Para a delegacia

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Alice já tinha sido atendida, eu estava esperando notícias dela.

Sou despertado com a médica que cuidou dela da última vez que vimos aqui, se aproximando.

- Boa tarde delegado- Me cumprimenta.

- Boa tarde doutora- Respondo.

- A senhorita Rodrigues está estável no momento. Tudo indica que foi uma crise  de ansiedade bem forte. O ataque acarretou no desmaio dela junto com a queda de pressão.
Saberia o motivo dessa crise?- Perguntou olhando a ficha.

- Não, infelizmente- Suspiro.

- Tudo bem. Ela está dormindo no quarto 248- Informa antes de segurança para o balcão.

Sigo pelos corredores do hospital até chegar no quarto indicado pela médica. Abro a porta do mesmo e encontro minha pequena florzinha deitada na cama, enquanto tomava soro na veia.

Me aproximo da mesma e encaro seu rosto pálido.

- O que aconteceu com você florzinha?- Pergunto a mim mesmo enquanto passo os dedos por sua face.

Vê-la assim, só me faz relembrar quando ela ficou hospitalizada por conta daquele imbecil.

[...]

Depois de 30 minutos, vejo Alice despertar aos poucos.

Fico do seu lado e a mesma me encara tristonha. Solta um suspiro e estende a mão para eu ajudá-la a se sentar.

Em silêncio eu abraço a mesma, para tranquiliza-lá e demonstra o meu apoio.

- Não sei o que aconteceu, mais saiba que eu estou aqui- Falo fazendo carinho em seu cabelo.

- Obrigada- Susurrou.

Passamos alguns minutos abraçados quando ela se afastou e encarou meu rosto.

- Pode me ajudar em uma coisa?- Perguntou com a voz trêmula.

- Claro! Qualquer coisa- Falo.

- Quero que me ajude a encontrar uma pessoa- Diz brincando com seus dedos da mão.

- Quem?- Arqueio a sobrancelha em curiosidade.

- Minha mãe...- Fala em tom tristonho.

Seja lá o que aconteceu com Alice, tem haver com sua história...especificamente, seus pais.

- Vou pedir para uma amiga detetive procurá-la. Qual o nome?- Pergunto.

- Andreia Santos Rodrigues- Diz.

Assinto e seguro a mão da mesma.

- Eu estou aqui, sempre que precisar eu estarei aqui florzinha- Digo dando um beijo nas costas de sua mão.

Ela me deu um pequeno sorriso.

Já era alguma coisa.

- Alice?- Chama Clara entrando no quarto.

- E ae tampinha. Deu um susto na gente- Fala Paulo entrando no quarto também- Essa água de salsicha veio o caminho todo nervosa - aponta para Clara de só revira os olhos.

- Mais né?!- Completa ele.

- Está melhor Lice?- Pergunta clara se aproximando da mesma.

- Um pouco- Diz com a voz mais firme.

Alice e Clara engajaram em uma conversa sobre a faculdade, enquanto eu e Paulo falávamos sobre o boletim de ocorrência contra o ex da Alice, no corredor.

- Karina disse que já podemos fazer o boletim. Mas depois de hoje, eu não acho que seja uma boa ideia falar isso para a Alice. Ela vai ficar preocupada, de cabeça cheia- Digo tomando um café que peguei no refeitório- Enquanto ela não sabe sobre a aproximação dele, eu coloquei umas pessoas para fazer a segurança dela e o uma viatura rondando o apartamento quando eu não estou-

- Concordo contigo cara. A pequena tá passando por muita coisa. Óbvio que ela tem que saber que aquele maluco tá rondando a faculdade dela. Mas no momento isso só vai piorar a saúde dela, tantos mental quanto física- Fala Paulo sério.

- Ele está rondando a minha faculdade?!- Perguntou Alice assustada na porta do quarto, nos pegando desprevenido.

Eu e Paulo nos olhamos e ficamos sem saber responder.

Mentir só iria piorar a situação já que ela provavelmente escutou a conversa.

- Florzinha, nós...- Fui interrompido pela mesma.

- Quando eu sair do hospital vamos fazer a denúncia- Diz voltando pra dentro quarto.

Merda, merda, merda. Mil vezes merda!

Por que ela tinha que estar logo atrás?!!

Paulo me olhou como se estivesse pedindo desculpas.

Nos entramos novamente no quarto e logo em seguida entrou uma médica e a enfermeira que cuidou de Alice quando a mesma estava internada.

- Boa tarde- Disse as duas.

A médica viu o prontuário Alice, receitou descanso e indicou um psicólogo.

A enfermeira ajudou a Florzinha a tirar o acesso do braço já que a mesma tinha ganhado alta.

As duas ficaram conversando baixinho e depois de pronta e com roupas normais todos saímos do hospital.

- Para a delegacia por favor- Pediu Alice ao entrar no carro.

Paulo levou Clara pra casa e eu a pequena seguimos para a delegacia em completo silêncio.

Ela estava nervosa e chateada, podia sentir isso. Entendo ela, afinal estávamos escondendo informações importantes sobre sua vida.

Mas tive meus motivos...espero que ela me entenda.



Meu DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora