Testemunha

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Alice narrando

Estávamos no carro á caminho da casa da dona Maria.

Eu estava muito nervosa. Cada vez que Paulo se aproximava com o carro, da minha antiga cidade, me fazia ter um treco.

Já estávamos no meu antigo bairro, e a ansiedade e nervosismo me consumia dos pés a cabeça.

Meus pés não paravam quietos e minhas mãos não ficavam paradas em um lugar certo, ou eu mexia no cabelo, no banco do carro, na janela, estralava os dedos...

- Calma vai ficar tudo bem- Me acalmou o delegado, segurando minhas mãos suadas.

Eu apenas assenti, não conseguia falar nada.

Ele veio ao meu lado nos bancos de trás e Paulo dirigindo.

[...]

Chegamos enfrente a casa de dona Maria, a ao lado estava a casa em que eu tanto sofri.

Assim que descemos do carro, os meninos foram até o portão de dona Maria, mas eu não consegui me mexer, fiquei parada olhando o lugar que eu já chamei de casa.

Sem que eu percebesse, lágrimas começaram cair dos meus olhos.

Mas rapidamente eu sequei e fui até os meninos que me esperavam.

Eles já tinham apertado a campainha, pois minha antiga vizinha já saia para o lado de fora.

- Boa tarde- Falou Paulo.

- Boa tarde. Em que posso ajudá-los?- Perguntou a senhora de 73 anos a nossa frente.

Eu estava atrás do policial, não deixando a mulher me ver, então saí de trás do mesmo e me aproximei da senhora.

- Preciso da sua ajuda dona Maria- Digo pegando a mesma de surpresa.

- Menina!- Disse me abraçando fortemente- O que faz aqui? Achei que tivesse fugido- Falou ela- Entrem, entrem- Manda eu e os meninos entrar.

Nós adentramos a casa e foi difícil não olhar cada canto que continha uma memória. A maioria era triste, até por que, aqui era meu refúgio.

- Sente-se- Pediu dona Maria.

- Dona Maria esses são Matheus e Paulo- Os apresentei.

Eles se cumprimentaram e a senhora foi buscar café para nós. Quando voltou, se sentou na minha frente e me encarou.

- Como posso te ajudar querida?- Perguntou preocupada.

Suspiro.

- Tudo começou quando...- Conto toda a história pra ela. Quando o infeliz me achou, a internação, a invasão na minha casa e onde eu moro atualmente.

- Preciso que a senhora seja a minha testemunha contra o Gabriel. Você foi a pessoa que mais me ajudou, a senhora presenciou as brigas e agressões, escutou as minhas queixas e tirou foto dos meus hematomas. Pode me ajudar?- Perguntei.

- Claro minha flor! Graças a Deus que esses rapazes te ajudaram. Finalmente você vai conseguir colocá-lo na cadeia- Diz aliviada - Fiquei tão feliz quando você fugiu! Ele saiu feito um louco na rua, gritando seu nome, quebrando tudo na casa- Fala rindo.

- Ele ainda mora aqui do lado?- Perguntou o delegado.

- Sim, mas só aparece de vez em quando. Acho que voltou a morar com os pais. Tem vez que aparece só duas vezes por mês- Explica a senhora.

Disfarçadamente eu solto um suspiro de alívio.

Começamos a conversar mais um pouco, ela contou algumas coisas sobre a rua, Gabriel... E os meninos começaram a interagir mais com a senhora. Paulo como um bom folgado já pegou intimidade a chamando de Tia Maria, fazendo brincadeira e abraçando a mesma.

Já ia dar o horário do almoço e nós tínhamos combinado de almoçar com a Clara. Então nos despedimos da senhora, que ficou muito brava por não almoçarmos em sua casa.

Assim que íamos entrar no carro, alguém me chama.

- Alice?!- Chamou a pessoa.

Só de escutar a sua voz eu já congelei.

Meu DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora