Capítulo XI

39 7 28
                                    

No dia que antecedeu a viagem as meninas foram para a cama mais cedo, já Heinrich fez o de sempre, desde vigiar durante a noite até fazer as rondas e preparar o café da manhã. Às vezes o homem se deparava com uma ou outra criatura de baixo nível na floresta, potencialmente atraída pela energia que vazava do núcleo das meninas, mas graças a ele, tais criaturas jamais conseguiram chegar até a casa ou fazer estrago no vilarejo, Heinrich era um homem com um grande senso de responsabilidade e fazia de tudo para que todo o trabalho que se propusesse a fazer fosse realizado de maneira impecável, ele tendia ao perfeccionismo.

O alvorecer mal tinha chegado quando Erna levantou da cama às pressas e acordou Frieda sem cerimônia.

- É hoje! - Disse ela cheia de energia.

Frieda ainda estava sonolenta e esfregava os olhos, ela tinha dormido apenas três horas, mas não é como se ela dormisse muito mais que isso todas as noites. A menina afastou os lençóis e desceu da cama, arrumando-a em seguida, como a bagagem já havia sido preparada com antecedência, não havia muito a se fazer além de ir tomar o café da manhã.

- Depressa, Frieda. - Disse Erna que já estava terminando de vestir a roupa que usaria para começar a viagem.

Quando terminou de se vestir, Erna imediatamente foi ajudar Frieda a vestir-se também, prendeu o cabelo da menina em um rabo de cavalo como de costume e foi prender seu próprio cabelo em um coque. Frieda era muito lenta quando o assunto era realizar qualquer atividade não relacionada ao treinamento e estudo, então acabava por depender muito de Erna e Heinrich, certa vez Erna lhe disse que ela jamais poderia se casar se não mudasse esse jeito, mas Frieda respondeu que não se casaria mesmo se mudasse, que ela iria viver com Heinrich para sempre. Quando terminou de calçar os sapatos, Erna viu que Frieda ainda tentava calçar os dela, mas a menina não conseguia amarrar os cadarços de sua bota.

- Você não tem jeito mesmo. - Disse Erna indo ajudar.

Frieda estava sentada na cama e Erna estava agachada no chão encaixando melhor os calçados nos pés dela e amarrando os cadarços.

- Prontinho. - Disse Erna. - Tio Heinrich já deve ter terminado de cozinhar. Escute Frieda, se a gente não mostrar que damos conta, ele pode desistir de levar a gente. Se perceber que não consegue terminar algo rapidamente me chame logo, será um problema se acabarmos atrasando ele. - Explicou a menina. - Você entende?

Frieda acenou com a cabeça em concordância e as duas se levantaram e foram para a cozinha.

- Bom dia, meninas! - Disse Heinrich colocando a última tigela sobre a mesa.

- Bom dia, tio Heinrich. - Respondeu Erna

Frieda gesticulou com a cabeça como de costume, inclinando-a levemente para um lado e para o outro como se ouvisse uma música.

- Espero que tenham descansado bastante. - Disse o homem sentando-se a mesa. - A viagem vai ser bem exaustiva, principalmente porque vocês não abandonarão a rotina de treino.

- Nós vamos ficar bem. - Respondeu Erna. - Não é mesmo Frieda?

Frieda assentiu com a cabeça com veemência, não queria que Heinrich desistisse de levá-las.

- Não precisam ficar tão nervosas. - Falou ele. - Eu já disse que vocês vão, então podem relaxar um pouco. - Garantiu. - A carruagem já está lá fora e já preparei os cavalos, coloquei dentro dela apenas o indispensável, conferi o tamanho da bagagem de vocês e parece que está tudo em ordem. Partiremos logo após terminarmos de comer, já estamos com dias de atrazo, o contratante deve estar impaciente, imagino o nível do estrago que vou encontrar, mas como não me enviou nenhum passáro emergencial só posso deduzir que a causa do problema é do tipo que age com cautela em vez de simplesmente sair destruíndo tudo. 

Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.Onde histórias criam vida. Descubra agora