Alice narrando
Acordei espontaneamente. Olhei para o lado e Matheus dormia calmamente enquanto abraçava minha cintura.
Com cuidado saí de seu aperto e fui para o banheiro. Fiz minha higiene e fui ver o horário.
05:30
Por que caralhos eu tô acordada á essa hora?!
Vi que o sol estava nascendo. Achei uma boa ideia vê-lo na praia, até por que não é todo dia que eu consigo ver essa paisagem.
Volto para o quarto e fico com dó de acordar Matheus. Então coloco uma roupa, deixo um bilhete para o mesmo e vou para a praia.
Chego na areia e vejo tudo deserto, não tinha ninguém ali.
Resolvo dar uma volta até encontrar umas pedras, onde me sento e aprecio a visão.
O sol estava nascendo e o céu tinha uma mistura de laranja, azul e amarelo que deixava a paisagem ainda mais linda.
Não tinha muito movimento de carros ou motos, nem de pessoas gritando. Ali estava calmo, e eu adorava a paz daquele momento.
[...]
Sentada sobre a pedra eu segurava as poucas conchas que peguei um tempinho atrás. Estava brincando com elas quando uma voz chamou a minha atenção.
- É lindo aqui-
Olho para trás e vejo uma mulher branca, dos cabelos castanhos escuros e olhos castanhos.
Bonita
- É mesmo. A melhor paisagem é a do nascer do sol ou quando ele se põe- Comento me virando para a paisagem novamente.
- Posso me sentar?- Pergunta ela apreensiva.
Balanço minha cabeça positivamente e ela se senta ao meu lado.
Ela vestia um vestido preto que ia até a coxa, diferente de mim que uso um vestido roxo que vai até meu tornozelo.
- Alice- Estendo a mão para a mesma.
- Ariane- Fala me cumprimentando.
Ficamos em silêncio, apenas admirando a visão a nossa frente.
Ela estranhamente me parecia familiar, o que de certa forma me trazia conforto.
- Você não é daqui né?- Comento ao notar um pequeno sotaque de seu português.
- Na verdade sou. Nasci e cresci no Brasil, mas com 23 eu foi para a Itália e moro lá. Então meu português não tá aquelas coisas- Diz brincando.
Olho para a mesma me perguntado se já a vi em algum canto.
Observo seu rosto e vejo traços familiares com os meus.
Mas o que me chama atenção é uma rosa vermelha tatuada atrás de sua orelha.
- Está tudo bem?- Me pergunta quando nota que a observo.
- Sim, apenas...te acho familiar- Digo dando de ombros esquecendo essa familiaridade momentânea.
- Mora aqui no litoral?- Perguntou mudando de assunto.
- Não, vim a passeio com o meu namorado- Digo brincando com as conchas em minha mão.
- Então somos duas- Comenta sorrindo- Vim com o meu marido, ele não conhecia as praias brasileiras-
Seu tom de voz era doce ao falar do companheiro. Isso me mostrava que ela o amava, só por seu olhar apaixonado e voz calma.
Mas uma vez o silêncio cai sobre nós. Mas não era desconfortável.
- Vi uma matéria na televisão sobre seu caso- Diz me pegando de surpresa.
Depois que dei algumas entrevistas, as pessoas começaram a me reconhecer na rua. A maioria me olhava com dó e pena, algo que eu me incomodava, mas Ariane não me olhava assim, seus olhos brilhavam quando a mesma me encarava, podia ver muitos sentimentos ali, menos pena.
- Não sente pena?- Perguntei a encarando.
A mesma observa meu olhos e depois responde.
- Não... por mais que seja triste o que aconteceu com você, eu sei que você não precisa da minha pena, você precisa de justiça- Diz firme.
- Você foi um exemplo de mulher. Que mesmo nova, passou por tanta coisa e conseguiu erguer a cabeça e seguir adiante. Tu é muito venerada na minha família- Comenta sorrindo ao falar "familia"
- Sou?- Pergunto confusa.
Ela assente e logo me encara.
- Minha irmã passou pelo mesmo que você e infelizmente não conseguiu sair viva- Diz com olhos marejados- Minha nora foi vítima de abuso sexual durante o ex relacionamento dela. Ela entrou em depressão e tentou tirar a vida diversas vezes, nenhum de nós conseguíamos ajudá-la...mas você conseguiu-
- Sua história motivou ela a buscar ajuda, a passar no psicólogo e a seguir em frente. Hoje ela e meu filho são casados e eu tenho um neto- Diz dando uma leve risada- Se você não tivesse ajudado ela eu não estria aproveitando o meu neto e nem viveria a melhor fase da minha vida sabendo que meu filho viveria infeliz pela esposa. Você não merece olhares de pena, merece ser reconhecida e admirada pela força e fé que teve- Fala segurando minha mão.
Não preciso nem dizer que meu rosto estava cheio de lágrimas grossas.
- Queria que minha irmã tivesse o mesmo final que você e a minha nora, mas sei que era para ser esse o final dela, afinal, nada nessa vida é em vão, tudo tem o por que...né?- Me pergunta doce.
Assinto secando as lágrimas que caiam sem parar de meus olhos.
As palavras dela era acolhedoras, não conseguia explicar a sensação de seu apoio e admiração por mim.
- Posso de dar um abraço?- Pergunto tímida.
Ela assente chorosa e me abraça.
Não sei o que aconteceu e como aquilo aconteceu, só sei que parecia que eu estava em casa, em paz comigo mesma, sentindo apenas alegria e paz que aquele abraço me proporcionava.
- Você me lembra tanto ela- Sussurrou para si.
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Meu Delegado
RomanceAlice se vê livre ao terminar um relacionamento tóxico de dois anos. Ela consegue seguir sua vida, onde começa a faculdade de dança na cidade de São Paulo. A garota estava feliz com seu recomeço, mas a aparição repentina de seu ex muda tudo. O dele...