Capítulo XXXVIII

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Hansel e seus irmão foram tomar banho, em seguida reuniram-se aos demais na mesa de refeições. Heinrich fez bastante comida, ele havia sido avisado que Frieda e os demais voltariam para casa naquele dia, isso devido a ave mensageira que Griselna enviou antes de deixar a cidade natal de Hansel. O homem olhava com orgulho para seus amados filhos, mal podia acreditar no quanto eles haviam amadurecido naquele tempo juntos, estavam mais fortes a cada dia e se tornavam capazes de proteger uns aos outros. Ao olhar para seu passado ele perguntava quem imaginaria que um dia ele seria capaz de construir uma família tão grande e feliz. Certamente pensava que naquele mundo não havia ninguém mais afortunado que ele.

- Eu fui inútil - Felix disse cabisbaixo.

Os jovens conversavam sobre suas respectivas missões, contavam sobre seus desempenhos e como foram capazes de superar os perigos. Felix parecia desanimado com os seus feitos.

– Como assim? – Questionou Leon.

– É que lá havia uma aranha. – Informou Leona. – Na verdade um dos Haidu que enfrentamos tinha características aracnóides.

– Tá tudo bem, todos temos medo de algo. – Disse Johann. – Eu, por exemplo, tenho medo de baratas.

Felix riu.

– O quê? Só porque sou grande não posso ter medo de baratas? – Falou o garoto.

– Desculpa. – Pediu o garoto sorridente.

– Eu estava brincando, tá tudo bem. – Falou Johann. – Mas como eu estava dizendo, todo mundo teme alguma coisa. O Ralf tem medo de abelhas.

– Isso, conta para todo mundo. – Disse Ralf.

– Mas você nasceu nessa cidade, não? – Perguntou Leona.

– Não, eu vim com meus pais das montanhas geladas ao norte. – Disse ele.

– Então você é um Nordemann? – Felix parecia animado.

– Eu já tinha te dito isso. – Falou Ralf.

– É que eu esqueci. – Felix coçou a cabeça e sorriu desconcertado.

– Você vive esquecendo das coisas. – Disso o rapaz. – De todo modo, ainda que eu tivesse nascido aqui, não significa que eu recebi uma abelha no berço e fui amamentando com mel em vez de leite. Mas se estamos falando de medo, Erna bem que poderia dizer o que ela teme também. Não é justo que só eles saibam do que a gente tem medo e nós não saibamos também os medos deles.

Erna olhou para ele e depois para sua sopa. Suspirou dando-se por vencida.

– Eu tenho medo de ratos. – Disse ela.

– Mas não faz sentido, eu costumava ter um rato e você até segurava ele. – Expôs Frieda.

– Ele era diferente. – Falou como se fosse óbvio.

– Minha vez. – Leona estava muito animada com toda aquela conversa. – Eu tenho medo de lagartas.

– Você não tem medo de lagartas, você tem nojo de lagartas. – Leon corrigiu a gêmea. – Eu tenho medo de rãs. – Acrescentou.

– Você não tem medo de rãs, você só tem nojo. – Rebateu Leona.

– É diferente, algumas rãs são venenosas e podem até matar. – Leon tentava provar seu ponto.

– Mas também existem lagartas que queimam a pele. – Retrucou a menina.

A mesa virou uma feira, os gêmeos entraram em desacordo, os demais tentavam acalmar os ânimos e findar a discussão ou contribuem tomando um partido, virou um debate sobre rãs e lagartas. Isso acontecia com bastante frequência, bastava uma fagulha para uma confusão começar, Heinrich continuou a comer como se nada estivesse acontecendo, ele estava acostumado, Hansel estava perdido, ficava olhando para um e para outro na esperança de que alguém desse fim a briga.

Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.Onde histórias criam vida. Descubra agora