Hansel e seus irmão foram tomar banho, em seguida reuniram-se aos demais na mesa de refeições. Heinrich fez bastante comida, ele havia sido avisado que Frieda e os demais voltariam para casa naquele dia, isso devido a ave mensageira que Griselna enviou antes de deixar a cidade natal de Hansel. O homem olhava com orgulho para seus amados filhos, mal podia acreditar no quanto eles haviam amadurecido naquele tempo juntos, estavam mais fortes a cada dia e se tornavam capazes de proteger uns aos outros. Ao olhar para seu passado ele perguntava quem imaginaria que um dia ele seria capaz de construir uma família tão grande e feliz. Certamente pensava que naquele mundo não havia ninguém mais afortunado que ele.
- Eu fui inútil - Felix disse cabisbaixo.
Os jovens conversavam sobre suas respectivas missões, contavam sobre seus desempenhos e como foram capazes de superar os perigos. Felix parecia desanimado com os seus feitos.
– Como assim? – Questionou Leon.
– É que lá havia uma aranha. – Informou Leona. – Na verdade um dos Haidu que enfrentamos tinha características aracnóides.
– Tá tudo bem, todos temos medo de algo. – Disse Johann. – Eu, por exemplo, tenho medo de baratas.
Felix riu.
– O quê? Só porque sou grande não posso ter medo de baratas? – Falou o garoto.
– Desculpa. – Pediu o garoto sorridente.
– Eu estava brincando, tá tudo bem. – Falou Johann. – Mas como eu estava dizendo, todo mundo teme alguma coisa. O Ralf tem medo de abelhas.
– Isso, conta para todo mundo. – Disse Ralf.
– Mas você nasceu nessa cidade, não? – Perguntou Leona.
– Não, eu vim com meus pais das montanhas geladas ao norte. – Disse ele.
– Então você é um Nordemann? – Felix parecia animado.
– Eu já tinha te dito isso. – Falou Ralf.
– É que eu esqueci. – Felix coçou a cabeça e sorriu desconcertado.
– Você vive esquecendo das coisas. – Disso o rapaz. – De todo modo, ainda que eu tivesse nascido aqui, não significa que eu recebi uma abelha no berço e fui amamentando com mel em vez de leite. Mas se estamos falando de medo, Erna bem que poderia dizer o que ela teme também. Não é justo que só eles saibam do que a gente tem medo e nós não saibamos também os medos deles.
Erna olhou para ele e depois para sua sopa. Suspirou dando-se por vencida.
– Eu tenho medo de ratos. – Disse ela.
– Mas não faz sentido, eu costumava ter um rato e você até segurava ele. – Expôs Frieda.
– Ele era diferente. – Falou como se fosse óbvio.
– Minha vez. – Leona estava muito animada com toda aquela conversa. – Eu tenho medo de lagartas.
– Você não tem medo de lagartas, você tem nojo de lagartas. – Leon corrigiu a gêmea. – Eu tenho medo de rãs. – Acrescentou.
– Você não tem medo de rãs, você só tem nojo. – Rebateu Leona.
– É diferente, algumas rãs são venenosas e podem até matar. – Leon tentava provar seu ponto.
– Mas também existem lagartas que queimam a pele. – Retrucou a menina.
A mesa virou uma feira, os gêmeos entraram em desacordo, os demais tentavam acalmar os ânimos e findar a discussão ou contribuem tomando um partido, virou um debate sobre rãs e lagartas. Isso acontecia com bastante frequência, bastava uma fagulha para uma confusão começar, Heinrich continuou a comer como se nada estivesse acontecendo, ele estava acostumado, Hansel estava perdido, ficava olhando para um e para outro na esperança de que alguém desse fim a briga.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasyQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...