Meu Delegado

Afastado

Quando o depoimento terminou eu estava com olhos vermelhos e inchados, e a cabeça explodindo. Tudo que eu queria naquele momento era um banho bem quente e minha cama.

A delegada chamou Matheus e Paulo, que já estava a par de tudo, para sua sala conversar. O advogado entrou com uma medida protetiva contra o Gabriel e a prisão preventiva. Não me sinto segura sabendo que ele sabe onde eu estudo, onde eu trabalho e provavelmente onde eu moro atualmente.

Se dona Rô já não me deixava trabalhar antes, imagina agora. E no momento, eu até prefiro assim. Deus me livre aquele  loco vir atrás de mim e acabar machucando a minha mãe de consideração.

Saio dos meus pensamentos com uma voz me chamando.

- Então você que é a famosa Alice- Diz um homem ruivo, de porte grande e alto.

Arqueio uma de minhas sobrancelhas e encaro o mesmo.

Eu já escutei essa voz antes.

Fico olhando o mesmo até me lembrar.

- Ah, você é um amigo do Matheus né? Castro?- Falo o nome de um colega dos meninos que já participou de uma chamada de voz nossa.

- Meu Deus! Ela sabe meu nome- Diz surpreso.

Rimos de sua reação.

- Sou eu mesmo, Leandro Castro- Fala estendendo a mão para um cumprimento.

- Alice Rodrigues, mas acho que você já sabe- Digo cumprimentando o mesmo.

- E quem não sabe. Todo mundo na delegacia te conhece- O olho confusa- Você é a namorada do delegado, a única que conseguiu amansar aquela fera- Diz brincalhão.

- Ele não é tão bravo- Minto.

Se eu não soubesse como ele realmente é, morreria de medo da sua cara de mau. Até quem não deve nada á polícia assume alguma coisa, só pelo mau encarado do delegado.

Matheus é esquentadinho e sem paciência, mas comigo é um amor.

- Aonde é que aquilo é manso pelo amor de Deus?!- Rio de seu sotaque nordestino que deu um "charme" na fala.

- Tampinha?- Chama Paulo, me fazendo virar e ver o mesmo ao lado do delegado- Está melhor?

Assinto e encaro o moreno ao seu lado, que tinha ombros tensos, braços cruzados e cara amarrada.

Como pode ser gato assim?!

Isso complica o meu lado.

- Vamos?- Pergunta Matheus encarando Leandro.

- Sim- Digo simples.

Nos despedimos de Paulo e Leandro e fomos para casa.

[...]

O caminho foi em completo silencio. Tenho certeza que a conversa com a delegada foi acalorada, pois duvido que aquela carranca que ele estava na cara era só ciumes.

Assim que entramos no apartamento fui recebida com muito entusiasmo por jack. Ele me dava vários lambeijos e pedia carinho.

Brinquei um pouco com ele e depois fui fazer a janta, enquanto Matheus tomava seu banho.

Quando estávamos jantando senti ele menos tenso. Queria conversar com ele mais não queria encher seu saco e invadir seu espaço.

- Fui afastado da delegacia- Solta a bomba me deixando surpresa.

- O que?? Mas por quê?- Pergunto aflita.

Ele suspira.

- Não é bom que eu tenha contato na delegacia como delegado porque isso poderia ser usado contra você pelos Vasconcelos. Eles poderiam insinuar que eu uso meu cargo para tirar vantagens para você, dar informações... ter certa influencia no caso. Fora que eu sou uma de suas testemunhas e estamos em um relacionamento- Explica o mesmo.

Me sentia péssima naquele momento.

O sentimento de culpa me consumia por ter prejudicado seu trabalho. Nem tinha passado pela minha cabeça que isso provavelmente iria acontecer.

- Desculpa- Falei encarando meu prato- Não sabia que iria te prejudicar.

-Ei - Fala levantando meu rosto o me fazendo o encarar - Você não tem culpa ok? Eu já previa isso, só achei que demoraria mais tempo... Pelo menos agora vamos poder passar mais tempo juntos- Diz mostrando algo positivo em seu afastamento.

Dou de ombros ainda me sentindo culpada.

Recolho os copos, pratos e talheres e vou lava-los.

Enquanto jogo agua nos mesmos sinto braços fortes em volta da minha cintura.

Logo Matheus coloca sua cabeça na curvatura do meu pescoço, me fazendo arrepiar dos pés a cabeça pelo seu toque.

- Desculpa não ter te falado antes sobre ele estar rondando sua faculdade. Não queria te deixar preocupada, afinal, você estava tão bem- Fala dando beijinhos em meu ombro.

- Tudo bem, eu te entendo. Só não faça mais isso por favor- Peço me virando ficando de frente com o mesmo.

Ele assente.

Segura meu rosto com uma de suas mãos e me puxa para um beijo carinhoso.

Nos separamos com alguns selinhos e ficamos abraçados sem dizer nada, apenas apreciando a companhia um do outro.