Latidos

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Depois de passar a tarde com Dona Rô eu fui para casa. Chegando lá eu não pude conter as lágrimas que desciam sem parar.

Me jogo no chão desabando em choro. Escondo meu rosto com os joelhos e soluço em meio a sentimentos de pura tristeza, raiva, culpa e confusão.

Triste pelo que minha mãe passou, triste por saber da verdade sobre ela.

Culpa por ter a julgado por tanto tempo, sendo que ela estava cansada dos abusos do meu genitor.

Raiva por ele ter a torturado por tanto tempo, mesmo quando a mesma estava grávida.

E confusa do que fazer. Se devo ir atrás dela, saber se ela estava viva ou morta. Se teria coragem de enfrentar isso.

E se ela não quiser ter contato?!

Em meio ao choro sinto o focinho de Jack na minha bochecha.

Levanto a cabeça o encontrando preocupado.

Dou um meio sorriso triste por seu carinho e preocupação comigo.

- Vai ficar tudo bem grandão- Digo acariciando seus pelos.

Ele se aproxima e pousa a cabeça em minhas pernas que agora estavam estiradas no chão.

Eu estava com um sentimento tão ruim no peito, não conseguia explicar esse sentimento, mas era forte, muito forte.

Naquele momento diversas coisa se passavam na minha cabeça. Entre elas a principal era a culpa.

Eu fui o motivo da minha ter ficado com meu pai, fui o motivo dela ter voltado depois de anos. Fui eu, eu estraguei a vida dela.

A culpa é minha...

Minhas mãos começaram a ficar geladas e a respiração fraca. Meu corpo começou a ficar mole.

A falta de ar era absurda, eu tentava puxar o ar mais nada saía. A minha mãos estavam tremendo sem parar.

Eu podia escutar jack latir, mas o som estava distante, como se estivéssemos a longos metros de distância.

E então, tudo escureceu...

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Matheus narrando

Estava analisando um depoimento, quando meu celular tocou. Achei estranho, pois era da portaria do prédio, mas atendi.

Ligação on

- Alô?-

- Senhor Matheus?- Pergunta o porteiro.

- Sou eu mesmo-

- É que está tendo algum problema no seu apartamento- Diz me deixando em alerta.

- O que está acontecendo?- Pergunto me levantando.

- É que o cachorro está latindo sem parar, os vizinhos estão achando estranho porque ele não é assim. A senhorita Alice entrou no prédio, mas quando os vizinhos foram bater na porta ninguém atendeu- Me informa.

- Já estou indo-

Ligação off

Mal desliguei o celular e já foi pegando minhas coisas as pressas.

Saí da minha sala e fui no balcão da delegacia.

- Aconteceu uma emergência, preciso sair. Chama a delegada- Aviso saindo do local.

Entro no carro e dou partida para casa.

Meu Deus, que não tenha acontecido nada com ela.

Que a Alice esteja bem
Que a Alice esteja bem
Que a Alice esteja bem

Era só isso que eu pedia. Que não tivesse acontecido nada de ruim com a minha florzinha.

[...]

Chego no estacionamento do prédio e já corro para o elevador, que não demora a chegar.

Ficar naquela caixa metalizada me deixava ainda mais nervoso, parecia que não chegava nunca!

Meu estômago se contrai ao ouvir os latidos nervosos de Jack.

Assim que as portas se abriram sai de lá e encontrando cinco moradores na porta.

- Licença- Peço sério.

Assim que destranco a porta encontro Alice desmaiada no chão.

- Florzinha!- Digo me aproximando da mesma e levantando sua cabeça.

Chequei sua pulsação e conferi se não tinha nenhum hematoma.

Um dos vizinhos chamaram a ambulância, que longo chegou a levando para o hospital.

O que será que aconteceu?

Meu DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora