A medida que o homem avançava pelo corredor com a menina no colo, mais ele ouvia o som da chuva que caía torrencialmente lá fora, aquele responsável por vigiar a entrada lançou para ele sua melhor cara de confusão ao ver que ele havia comprado a criança, mas não teceu nenhum comentário e prontamente abriu a porta, o baixote sabia bastante sobre aquela pessoa, o suficiente para evitar encará-lo demais. O homem elegantemente parou na porta e moveu apenas os olhos quando analisou o que se passava lá fora, constatou que aquela chuva não passaria tão cedo, retirou o sobretudo revelando braços fortes com símbolos tatuados em várias partes deles, incluído o dorso das mãos. Ele jogou o sobretudo sobre o corpo da garotinha e caminhou para fora dali, a chuva não o incomodava. Andou pela feira até chegar em uma taverna, local onde estava se hospedando desde o dia anterior, visto que veio a cidade abandonada pelos deuses para encerrar um negócio.
O homem adentrou o local sob o olhar dos curiosos ali presentes, a maioria estava ébrio, as conversas se resumiam a murmúrios, alguns mais alterados falavam alto, mas todos cessaram no instante em que ele chegou. Não dava para ver o que ele carregava em seus braços, pois ainda estava coberto pelo sobretudo, porém notavasse que era algo frágil devido ao cuidado com o qual estava sendo levado. Ele foi até o balcão e pediu água quente e uma bacia, depois de receber uma resposta positiva subiu as escadas e foi para o seu quarto.
O quarto era pequeno e bem simples, mal iluminado, tinha uma cama, um baú, uma cadeira, um candelabro com três velas acesas sobre uma mesinha que ficava à beira da cama, a janela de madeira estava sem cortinas. Ele colocou a menina na cadeira, Frieda não falava, não se mexia, mal piscava, ficava na posição que a colocavam, não adormeceu no percurso até ali, mas estava tão quieta que o homem poderia facilmente esquecer que carregava um ser humano.
Alguém bateu na porta.
- Entre. - Autorizou o homem.
Uma mulher alta, robusta, de cabelos cor de ferrugem e olhos castanhos, entrou no quarto carregando uma bacia média e um balde de água bem quente. Ela colocou a bacia no chão e começou a despejar a água nela enquanto o homem estava de costas revirando sua bolsa sobre a cama, em algum momento depois de despejar todo conteúdo do balde, a mulher notou uma figura surgindo no seu campo de visão e olhou para ela, berrou assustada, deu passos para trás tropeçando e caindo no chão, o balde rolou até bater contra a porta.
O homem voltou-se para ela, a mulher encarava um ponto no quarto com olhos arregalados, visivelmente perturbada, não tinha notado a garota ali quando entrou, ela parecia tentar assimilar se aquilo se tratava de uma alucinação, uma boneca muito bem feita ou um cadáver.
- Traga mais água, por gentileza, desta vez que seja água fria. - Pediu o homem. - Traga-me também sabão e uma bucha, pagarei um adicional pelo serviço extra antes de partir.
A mulher não respondeu de imediato, ainda encarava a menina.
- Ela está...? - Não queria completar a pergunta.
- Ela está viva. - Respondeu voltando a vasculhar sua bolsa, já imaginava o que lhe seria indagado.
A mulher suspirou aliviada, se pôs de pé e apanhou o balde, não era como se aquilo fosse da sua conta mesmo, era assim para todos naquela cidade, era assim que viviam, era assim que sobreviviam. Para ela pouco importava o que aquele homem fazia em posse de uma criança tão pequena, sabia que não era filha dele uma vez que ele chegou sozinho anteriormente, além disso, se tratando de Regen, cenas como aquela não eram incomuns, todos sabiam que sorte de transações comerciais ocorriam naquele galpão.
- Devo preparar uma sopa ou um mingau? - Indagou indo para a porta. Estava ciente que o forasteiro era bem generoso e certamente lhe pagaria proporcional ao bom tramento que recebesse.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasyQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...