A culpa

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-Amiga, eu não tô entendo nada. Quem ta disfarçado?- Disse Clara assustada.

- Me desculpa, eu iria te contar hoje lá em casa- Digo com lágrimas nos olhos.

Enquanto esperávamos Matheus eu contei tudo a ela, um resumo, incluindo a parte de ser vigiada por Gabriel.

Se passou uns 8 minutos quando Matheus entrou no mercado.

Sem demora ele me abraça notando meu nervosismo.

- Calma, eu estou aqui- Sussurra em meu ouvido.

[...]

Ele levou Clara para nossa casa. Não era mais seguro ela ficar só, não agora que ele a conhecia.

Eu estava nervosa, lágrimas deciam do meu rosto descontroladamente e minhas mãos tremiam.

- Ei - Diz Matheus segurando meu rosto me fazendo o encarar- Calma ok? Respira fundo...não tem mais perigo- Fala tentando me ajudar a regular minha respiração.

- Esse...ele tentar fa.zer algo co..om a Clara- Digo gaguejando.

- Ele não vai tá bom? Clara vai ficar conosco até ele ser preso- Diz tentando me tranquilizar.

Olho pra Clara me culpando por não ter a avisando antes.

Eu deveria ter contato a ela sobre ele, assim ela não correria risco.

Eu entreguei a cabeça dela pra ele.

A culpa é minha

Se acontecer algo com ela a culpa é minha...

- Desculpa- Falo encarando a mesma.

Ela se levanta do sofá e me abraça.

- Calma Lice, você não tem culpa de nada tá bom?- Diz fazendo carinho em minhas costas.

Desabo em seus braços e choro.

Choro pelo medo de ele fazer algo contra mim.

Medo dele tentar algo contra ela.

Medo dele tentar algo contra Matheus.

Contra Paulo.

Contra dona Rô.

Era isso que eu sentia. Medo, medo dele, medo de suas ações, medo de sua psicopatia, medo de sua possessão...sinto medo de qualquer coisa que venha dele.

Matheus atendeu seu celular que tocava contra gosto. Ele foi para o quarto e logo voltou com uma cara nada boa.

Sua face demonstrava medo, raiva e preocupação.

- O que foi?- Digo encarando mesmo.

Ele apenas me encara em silêncio e com expressão de dúvida.

Aconteceu alguma coisa.

- Por favor, não me esconda nada- Implorei ao mesmo.

Ele suspira e me encara.

- Quando saímos da delegacia antes de ontem, os policiais foram buscar o Gabriel na casa dele, mas ele não estava. Também foram na casa dos pais dele, mas parece que ninguém sabe dele a duas semanas- Me conta com ódio na voz- Ele está foragido. E na casa dele, foi encontrado fotos-

- Que fotos?- Pergunta Clara temerosa.

- Fotos de todos nós, minhas, suas, do Paulo e da Dona Rô- Da a infeliz explicação- Ele está seguindo a Alice a mais de um mês. O Vasconcelos sabe onde moramos, onde você trabalha, estuda e aonde você foi nos últimos dias- Finaliza Matheus.

Não aguentando aquela notícia eu desabo novamente em choro.

Maldito!

Todos estão em risco e a culpa é minha

Minha

A culpa é minha

Só minha

Me sinto um lixo de ser humano. Comprometi a segurança de todos.

Maldita hora que eu sobrevivi na barriga da minha mãe.

Maldita hora que eu não morri naquele beco.

Se eu não estivesse viva, nada disso teria acontecido. Eles não teriam suas vidas expostas á aquele maluco.

Não senti quando fui abraçada por Matheus.

Não senti quando o mesmo me levou para seu quarto e me deitou em sua cama.

Não senti quando ele me embalou em seus braços na tentativa de me proteger do que viesse acontecer.

Eu só sentia medo e culpa.

Era tudo que se passava na minha cabeça.

E a cada batida do meu coração a angústia se instalava mais no meu peito.

A cada soluço meu a dor aumentava, a cada soluço meu a culpa me consumia, a cada soluço meu o medo presevaráva , e a cada soluço meu eu sentia o mundo cair a minha volta.





5/7

Meu DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora