Capítulo LIV

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Johann deixou a cidade sentindo seu coração pesar, mas ele não era o único a se sentir assim, no olhar de todos se via a promessa de regressar o mais rápido possível e ir se alegrar com a pequena Anelie outra vez.

A medida que deixavam Kamelie, outras divisões se juntavam a eles e ao passar por cada cidade, o povo se reunia nas ruas com festejo, cantavam e tocavam instrumentos, celebravam a benção que era ter despertos para protegê-los, tudo isso conforme mandava a tradição. Os mais inocentes acenavam de volta, já Frieda não podia deixar de se perguntar se havia alguma justiça naquilo, questionava-se acerca de quem teria decidido que estava tudo bem sacrificar alguns em benefícios de outros, ela e seus irmãos estavam alí por vontade própria, mas e os demais? A garota não podia deixar de sentir certa medida de aversão para com aquelas pessoas que os saudavam, como poderiam estar tão alegres enquanto enviam seus semelhantes para seus possíveis túmulos?

Devido a emergência, a inquisição pausaria suas atividades originais por um tempo, eles cavalgaram até a base militar em Sonnenblume, próximo a fronteira e principal foco de batalha, em um lugar chamado Erde Höllischer. Outros reinos também enviaram seus despertos para a batalha, eles chegaram por terra e pelo mar, era vital que o avanço inimigo fosse impedido. Ao chegarem na base eles sequer tiveram descanso, foram organizados e enviados de imediato para combater, naquele dia e nos cinco dias que se seguiram em pleno embate, nenhum deles contabilizou quantos derrubaram no campo de batalha, após o recuo dos Haidu, os irmãos retornaram para a base militar sem ferimentos, mas estavam cansados.

Enquanto caminhavam em direção ao local onde montariam suas barracas e residiriam nos próximos dias, murmúrios os acompanhavam, as pessoas comentavam entre si todo tipo de coisas, aparentemente o grupo deixou alguma impressão em sua primeira aparição na guerra.

– Eles agem como se fossemos da nobreza. – Disse um em descontentamento, certamente filho de algum nobre menor.

– Não se achem tanto. – Falou outro, ele murmurava para que só o seu grupo ouvisse, mas Felix o ouviu muito bem.

– Prece que eles nos detestam mesmo, que pessoal esquisito. – Comentou o Rapaz.

- Não comecem uma briga e se mantenham sempre atentos. – Ordenou Frieda. – Ao meu ver, os humanos podem ser tão traiçoeiros quanto os Haidu.

– Ainda que diga isso, eu ouvi que eles também protegiam os outros soldados que lutaram ao lado deles. – Cochichou um em resposta ao segundo.

– Eles deviam estar mais preocupados com o verdadeiro problema aqui. – Argumentou Erna. – Ficou claro que um certo reino nos traiu e revelou muitas das nossas táticas.

– Tivemos que improvisar muito hoje. – Expôs Ralf.

– Haviam muitos despreparados, quase afundaram o pelotão no qual estávamos. – Disse Leon. – O que a chefia está pensando?

– Você está querendo ser punido por acaso? – Indagou Leona. – E se alguém te ouvir?

– Bom... pelo menos não haviam Haidu muito fortes na região em que estávamos. – Johann tentou ser positivo. – Acabamos com eles rapidamente, vocês os exterminaram tão rápido que quase não tive trabalho hoje.

– As orientações de Frieda estavam excelentes como sempre, o resultado não poderia ser diferente. – Felix fez parecer óbvio.

– Vocês que são uns monstros. – Hansel comentou.

– O sujo falando do mal lavado. – Respondeu Leona.

– As vezes eu me pergunto quem eu me esforcei tanto para alcançar. – Disse ele. – Ficava me cobrando muito por achar que estava atrasado, mas daí descobri tarde demais que eu não era fraco, vocês que estavam fora da curva. – Suspirou. – Eu sei como alguns deles se sentem .

Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.Onde histórias criam vida. Descubra agora