Capítulo 34

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MAITÊ

Depois do susto que Lucca me deu, estou mais aliviada em saber que ao menos ele, quer ter uma relação de irmão comigo. É claro que isso é estranho, eu o conheci a dias mas tinha algo nele que chamava a minha atenção e agora entendo o porque, temos alguns costumes e gostos parecidos. Partiu meu coração ouvindo ele falar bem do nosso pai, quer dizer, fico feliz que pelo menos para ele, ele foi um pai de verdade, mas me dói por não saber o que é isso e não sei se um dia eu saberei, porque não sei se consigo perdoar por tudo que fez.
As noites estavam sendo turbulentas, saber que Gui está em qualquer lugar desse mundo, não me deixa em paz. Queria tanto saber como ele está, Dona Isabel e senhor Fernando até acharam que encontrariam a maluca da Bianca e o pai dela, em um chalé que eles tem em Angra dos Reis mas estava vazia, sem nenhum sinal deles, eles simplesmente se sumiram do mapa como se nunca tivessem existido.
Fui visitar Mauro novamente, ele me contou a história do porque foi embora, da sua imaturidade e o quanto se arrependeu ao longos dos anos, até senti sinceridade em suas palavras mas ainda assim, para mim, eu fui rejeitada. Lucca também andou indo o visitar, querendo entender a história também e ele disse que sua mãe sabia, que foi ela quem pediu para ele falar a verdade, correr atrás e concertar as coisas comigo.
Dona Isabel implorou para que eu fosse morar no apartamento do Gui, que montasse o quartinho da neném lá, deixasse tudo prontinho porque faltava pouco para que ela viesse ao mundo e que logo, Gui também estaria de volta para nós.
Com a ajuda dos nossos amigos, se mudamos para lá e vou confessar que estar no lugar onde tive grandes momentos com ele, só piorou a minha ansiedade de vê-lo novamente. O seu cheiro ainda estava ali, eu sentia a sua presença ainda mais perto de nós e não só eu sentia isso, Valentina parecia sentir ainda mais pois não parava quieta dentro da minha barriga.
Estava difícil em se concentrar na faculdade com as buscas a todo vapor, eu estava parecendo um zumbi, mas era necessário, como bolsista não poderia mais perder uma aula se quer, ah não ser claro, quando Valentina nascesse.
– Droga! - Sussurrei.
– O que foi princesa? - Dodô me olhou assustado.
– Maitê está tudo bem? – Lucca olhou para baixo, arregalando seus olhos.
– AHHH MEU DEUS! SUA BOLSA ESTOUROU! - gritou Aline.
Todos naquela universidade, olharam para nós, ah que ótimo. Daí em diante, foi só gritaria e eu tentei me concentrar na minha respiração, não queria que Valentina nascesse sem a presença do Gui mas dois meses já haviam se passado e ainda não o encontraram, ela não poderia esperar por mais, estava na hora!
Em questão de minutos, estava dando entrada no hospital, ainda não havia nenhuma dilatação e sinal de contração. Mamãe entrou comigo, ela ficou o tempo todo do meu lado me dando forças e ajudando com os exercícios. Depois de três horas, as dores começaram a aparecer e foram piorando com o passar do tempo, fiquei por horas sofrendo até finalmente ouvir:
– Vamos! Está na hora!
Eu gritei, chorei, estava exausta, cansada, ah como é  difícil. Quando ouvi finalmente o seu chorinho, relaxei e respirei aliviada, as lágrimas derramaram em meu rosto e só pedi mentalmente a Deus para que Gui fosse de uma vez encontrado, é tão cruel ele ter perdido esse momento, eu nem sei como ele está, se está sendo bem tratado ou se estão o mal tratando.
– Ela é linda! - Sussurrou minha mãe.
Uma das enfermeiras a colocaram em meus braços, um sentimento único, avassalador, tomou conta de mim, ela era simplesmente a coisa mais linda desse mundo, modéstia à parte, seus cabelinhos bem pretos, olhos escuros, uma verdadeira mistura de nós dois.

Uma das enfermeiras a colocaram em meus braços, um sentimento único, avassalador, tomou conta de mim, ela era simplesmente a coisa mais linda desse mundo, modéstia à parte, seus cabelinhos bem pretos, olhos escuros, uma verdadeira mistura de nós dois

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