Frieda caminhava rua afora, seu destino era a saída da cidade. Seu olhar distante mantinha sob incógnita se ela havia apreciado ou não seu tempo ali, principalmente quando "apreciar" é um sentimento que não se aplica às capacidades de todos. Contudo, é fato que ela ao menos gostou de ter conhecido o jovem mestre da família Ryuu.
Enquanto andava, Frieda pôde contemplar evidências da resiliência daquele povo, em tão pouco tempo o que havia sido destruído com a aparição das criaturas, agora se encontrava quase que completamente reconstruído. A população se empenhava em suas próprias atividades, se ocupavam com suas vidas e tinham um forte senso de que a tal vida continua. De fato, olhando ao redor, qualquer um poderia até mesmo se questionar se o trágico evento anterior havia realmente acontecido, uma vez que a única coisa que aquelas pessoas não foram capazes de reconstruir foram as vidas humanas perdidas.
Indo para fora daquele lugar que lhe prendeu, mas que também lhe acolheu, Frieda pensou em seu amigo, mas de modo algum se ressentiu por Ryosuke não ter vindo lhe dizer adeus... Ou até logo. Apenas supôs que o jovem estava muito ocupado para tal e aceitou que inevitavelmente acabaria por vê-lo de novo.
Então, ela seguiu seu rumo com suas duas bolsas e sua Guan dao encapada, apoiada sobre seu ombro direito.
– Você está aí? – Ela chamou pela voz do ser divino. Contudo não obteve resposta. – Espero que ao menos apareça quando ou se eu precisar mais tarde, já perdemos tempo demais.
Anteriormente, a divindade lhe revelou que seu destino se encontrava no norte de Heiwa. Para reduzir a distância a percorrer, a jovem decidiu cruzar parte da província de Aoi Kaigan ao invés de atravessar o limite entre Heiwa e Anzen na Minato, evitando fazer todo o caminho dentro da província até chegar à sua região norte.
Alguns dias se passaram até ela chegar no local onde o mapa que a divindade lhe entregou começou a fazer sentido, Frieda evitou atrasos e viajou o mais rápido possível até ali. Ela se hospedou em um pequeno vilarejo e começou a procurar pelo local marcado no mapa, contudo, estava tendo dificuldade em encontrar, era como se o lugar simplesmente não existisse.
Frieda não foi capaz de encontrar o lugar destinado, não importa onde buscasse sentia que nem sequer estava perto de chegar onde deveria, então certa noite ela foi despertada por um som semelhante ao de um cordão metálico vibrando, ao abrir os olhos se deparou com um orbe de luz que misturava tons de azul, roxo e dourado. A jovem se levantou e cautelosamente se aproximou do Orbe, mas nada aconteceu, ela tentou tocar o objeto e ele se esquivou de seu toque, ela tentou se aproximar mais dele e ele se moveu para longe dela. Frieda, apesar de não saber o que era aquilo, entendeu a razão de sua aparição. Ela apanhou as suas coisas, deixou o pagamento da hospedagem sobre a mesinha perto da cama e voltou a se aproximar do Orbe, como esperado ele se afastou todas as vezes em que ela tentou aproximação, guiando-a na escuridão para fora do vilarejo, levando-a cada vez mais para longe dali, por horas de caminhada noite adentro, até que parou na entrada do que parecia ser uma pequena caverna localizada no sopé de uma montanha. A mulher podia jurar que já tinha passado por ali várias vezes antes, mas nunca tinha visto aquela entrada.
Sendo guiada pelo orbe de luz, Frieda adentrou o lugar, dentro dele não havia nada além de escuridão, sim, o breu imperava soberano ali, era como se não existisse nada naquele espaço, nada além de Frieda, o Orbe e um completo vazio obscurecido. Frieda se manteve bem perto do Orbe, sua única preocupação era sobre o que faria se o objeto simplesmente se apagasse ou desaparecesse, ela assumiu que se isso ocorresse acabaria por vagar na escuridão pelo resto de sua vida. Após caminhar por um tempo que não foi capaz de medir, um tempo que não podia ser percebido, um tempo que parecia ter se passado dentro de horas, dias, ou segundos, Frieda finalmente viu uma luz além do orbe e nesse momento o objeto desapareceu diante de seus olhos, como se tivesse teleportado para outro lugar bem longe dali, ou simplesmente inexistido de forma instantânea. O fato é que agora já não havia retorno, não existia um guia que a levaria de volta para fora, então sua única opção era seguir em frente, rumo a luz no final do caminho.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasíaQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...