Capítulo 37

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MAITÊ

Sentir o beijo de Gui, foi como se tivesse sido a primeira vez, ah como eu estava com saudades. Meu corpo todo correspondeu aos seus toques, meu coração dava cambalhotas e as borboletas estavam florescidas em meu estômago.
Eu imagino o quanto toda essa história do médico ser meu pai, deve estar mexendo com ele. Não foi nada fácil ter que explicar novamente a minha história, mas Gui foi prestativo e atencioso como sempre. Cada dia que passava ele criava uma conexão ainda maior com nossa pequena mas as vezes ele ficava estranho, se desligava e quando voltava em si, parecia ficar atordoado.
Nossos amigos se faziam presentes, eles estavam criando novamente um laço de amizade, Gui já estava se enturmando e esses dias, ele até comentou sobre uma festa que fomos e deixou todos nós em choques. Espera aí, isso significa que...? Ai meu Deus! Tá, agora tudo faz sentindo.
Sai do banho apenas enrolada na toalha, quando entrei no quarto paralisei, Gui estava de costas no bercinho de Valentina.
– Boa noite meu amor.
Ele se inclinou e beijou a cabecinha dela, em seguida ele se virou e seus olhos pairaram em mim, percorrendo pelo meu corpo.
– Desculpa... eu... eu..
Ele sorriu do meu nervosismo, não é como se ele nunca tivesse me visto pelada antes mas sabem, estou no resguardo e essas nossas trocas de amassos não estão me ajudando.
– Tenho certeza que não tem nada ai que eu já não tenha visto.
– Gui!
O repreendi, sentindo minhas bochechas queimaram e uma risada gostosa surgir dele. Ele se aproximou, com seus olhos fixos aos meus, minhas pernas tremeram.
– Valentina dormiu.
– É, obrigada!
Ele sorriu, parando em minha frente, me sentia sendo devorada com aquele olhar, acho que eu tô precisando de outro banho. Seu olhar desceu novamente pelo meu corpo e apenas ouvi ele resmungando algo.
– Eu vou... tomar banho.
– Tá.
Gui saiu rapidamente, parecendo fugir de mim, respirei aliviada e coloquei a mão na cabeça.
– Ai meu Deus Maitê, se controla, você não pode.
Foram quatro meses e meio, vocês me entendem, não me entendem? Ainda grávida? Ok, vamos parar de falar nisso.
Vesti minha camisola preta, de alcinha, era mais fácil para amamentar Valentina a noite. Seguida passei meu hidratante corporal e me ajeitei na cama, pegando o meu livro para ler mas não consegui me concentrar, será que Gui estava voltando a se lembrar? Talvez seja isso seus apagões, ele fica tão perdido depois que volta e sempre reclama de dor de cabeça.
Quando ouvi passos, desviei o olhar, encontrando com Gui voltando para o quarto, seus cabelos estavam molhados. Ele me olhou e sorriu, tentei voltar a minha atenção para o livro, sentindo o balançar da cama com ele se ajeitando do meu lado. Fechei o livro e o encarei.
– Gui, posso te fazer uma pergunta?
– Claro gata, o que houve?
Gata? Estão vendo? Ele me chamava assim, não é possível. Seus olhos encontraram o meu.
– Você ainda não se lembra de nada?
– É... eu... - Levei minha mão em seu braço.
– Gui pode me contar. - ele suspirou, passou a mão na cabeça.
– Está tudo ainda confuso. Eu estou sim, tendo algumas lembranças, mais é tudo muito rápido e curto.
– Então por isso aquele dia com nossos amigos, você lembrou.
– É sim... a cena que mais perturba a minha cabeça é do dia do meu acidente. Mas já tive lembranças da nossa noite na praia, depois de uma festa...
– Esse dia foi o nosso primeiro beijo... - Disse com a voz falha e sentindo as lágrimas aparecerem nos meus olhos.
– Ei, o que foi? - Ele se ajeitou todo preocupado.
– Nada. Por que? Por que você não me disse que estava tendo essas lembranças?
– Gata eu não tinha muita certeza do que estava lembrando mas pelo visto estou no caminho certo.
– Você lembrou do nosso primeiro beijo Gui, sabe o que isso significa? 
Uma lágrima solitária escorreu em meu rosto, Gui esticou seu braço e enxugou a mesma, deixando um carinho, fazendo eu fechar os olhos e  meu corpo tremer.
– Eu sei o que isso significa. Ei, não fique brava comigo, eu iria te contar mas queria ter mais clareza das coisas. Olhe para mim.
Abri novamente os olhos, encontrando com os seus, meu coração estava disparado, eu não acredito que meu Gui estava voltando.
– Mesmo que eu não recuperasse a minha memória, de uma coisa você poderia ter certeza, eu me apaixonaria por você outra vez e quantas vezes fosse possível!
Sorri com suas palavras, Gui retribuiu.
– Bobo!
– Estou falando sério. Eu... estou respeitando o seu espaço, o seu resguardo.
– Ai meu Deus! - levei a mão para o meu rosto, querendo me esconder e ouvi ele rindo.
– Pare com isso. Eu sei que você está se segurando também, seu corpo me mostra isso. - ele segurou meus pulsos e afastou minhas mãos do meu rosto. – Eu amo você e amarei em qualquer outra vida gata.
Não consegui me segurar ouvindo isso, as lágrimas invadiram meu rosto e eu o beijei, sentindo o gosto salgado das lágrimas, meu coração estava em festa, Gui logo logo conseguirá recuperar sua memória, ele está conseguindo aos poucos e ouvir ele dizendo que me amaria em qualquer outra vida? Ah meu Deus, que mulher não gostaria de ouvir isso?
– Eu te amo tanto.
Sussurrei ainda com minha boca colada na dele, Gui deu um sorriso perfeito, sua língua voltou a invadir a minha boca, podia sentir o calor crescendo entre nós, mas infelizmente eu ainda não podia, não estava liberada e isso é frustrante.
Suas mãos apertavam firme minha cintura, esfreguei minha perna uma na outra, comecei sentir a necessidade de fôlego, parei o beijo com selinhos e o abracei em seguida, ouvindo ele suspirar no meu cangote.
– Que difícil, meu Deus!
Acabei rindo da forma desesperada dele falar, me afastei para encontrar seus olhos.
– Ei, amanhã meu irmão vem para ver Valentina e bom, conhecer você.
– Agora eu preciso ser aprovado pelo seu irmão?
Acabei rindo e neguei com a cabeça.
– Claro que não bobo. Você vai gostar dele, hoje faz parte do nosso grupo de amizade e bom, como te contei, tem alguns meses que estamos criando o laço de irmãos, tenta pegar leve com ele tá? Ele não tem culpa das atitudes do nosso pai e hoje, só tem a nós como família.
Gui levantou a mão em redenção.
– Jamais o culparia pela atitude daquele idiota.
Dei um sorriso sem graça, falar do meu pai ainda é um assunto delicado para mim, desde então, não fui mais visita-lo, Lucca continua indo, aliás ele foi um bom pai para ele e segundo meu irmão, Mauro está sempre perguntando sobre mim mas preciso desse tempo, eu ainda não consegui perdoa-ló pelo o que fez.

Uma parte de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora