Capítulo LXI

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Haidu são criaturas imprevisíveis como animais que agem com um instinto refinado, mas que são dotados também da inteligência concedida aos humanos, em uma luta contra eles não há garantias de vitória ou certezas absolutas, não importa o quão forte você seja, nunca dá para salvar todo mundo e muitas vezes não dá para salvar a si mesmo. Quando um Haidu surge, ainda que sozinho, a única verdade que os humanos podem se ater é a de que muitos morrerão para que alguns possam viver. Certamente Heiko não deixou de pensar sobre isso enquanto ouvia a orquestra de desespero que ocorria ao seu redor, enquanto ele estava ali diante daquela criatura, outras ainda atacavam o povo. A perversidade daquela raça possuía tamanha igualdade em seu tratamento para com os humanos, não fazia distinção de etnia, classe social ou identidade de gênero, para os Haidu os humanos eram inferiores por igual, para eles, a idéia de que os humanos acreditavam que existia alguém maior ou melhor entre eles mesmos era irracional, mas não é como se eles ficassem filosofando muito sobre algo que consideravam tão fútil.

Ao ver que a dupla se dividiu, o Haidu pareceu relaxar um pouco, apesar de ainda não estar certo sobre qual deles era o mais forte, certamente lutar no um contra um é o melhor cenário para ele. Com a saída de Frieda, Heiko levantou ainda mais sua guarda assumindo uma postura neutra que o possibilitaria tanto atacar quanto esquivar ou bloquear, o rapaz sabia que o Haidu não era lento uma vez que sua aproximação anterior foi veloz, entretanto, não havia informação suficiente para se concluir qual a extensão de tal poder. Heiko segurou firme o cabo de sua espada jian de lâmina azul escuro e fio prateado, de dois gumes, cujo cabo é preto com detalhes prateados que casam bem com sua bainha igualmente preta com padrões prateados, ainda na extremidade do cabo um penduricalho de fios vermelhos o adorna, oito fios trançados no total. A espada é naturalmente empunhada com as duas mãos, mas Heiko o consegue fazer com excelência usando apenas sua mão de saque, isto é, a direita.

– Então decidiram se separar? – Questionou o Haidu de voz estridente. – Acaso estão me subestimando? Pensam que existe comparação entre o meu poder e o daqueles que vocês derrotaram?

A criatura media cerca de dois metros de altura, era bípede, suas pernas e pés lembravam as patas traseiras de um tigre, contando com listras que as tornavam ainda mais semelhantes, os braços e as mãos pareciam com as de um gorila adulto e o seu tronco também o era, contudo, ele caminhava de forma ereta como um humano, sua cabeça tinha o formato da de um coelho com dentes finos expostos e uma argola de ouro presa ao nariz, seus chifres eram como os de um touro, mas um deles estava quebrado. O Haidu tencionou seus músculos dos membros inferiores deixando clara sua intenção de atacar a qualquer momento, brandia o mangual em sua mão.

Diante dos questionamentos do adversário, Heiko lançou para ele um olhar desgostoso e apático.

– Você fala demais. – Respondeu com frieza e assumiu uma postura de ataque, flexionando os joelhos e levantando um pouco sua espada.

O Haidu foi o primeiro a largar, chegou onde Heiko estava em um piscar de olhos e golpeou com sua arma deixando um rastro na névoa, mas uma fria neblina abraçou o corpo do garoto o tirando de vista e o rapaz reapareceu atrás da criatura atacando de cima para baixo.

– Tão lento. – Divagou o jovem enquanto efetuava o golpe.

A criatura esquiva para o lado, recebendo um corte de raspão em um de seus braços, ela recua em velocidade, Heiko pressiona com um corte na horizontal, o Haidu recebe o ataque de frente e o bloqueia com o cabo do mangual, o jovem sustenta e faz pressão, como não consegue vencer na base da força bruta ele recua. Os combatentes se medem por alguns segundos e então Heiko tomou a iniciativa dessa vez, enquanto corria para cima da criatura, o rapaz cortou levemente seu dedo com sua própria espada e o deslizou na parte achatada da lâmina, imediatamente um pequeno círculo sagrado brilhou perto da extremidade do cabo da jian e as runas entalhadas próximas ao cabo, que antes eram prateadas como o seu fio, brilharam em um tom de azul esbranquiçado.

Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.Onde histórias criam vida. Descubra agora