Finalmente em casa!
O delegado e Paulo me deixram na minha residência e foram trabalhar.
Mas antes fizeram um longo discurso sobre me cuidar, não fazer esforço, ligar se precisar e não me preocupar com refeições e limpeza da casa, pois eles iriam providenciar isso.
Obviamente eu fui contra, mas não consegui os convencer do contrário. Me senti muito envergonhada por ter os dois "cuidando" de mim. Nunca tive isso na vida, sempre fui eu por eu mesma. Minha mãe me abandonou com meu pai, que me trocou por um rabo de saia e Gabriel bom... ele parecia mais um ditador que queria mandar do que me proteger ou cuidar de mim.
Falando nele...
A todo custo tento criar coragem e falar para o delegado sobre o ocorrido e denunciar meu ex, mas não consigo, o medo não permite que eu tente colocá-lo atrás das grades. O pai de Gabriel era policial e isso o ajudava a se livrar das acusações. Já tentei denunciá-lo mas ele se livrava e depois sobrava pra mim.
Respiro fundo ao me lembrar dele e vou para o banheiro com um pouco de dificuldade. Meu pé não estava bom e meu corpo doía muito, principalmente as costas.
Fiz minhas necessidades e saí do cômodo voltando para cama. Me deitei e capotei.
[...]
Acordei com o som de armários abrindo e fechando. Levantei num pulo, achando que a casa tinha sido invadida.
Gemi de dor por ter levantado rápido demais.
— Ta tudo bem?- Perguntou Paulo entrando no quarto preocupado.
— Sim, só levantei rápido- Expliquei- O que faz aqui?- Perguntei confusa.
— Viemos trazer sua janta- Disse simples saindo do quarto.
Viemos?? Matheus veio também?? Como entraram?
Com essas perguntas eu saio de cômodo e vou até a cozinha onde encontro os dois mexendo em umas sacolas.
Minha casa era pequena, na entrada é a cozinha, depois um corredor que no meio fica o banheiro e no fim o meu quarto.
— O que fazem aqui? Não deviam estar trabalhando?- Perguntei encarando os dois.
— Nosso horário acabou- Falou o delegado desviando o olhar para a parede.
Por que ele des...
Puta merda! Eu tô com um pijama curto, que dependendo dos meus movimentos mostra até meu útero.
Sinto minhas bochechas arderem com a visão da minha roupa.
— Se senta- Disse Paulo apontando para a cadeira enfrente a mesa, onde tinha um prato com feijoada.
— Não precisam se preocupar, posso me virar- Falei para os dois.
Eu não queria dar trabalho, afinal, eles nem me conheciam, eu era uma completa estranha que eles estavam ajudando mais do que o normal.
— Senta logo, toco de gente - Disse o moreno me zoando pela altura.
Podemos dizer que eu sou um pouco baixa, só um pouquinho. Tenho 1,57. Mas os dois são duas girafas, chuto que Paulo tenha 1,75 e Matheus 1,83.
Não saio do lugar e fico parada em forma de repreensão pela brincadeira.
Só vejo o delegado vindo até mim e me pegando no colo estilo noiva. Grito pela surpresa.
Mesmo com os meus protestos ele me levou até a mesa e me colocou sentada na cadeira.
— Agora come- Mandou se sentando ao meu lado.
[...]
Comemos os três juntos. Eles contavam sobre seu dia na delegacia enquanto eu apenas ouvia.
Depois eles ficaram mais um pouco e foram embora por volta de umas 22:00 da noite. Antes de saírem fizeram novamente um grande discurso sobre me cuidar, trancar tudo e deixar o celular perto caso eu precise. Também deixaram claro que era para eu não excitar em chamá-los se algo acontecer.
Confesso que gosto de como me tratam. São cuidadosos e me respeitam.
Matheus e Paulo estão sendo mais do que pessoas que me salvaram, estão se tornando meus amigos. Eu nunca tive isso, sempre fui sozinha, excluída e deixada de lado.
Quando o Gabriel apareceu me tratando bem, parecendo se importar comigo eu me apeguei a ele. Deixei que fizesse o que quisesse comigo, não importava o que ele fazia, se estivesse ao meu lado parecendo se importar com a minha presença, eu o perdoava, até pelas as ameaças, ciúmes excessivo, agressões e humilhações.
Aceitava as migalhas que ele me dava e ainda achava incrível. Eu me apeguei emocionalmente nele, e foi essa a minha perdição.
Agora eu percebo que nunca me apaixonei por ele, nunca o amei. Eu gostava de alguém se importa comigo, de alguém fazer questão de me ter em sua vida.
Eu inventei um homem na minha cabeça pra me convencer de que ele era bom.
Tudo isso por não ter sido amada... amada pela minha mãe, meu pai ou minha madrasta.
O que fizeram comigo??
Quem sou eu?!
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Meu Delegado
Любовные романыAlice se vê livre ao terminar um relacionamento tóxico de dois anos. Ela consegue seguir sua vida, onde começa a faculdade de dança na cidade de São Paulo. A garota estava feliz com seu recomeço, mas a aparição repentina de seu ex muda tudo. O dele...