentisse a respiração do inimigo em sua pele exposta. O garoto olhou para a porta e Griselna fez o mesmo, mas não havia nada lá, nenhum som, nenhum vestígio de heilig... nada.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasiQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...