Sonho

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- Como assim dona Rô? Você me ligou ontem, me aconselhou a não ter medo de arriscar e dar uma chance para o Matheus- Digo desacreditada.

Como não me ligou?! Eu vi o nome dela brilhando na tela do celular de madrugada. Nós conversamos e era ela!

- Querida meu celular caiu na privada a três dias atrás, ele está no conserto desde o acidente. Eu estava e estou sem contato nenhum- Explica me encarando.

- Mas como? Aqui ó, seu nome...- Mostro o celular com minhas chamadas recentes, mas o nome de dona Rô não estava no mesmo- Era pra estar aqui. A ligação que eu tive ontem de madrugada- Digo procurando o nome na lista.

- Não vai aparecer porque eu não te liguei- Diz a senhora.

- E quem me ligou?- Pergunto mais pra mim mesma.

- Não sei meu bem- Fala tristonha.

Eu juro que não estou louca!

Eu recebi uma ligação ontem da dona Rô, nós conversamos e ela me aconselhou!

- Mudando de assunto. Eu queria te contar algo que aconteceu ontem- Faz uma pausa- Eu tive um sonho muito estranho, faz anos que não tenho sonhos assim, desde que saí da igreja nada me é revelado por eles-

Dona Rô era evangélica, quando era mais nova ela era muito presente na igreja. Era evangelista e evangelizava pela música, cantava lindos louvores na igreja. Mas então ela acabou sofrendo assédio pelo pastor da igreja, ela contou a todos pensando que eles a defenderia, mas foi totalmente ao contrário. Todos a julgaram como sem vergonha e a acusaram estar com coisa ruim no corpo.

No fim, saiu da igreja e nunca mais se aproximou da religião. Mas isso não diminuiu seu amor e respeito por Deus e os evangélicos.

- No sonho, duas  pessoas brigavam no portão de uma casa. A moça que estava brigando, tentou entrar numa casa a força para socorrer uma menina, quando foi empurrada para o meio da rua e um carro a atropelou. Ela gritou bem alto "ALICE".
E então eu acordei no meio da madrugada. Queria te ligar mas como eu disse que estou sem celular- Conta dona Rô.

Meu olhos está amos cheios de lágrimas. Por algum motivo eu tinha me emocionada com o sonho, de alguma forma ele me tocou.

- Não vou mentir para você, achei o sonho parecido com uma lembrança que uma pessoa me contou- Diz relembrando de algo.

- Quem?- Pergunto confusa.

- Seu pai-

- Ele veio aqui a sua procura depois que você foi falar com sua antiga vizinha. Parecia estar arrependido pelo que fez e deixou de fazer. Me contou sobre sua mãe também- Disse meio culpada.

- Como?- Falei chocada.

Meu pai veio atrás de mim, conheceu dona Rô e falou pra ela sobre a minha mãe?! Ele odiava citar o nome dela em sua casa, a única coisa que me contou sobre a mesma é que ela havia me abandonado.

- Ele me contou que o relacionamento entre os dois não eram saudável. Ele era muito ciumento e ela gostava de ser livre. Quando ela engravidou de você ela ficou muito triste porque seria forçada a ter contato com ele, justo no momento que ela tinha tomado atitude e terminado tudo. A gravidez fui muito conturbada, o pior foi quando ela te teve, acabou tendo depressão pós parto. Seu pai não á compreendia, só a colocava pra baixo, a xingava e impedia da mesma sair de casa.

Ela se cansou e decidiu ir embora, não aguentava mais aquela relação e a responsabilidade de ser mãe. Seu pai ficou furioso e se tornou o homem que você conheceu... Anos depois ela retornou, queria te ver e pegar sua guarda, ela se arrependia de ter te deixado com ele, mesmo sabendo que ele era explosivo, ciumento e rancoroso sua mãe te deixou nas mãos dele, se martilizou e voltou depois de se recuperar de tudo.

Ele não permitiu que ela te visse ou se aproximasse de você. Em uma tentativa de ter contato com você seu pai a empurrou na rua, onde ela foi atingida por um carro.

Ele conta que nunca soube se ela está viva ou morta, nunca o procuraram, nem mesmo a polícia- Finaliza ela.

Eu estava em choque, lágrimas escorriam pelo meu rosto mais eu não tinha reação nenhuma.

Cheguei aqui para falar de mim e o Matheus e recebo essas informações?! Que minha mãe assim como eu, passou por um relacionamento tóxico, fugiu e me deixou com meu pai, e quando se arrependeu, voltou para me pegar mas meu pai a impediu e ainda fez com que ela sofresse um acidente, e desde então, ela tomou doriu, ninguém sabe, ninguém viu.

Era muita informação de uma vez!

- Sinto muito querida- Fala dona Rô me puxando para um abraço.

Ali em desabei, chorei até soluçar. Não me importava se os clientes iriam ouvir ou não. Só queria tirar aquela dor do meu peito de alguma forma.










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Oi gente!

Eu queria deixar bem claro que a história da dona Rô não é uma afronta a religião e peço perdão se alguém se sentiu ofendido com isso. Meu intuito nessa e em outras histórias da minha autoria, não é atacar religiões, costumes sexualidades ou gêneros.

Nessa história e em futuras que eu criarei, sempre será abordados temas polêmicos. Na maioria das vezes, eu me inspiro em histórias de conhecidos, amigos ou familiares. Eu abordei o assédio numa igreja e religião específica por que é uma das características da realidade que uma conhecida passou, e eu queria abordar esse acontecimento. Mas isso não quer dizer que só acontece na igreja evangélica, acontece em outras igrejas e religiões.

Bom, é isso. Só queria esclarecer mesmo, antes de vir comentários desnecessários.

Meu DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora