Capítulo 42

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CAPÍTULO BÔNUS

(...)
DOUGLAS

Minha vida amorosa, como todos sabem por alto,  não é das melhores. Passei a iludir muitas mulheres, fiz muitas sofrer mas sempre deixei claro qual era minhas intenções. Eu estava realizado vendo tudo que estava acontecendo com minha melhor amiga, ela merece muito ser feliz, confesso que vê-la encontrando um amor verdadeiro, é de dar inveja, pois nem todos temos essa sorte. 
Enfim, voltando lá para trás, quando comprei meu apartamento, eu não tinha nada de móveis então precisava mobilia-ló e entre essas idas e vindas, foi onde conheci Josiane.
De começo, ela era apenas uma atendente simpática e sabia como conseguir me convencer em comprar, confesso que a garota era linda e quando sorria, era impossível não admira-lá.  Eu levei muito tempo para conseguir mobiliar meu apartamento, ainda até hoje falta algumas coisas, nosso contato era somente mesmo quando eu ia até a loja. Da última vez que estive por lá, não a vi, questionei para uma das moças que trabalhavam no local e a mesma disse que fazia uns três dias que Josi não ia trabalhar, por questões pessoais.
Naquele final de semana, resolvi que não iria sair para uma festa, estava exausto, cansado de ser somente mais um final de semana de farra. Sai do meu serviço e passei em uma padaria, fiz meu pedido, paguei e quando me virei para sair a avistei.
Ela estava sentada em uma das mesas, em sua frente havia um homem, seu rosto estava vermelho, via ela balançando a cabeça negativamente, abaixando a mesma. O cara se levantou e saiu, a deixando lá, sozinha. Me aproximei devagar para não assusta-lá, sua cabeça se levantou e me encontrou, vi suas sobrancelhas se franzindo.
– Você está bem? - perguntei preocupado.
Josiane abaixou a cabeça, levou a mão para o rosto, limpando suas lágrimas.
– Está tudo bem.
Sua voz saiu embargada, senti um certo aperto no peito, me sentei na cadeira em sua frente, a quem ela estava querendo enganar?
– Eu... senti sua falta na loja essa semana. - Rapidamente seus olhos encontraram o meu, trocamos olhares por alguns segundos. – Você fica mais linda sorrindo.
Por um breve momento, um sorriso surgiu em seus lábios, a garota abaixou a cabeça sem jeito e sorri de canto. O silêncio era um pouco constrangedor, queria poder dizer algo a mais mas não sabia o que falar. Ouvi um soluçar e a mesma levar as mãos para o rosto, aproximei minha cadeira da sua e a puxei para um abraço apertado.
– Ei, eu não sei o que está acontecendo mas tudo vai ficar bem.
Ela só assentiu com a cabeça e envolveu seus braços em mim. Observei ao redor, algumas pessoas nos olhavam, bando de curiosos que não tem nada para fazer, fiquei um tempo tentando acalenta-lá, fazendo carinho em seus cabelos enquanto a garota parecia não ter fim em suas lágrimas, podia já sentir minha camisa molhada.
– Quer ir embora daqui? - Ela novamente concordou e se afastou, passando as mãos em seu rosto na tentativa de limpar suas lágrimas.
– Só vou acertar minha conta. – Sua voz saiu fraca.
– Não, tudo bem, eu pago, fique aqui.
– Mas...
Me levantei sem esperar por uma resposta e fui até o caixa, pagando sua conta. Seguimos caminhando até um jardim que havia por perto, nós sentamos em um dos bancos permanecendo em um silêncio, até ela finalmente resolver quebrar.
– Ai meu Deus, você deve estar achando que eu sou uma boba!
Encontrei com seus olhos, ela desviou parecendo estar um pouco envergonhada.
– Claro que não, todos nós temos nossos momentos ruins. - Josiane deu de ombros e soltou um suspirar.
– Porque vocês homens são tão idiotas?
Arqueei uma das sobrancelhas, em seu tom de voz parecia ter raiva e muita mágoa. Ela me encarou e ao perceber o que acabou de dizer, ficou sem jeito.
– Ai me desculpa, eu não...
– Tudo bem. - interrompi. – Pelo visto, você teve seu coração quebrado.
– É... - seu olhar desviou novamente do meu. – Eu fui abandonada no altar.
Tentei não mostrar o choque que havia recebido ao ouvir isso, que droga! Isso é pior do que eu imaginava, o que eu poderia dizer agora?
– Ah! Você não deve estar interessado nisso né? Como eu posso ser tão idiota?
Ela leva as mãos para o rosto, escondendo o mesmo. A observo em silêncio, tentando encontrar palavras sábias e não falar algo que a deixa ainda pior.
– Eu preciso ir... - Disse já se levantando, droga Douglas, reage! Me levanto e seguro seu braço.
– Espera! - Ela me olhou, encontrando seus olhos aos meus. – Eu sinto muito por isso.
– Não precisa sentir, muito menos ter pena de mim!
– Ei, calma! - Levantei as mãos em redenção e acabei deixando escapar um riso em vê-lá na defensiva. – Não estou com pena de você, só estou tentando ajudar. E pode ter certeza, esse babaca não te merece.
– Desculpa!
– Você só sabe pedir desculpas? - ela arregalou os olhos e acabei rindo. – Eu sei que você está na defensiva agora, você teve um coração estraçalhado e eu entendo, quer dizer... não cheguei ainda nesse ponto de estar prestes a casar, mas eu entendo.
Ela assentiu com a cabeça sem dizer nada, coço minha nuca, porque estou sem saber o que dizer? Esse não sou eu!
– Olha, aqui está meu número, se precisar de um ombro amigo, estarei aqui. - Tiro um cartão da minha carteira e a entrego. – Agora, você quer uma carona? Posso te deixar em casa.
– Ah não, eu moro aqui por perto mas obrigada.
A acompanhei próximo a esquina onde morava e segui para o meu apartamento. Os dias se passaram e eu não tive mais notícias da garota, o que de certa forma me fez ficar se perguntando em como ela estava, não é todos os dias que você é abandonado em um altar prestes a casar.
Três semanas depois, estava em um bar com meus amigos, de longe avistei uma garota que chamou minha atenção, era ela, eu a reconheceria de olhos fechados. Fiquei a observando de longe, ela parecia bem, estava acompanhada de um casal, quando a vi saindo de perto deles, vi uma oportunidade de me aproximar.
A segui até o banheiro, me escorei na parede do corredor esperando pela mesma, não demorou muito para ela sair, dei um sorriso de canto e fiz que não a vi, esbarrando na mesma e segurando seu corpo ao se desequilibrar.
– Me desculpa... eu não... - Ela parou de falar assim que ergueu sua cabeça e encontrou meus olhos. – Ah é você!
Rapidamente ela se afastou.
– Como você está?
– Bem, na medida do possível. - Assenti, coloquei as mãos em meu bolso.
– Eu... fiquei esperando por uma mensagem sua.
– Bom, eu não quis incomodar.
– Não seria incômodo nenhum. Fiquei preocupado sem saber como estava.
– Eu estou bem, obrigada por se preocupar.
Trocamos olhares por alguns minutos mas quando demos conta, já estávamos aos amassos naquele corredor. Nossas línguas se entrelaçavam, dançando em uma única sincronia, a pressionei contra a parede, ouvindo um gemido abafado escapar da sua boca. Afasto e sussurro.
– Vamos sair daqui?
Ela concordou e seguimos para o meu apartamento. Não queria me aproveitar da garota, nem algo do tipo, eu nem sabia direito o que estava fazendo e nem estava a obrigando fazer nada que não quisesse. Se entregamos um ao outro naquela noite e posso dizer que foi o melhor sexo que eu já tive em anos.
Passou de um, dois, três e vários outros finais de semanas no qual sempre parávamos na cama um do outro, até meus amigos, Josiane já conhecia. Não rotulamos nenhum relacionamento, assim como combinamos, éramos apenas dois amigos se pegando mas eu não tinha interesse nenhum em pegar outras mulheres, já estava ferrado, eu estava me apaixonando e isso me assustava.
Ficamos nesse vai e vem por meses, no casamento da Maitê, Josiane foi convidada mas ao vê-lá pegando o buquê, me desesperei, aliás sabia do quanto ela havia sofrido por ter sido abandonada e eu também por já ter sofrido, acabei fugindo dali, indo para a praia, podendo respirar ar puro e colocar os pensamentos em ordens.
Eu tinha medo de machucá-lá, ela era uma garota incrível, de um coração bom, talvez eu não fosse o suficiente mas como eu poderia saber se eu não tentasse? Após um balde de água fria, corri para alcançá-lá, antes que o táxi chegasse e a mesma fosse embora.
A avistei com o buquê em mãos, em frente da casa, corri e segurei em seu braço, a virando com tudo para mim e a tomando em um beijo. De início, ela pareceu levar um susto e recuar mas assim que percebeu que era eu, se entregou naquele beijo.
Sem fôlego, parei o beijo e encostei minha testa na sua, de olhos ainda fechado, sentindo tanto a minha quanto a sua respiração descontrolada. Ao abrir meus olhos, encontrei com os seus, vendo o brilho que continha nos mesmos. Trouxe minha mão e alisei seu rosto, ela fechou os olhos por um momento e afastei minha cabeça, podendo encara-lá melhor.
– Por que você está aqui fora? - Me fiz se desentendido.
– É, eu... pensei que você...
– Pensou errado. - A interrompi. – Josi nós precisamos conversar sobre nós.
Ela franziu a testa, um carro parou e chamou nossa atenção, desviei o olhar e era o táxi no qual ela havia pedido. Me aproximei do carro e pedi desculpas, dizendo que houve um engano, o mesmo resmungou mas saiu. Voltei minha atenção para ela.
– Podemos ir para o meu apartamento?
Ela concordou e seguimos para o meu apê em silêncio. Ao chegarmos, nós sentamos no sofá, de frente um para o outro, dentro de mim, se formava uma confusão e principalmente medo. Desviei o olhar para o buquê ainda em suas mãos, ela suspirou e a encarei.
– Você foi a premiada, então?
– Dodô isso é uma coisa que eu prefiro não comentar.
Ela deixou o buquê em cima da mesinha de centro, estiquei minha mão e peguei na sua, entrelaçando nossos dedos.
– Desculpa eu não quis te fazer lembrar.
– Eu já não ligo mais. - Seus olhos cruzaram com o meu, senti meu coração se acelerando.
– Josi olha, me perdoa se eu fiz algo que te magoei, essa não é minha intenção e nunca será. Mas precisamos rotular isso que está acontecendo entre a gente. - Ela franze a testa.
– Aonde está querendo chegar Dodô?
Me sentei mais próximo dela, podendo ouvir sua respiração pesada.
– Talvez para você ainda seja recente em dizer que sente algo por mim mas para mim não. Desde que nós começamos a se relacionar, eu não tive interesse em nenhuma outra mulher e isso que estamos vivendo, está sendo gostoso para mim e até demais. Eu tenho medo, porque como sabe, também tive meu coração quebrado mas estou aqui agora, disposto a tentar mesmo correndo o risco de sofrer outra vez. Eu quero um relacionamento de verdade com você, quero ser seu namorado, seu melhor amigo quando precisar de um ombro amigo, quero andar de mãos dadas com você pela rua, te apresentar para minha família e meus amigos como minha namorada Josi. Você é a garota mais incrível que já conheci e que não merecia passar pelo o que passou. Eu estou apaixonado, isso é a verdade e não irei fugir desse sentimento por medo. Só preciso de uma única resposta, você aceita entrar nessa comigo?
Seus olhos me analisavam cheio de água, será que eu disse algo de errado? Josi era sensível, sempre tentei cuidar com as palavras porque qualquer coisa, ela já estava chorando. Não a julgo, porque é desse jeitinho que ela me conquistou.
– Seria mentira se eu dissesse que não estou tendo sentimentos por você, nunca falei nada antes porque achei que eu era apenas mais uma. E se eu não tentar, irei me culpar pro resto da vida, por deixar um cara tão incrível como você, escapar assim. Então, estamos no mesmo barco Dodô. Você apareceu em um momento onde pra mim, tudo estava indo por água a baixo. Eu só peço paciência porque tudo é muito recente, mas tudo que eu mais quero, é poder compartilhar a vida com você!
Ela abre um sorriso lindo, retribuo o sorriso, aproximando minha boca da sua e selando nossos lábios.
– Eu darei o meu melhor sempre por você!
– Não tenho dúvidas disso Dodô.
Entrelacei meus dedos em seu cabelo e a puxei para um beijo calmo, tentando demonstrar todo o sentimento que estava sentindo . Agora, parando pra perceber o meu coração acelerado, o friozinho na barriga e a ansiedade de sempre te-lá nos finais de semana, mostra o quão envolvido estou com essa mulher. Deixei de ser um cafajeste para virar um Homem de verdade, aos poucos, a vida vai se endireitando e caminhando para frente, nem tudo está perdido.

Uma parte de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora