Após se fartar, o grupo se dirigiu aos quartos, estavam exaustos e doloridos, mas cientes de que deveriam deixar a cidade o quanto antes, uma vez que ficar alí poderia arrastar aquelas pessoas para problemas se alguém viesse exigir vingança pelo sangue de Wilderer. Todos dormiram aquela noite, mesmo Frieda que pouco dorme o fez, e cedo na manhã seguinte Griselna se esgueirou pela cidade, sem que os demais soubessem, a fim de ir à mansão buscar os cavalos e suas coisas, retornando tão sutilmente quanto como fora. A mulher não quis levar ninguém consigo nessa empreitada, julgava que quanto menos exposição às lembranças das horas anteriores, melhor seria para eles, afinal eles ainda eram tão jovens. Ela lamentava que eles não pudessem viver a vida de crianças normais, brincando por aí, cometendo erros, aprendendo sobre esse mundo aos poucos enquanto se diverte, mas ela sabia bem que um desperto sequer poderia sonhar com uma vida assim.
Os jovens ainda não tinham despertado quando Griselna voltou, então ela teve que acordá-los ainda que quisesse deixá-los dormir mais um pouco. Ela acordou Erna e nem precisou chamar por Frieda, a menina despertou achando que era com ela que falavam, depois Griselna foi até o quarto dos meninos e bateu na porta, segundos depois Leon atende com o cabelo desgrenhado, roupa amarrotada e a cara amassada, ele mal abre os olhos e recebe em silêncio as instruções da mulher em sua frente, quando ela se vira e marcha de volta ao quarto onde estava Erna e Frieda, Leon vai até Ralf acordá-lo.
– Lobo. – Chamou ele. – Acorda aí, já já partimos de volta para casa. – Leon tentava arrumar a cama, um hábito que todos eles desenvolveram em sua convivência com Erna e Frieda.
Ralf apenas se remexeu um pouco e ajeitou o cobertor sobre o corpo.
– Nada disso! Sem preguiça. – Disso Leon. Ele tentou tomar o cobertor, mas Ralf resistiu.
Indignado, Leon apanhou o travesseiro e deu a volta na cama, parando ao lado de Ralf, ele ergueu o travesseiro acima da cabeça e golpeou, mas não acertou pois Ralf em pleno uso de suas habilidade instintivas fugiu do golpe rolando para o lado. Leon se sentiu desafiado, insatisfeito, ele golpeou com o travesseiro freneticamente, mas Ralf seguiu esquivando.
– Tá de brincadeira comigo? – Indagou ele subindo na cama, mas quando ele desferiu mais um golpe em seu irmão, Ralf reagiu arrastando seu próprio travesseiro sob sua cabeça e o usando como escudo.
Eles se encararam.
– O que está fazendo? – Perguntou Ralf.
– Acordando uma princesa. – Respondeu Leon.
Eles se encararam novamente. Então começaram a rir.
– "Acordando uma princesa", que raios de resposta é essa? – Ralf tentava se conter. – Essa foi nova.
– Não deu para pensar em nada melhor. – Leon sorria. – Não foi tão ruim assim. – Se defendeu. – Levanta logo, a gente vai embora daqui a pouco e eu ainda quero tomar café, se a gente demora é capaz de Griselna nos fazer sair sem fazer o desjejum.
Ralf levantou e começou a ajudar a arrumar a cama. Hans não precisou acordar, uma vez que ele sequer tinha dormido, assistiu em silêncio toda a algazarra dos dois irmãos logo pela manhã em silêncio. Era quase como se ele não estivesse alí, não queria ser um incômodo. Hansel tentava pensar no que faria agora, já não tinha para onde ir, não possuía um propósito ou vontade, estava tão acostumado a ser escravo de alguém ou de alguma coisa que não conseguia pensar em um futuro. O que faria agora?
– Estou todo quebrado. – Disse Ralf. – É muito pior que descer um morro rolando e cair todo torto no chão.
– Nem me fale, gastei heilig demais de uma vez só, me sinto esgotado. – Falou Leon. – Meu corpo está todo desalinhado, é como se eu estivesse usando o corpo de outra pessoa, sem pleno controle sobre meus movimentos. Tenho que treinar melhor o meu núcleo, agora entendo o porque pode ser perigoso usar heilig demais em uma luta, ficar nesse estado no meio de um combate levaria a morte.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasíaQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...