Uma parte de mim

Capítulo 28

BIANCA

Aquelazinha acha que vai ganhar Guilherme assim? Mais não vai mesmo. Fiquei furiosa ao ver no noticiário o noivado, ele está ficando louco, só pode, essa garota está se aproveitando e ainda ouvir dizer que está grávida, será que ninguém enxerga que ela está dando o golpe da barriga? Isso não vai ficar assim, não mesmo!
Tive que me manter afastada porque senhor Fernando andou procurando meu pai, acabei levando uma bronca, não consigo entender papai, uma hora quer que eu case com Guilherme e outra hora está desse jeito mas eu não iria desistir. Aproveitei esse tempo para tentar arranjar um plano, o que inclusive espero sair melhor do que a encomenda.
– Senhora já colocamos o plano em prática.
– Perfeito! Agora é só esperar.
Sorri enquanto encarava o espelho em minha frente.
– De hoje você não escapa Guilherme. - sussurrei.

~~
MAITÊ

Guilherme vem sendo um pai coruja, não havia um dia se quer que ele deixasse de vir nos ver e paparicar minha barriga. Estávamos ansiosos para descobrir logo o sexo do neném para poder começar comprar suas coisinhas. Aline já dizia que iria ser a madrinha, o que causa um baita de um transtorno entre nossos amigos, pois tem Dodô, é meu irmão de alma, é lógico que ele seria o padrinho.
Aproveitamos nossas três semanas de férias juntos, fazendo coisa de casais, cinema, jantares quando possível, finais de semana festas com nossos amigos e as vezes eu saia tarde da lanchonete e só queria minha cama, e lá estava ele, fazendo massagem em meus pés, me fazendo relaxar.
Ah! Falando no meu melhor amigo, o apartamento dele ficou digno do seu caráter. É um lugar simples mas aconchegante, agora que ninguém o segura mais, só espero que ele não engravide uma mulher por aí, que tenha juízo, olha quem para falar né, enfim.
– Ei, pronta para voltar?
Sorri e fui de encontro ao meu melhor amigo, o abracei apertado, sentindo seu beijo no topo da minha cabeça.
– Prontíssima!
Seguimos para a universidade tagarelando, Gui estava de plantão e como seu plantão terminaria às sete da manhã, correria direto para a faculdade, por isso peguei carona com Douglas, só por isso, porque era difícil um dia se quer que Guilherme não passava para me levar.
Assim que chegamos, encontramos com nossos amigos, foi uma festa só, mesmo que passamos quase as férias inteira juntos, para nós, nunca era o suficiente, eu amo estar com eles.
– E essa barriga heim? Parece que cresce a cada dia.
– E cresce Line.
– Eu não vejo a hora de ter o neném da dinda nos braços.
– Ei, que história é essa?
Questionou Dodô me dando um olhar imortal, mas antes que eu pudesse responder, fui salva pelo amor da minha vida.
– Bom dia! Bom dia turma! Bom dia amores da minha vida!
Senti seus braços me abraçando por trás e um beijo ser depositado em meu pescoço, me fazendo se arrepiar. Inclinei minha cabeça para encontrar sua boca e selei as mesmas, abrindo um sorriso enorme em seguida, encontrando com seus olhos.
– Como foi seu plantão?
– Um pouco agitado do que o normal mas nada do que eu não esteja acostumado.
Gui me devolveu o selinho, ficamos conversando por pouco tempo, seguindo então cada um para sua devida sala. No intervalo, o pessoal combinou de ir á lanchonete que eu trabalhava, para comemorar a volta as aulas, já que eu estaria trabalhando, fizeram questão de que fosse lá, para que de alguma forma, eu participasse.
Gui me levou para casa, almoçou comigo e com minha mãe, ficou um tempo conversando com minha barriga mas logo foi para o seu apartamento descansar, pois estava sem dormir. Aproveitei para rever algumas matérias e acabei dormindo em cima dos meus livros, ultimamente estou assim, dormindo em qualquer canto e qualquer hora.
Acordei ouvindo alguns barulhos, e me sentindo sufocada para respirar. Pisquei meus olhos várias vezes, sentindo um cheiro estranho, como se algo estivesse...
– Senhorita.... Precisamos te tirar daqui, vem!
Apareceu um homem na porta todo uniformizado, franzi minha testa ainda fora de mim, ele se aproximou e consegui ler o que estava escrito em sua roupa: "Bombeiro". Bombeiro? Que droga é essa?
Ele me pegou no colo, eu estava sem reação alguma, me sentia fraca, tudo passava em câmera lenta, a fumaça parecia ter invadido tudo, haviam alguns outros homens, uma gritaria. Comecei a tossir e me sentir ainda mais sufocada, rapidamente eu fui levada para fora da casa, um círculo de pessoas se formavam na rua.
– Preciso de ajuda aqui!
Ele gritou e duas pessoas se aproximaram, sendo mais exatas, dois enfermeiros.
– Minha... mãe?
– Os outros já estão a salvando. Agora precisamos que você passe por alguns procedimentos.
– Eu... eu estou grávida. - olhei para eles assustada.
– Vai ficar tudo bem.
Assenti e segui para a ambulância acompanhada pelos enfermeiros. Em alguns segundos, vi minha mãe sendo carregada nos braços de um dos profissionais, me levantei e sai correndo até ela mas fui barrada, pedindo para que eu me mantese afastada, como poderia? É a minha mãe e ela parecia estar desacordada.
Entrei em desespero, gritei e fiz o que pude, mas não deixaram eu me aproximar. Olhei para nossa casa ao ouvir um estrondo, as chamas tomava conta de tudo, era a cena mais terrorizante que eu já havia visto, tudo que um dia foi demorado a construir, estava sendo destruído.