A manhã seguinte estava fria apesar do céu sem nuvens, uma suave neblina cobria todo o campo que o trio usaria para treinar, o orvalho escorria tanto das folhas das árvores que margeavam o lado sul do campo e seguiam floresta à dentro, quanto os arbustos dispostos dentro dele, haviam poucas árvores no interior do lugar. O campo pertencia a Heinrich, mas ele o alugava para os moradores do vilarejo que criavam cabras, no entanto, agora o lugar se encontrava em período de repouso para que seu gramado já rente possa se renovar, ninguém ia alí além de Heinrich que já o usava para treinar ou os criadores de cabras quando havia gramado para alimentar seus animais.Frieda acordou antes de Erna, ouviu o som dos apressados passos de seu pai caminhando pela casa, ela levantou e andou até a porta do seu quarto como sempre fazia, abriu vagarosamente uma fresta para observar o que se passava, mas só teve tempo de vê-lo sair pela porta da frente com sua Guan dao apoiada em um dos ombros, lá fora o cavalo relinchava quase que apressando o dono. Aquela era uma cena comum para Frieda, do ponto de vista dela, todos os dias subsequentes a fatalidade que ocorrera em seu aniversário, Heinrich vigiava durante a noite, ia para dentro ao sinal do sol, trocava suas roupas, tornava a apanhar sua arma e partia a cavalo só os deuses sabem para onde, retornando horas depois. Frieda sempre se levantava para assistir e logo retornava para cama junto a Erna, onde ela conseguia dormir ainda que só um pouco segurando a mão de sua irmã, acordava algum tempo depois sempre com o mesmo pesadelo, mas se tranquilizava ao encontrar os olhos de Erna que despertava primeiro e a ficava observando, nunca abandonava seu posto antes que a mais velha despertasse também.
Quando as duas finalmente deixaram o quarto, encontraram Heinrich fazendo o café da manhã como de costume, o dia seguia frio. A família se nutriu, as meninas foram vestir roupas para treino sob orientação do pai delas, depois Heinrich as levou até o campo de treinamento e as fez se alongar. Após o alongamento eles começaram um jogo semelhante a pega-pega, nele elas deveriam trabalhar em dupla e tocar Heinrich com as mãos, ele teria que se esquivar fugindo das investidas das meninas, podendo usar a mão esquerda para afastá-las quando necessário, qualquer outro toque seria contado como derrota para ele. Após o jogo ele ainda as fazia se exercitar com flexões e golpes em sacos de areia ou espantalhos de palha, então as levava até a árvore centenária no centro do campo, ela era bem alta, e as fazia escalar com tempo limite contabilizado numa ampulheta, nunca chegavam ao topo, mas avançaram um pouco a cada dia. Quando terminava o treino já era hora de almoçar, o homem às levava de volta e comiam, cuidavam da horta e ele dormia por cerca de três horas enquanto as meninas estudavam com auxílio do livro e escreviam suas dúvidas para indagar Heinrich quando ele acordasse. Depois dos estudos era hora de sair para correr um pouco dando voltas no campo de treinamento, depois o homem entregava espadas de madeira para as meninas e as dizia para balançar o instrumento até sentirem que seus braços iam cair. Voltavam para casa antes do sol se despedir, tomavam banho enquanto o pai fazia o jantar, comiam até se fartar e iam espairecer com jogos de tabuleiro, o pai ia para fora e se sentava em sua cadeira na varanda, ao avançar da noite ele se levantava apenas para apanhar sua Guan dao que ficava atrás da porta e voltava para seu posto, as meninas dormiam e ele vigiava, levantando periodicamente para olhar os arredores da casa, quando o sol dava sinal ele ia para dentro e trocava de roupas, refazendo tudo, preparando-se para mais um dia, começando a rotina como sempre, em um loop que duraria até o dia em que deixassem aquela casa para a viagem, mantendo alguns dos hábitos mesmo na estrada.
O treinamento diária foi o mesmo nos primeiros dias, contudo Heinrich sempre elevou o nível das atividades, impondo alongamentos mais severos, corridas mais longas, diminuindo o tempo de escalada sem diminuir o quanto ele queria que elas subissem. No segundo dia Frieda e Erna já haviam aceitado que não dava pra apanhar Heinrich apenas com velocidade e agilidade, era necessário tática, elas tornaram o alvo de apanhar o homem no pega-pega seu objetivo supremo, Erna ficava frustrada sempre que o tempo acabava e elas não conseguiram alcançar tal meta, voltavam no dia seguinte ainda mais obstinadas.
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Wanderfalke: A batalha contra os Haidu.
FantasyQuanto vale a liberdade? A resposta é: depende. Para ganhá-la vale uma moeda de ouro, mas para perdê-la vale uma moeda de prata. Os mais éticos diriam que é absurdo, que liberdade não tem preço, ou ainda, que liberdade é direito de todos, entretant...