A 16° Lua

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MINA

- MAIS QUE PORRA É ESSA!?

Ouvi a voz divertida e zombeteira gritar, eu dei um sobressalto e Chaeyoung bufou saindo de cima de mim.

- Yeonjun... O que você quer? - Ela disse se sentando e eu fiz o mesmo.

- Eu só vim perguntar se você queria se um lanche. Mas acho que você já tem uma refeição muito mais saborosa. - Yeonjun zombou e eu senti minhas bochechas esquentarem.

- Yeonjun... - Chaeyoung respirou fundo. - SOME!

- Foi mal ai. Queria atrapalhar não. - Ele deu uma risadinha. - Só não esqueçam que vocês estão na escola.

Ele saiu rindo e eu quis matá-lo por interromper meu momento com Chaeyoung. Eu queria sentir seus lábios nos meus. Ficamos em silêncio por alguns segundos coisa que eu achei bem desconfortável.

- Te levarei em casa hoje. - Chaeyoung quebrou o silêncio.

- Não se incomode com isso. Eu posso ir sozinha.

- Mas eu quero te levar. - Ela me encarou seus olhos num tom esverdeado agora. - Algum problema com isso?

- Não. Nenhum. - Dei um sorriso mínimo. - Seus olhos mudam de cor. Estão verdes agora.

- É as vezes eles tem dessas. Na verdade nem eu entendo direito o por que isso acontece.

- Acho que existem coisas que não foram feitas para serem compreendidas. - Eu comentei e ela assentiu desviando o olhar.

Mais alguns segundos de silêncio até que a ouvi bufar, ela passou a mão em sua franja inquieta.

- O que foi?

- Yeonjun é um filho da puta. - Ela disse e eu dei uma risadinha. - Mas pelo menos ele me impediu de cometer um erro.

- Erro...? - Engoli em seco e senti um nó se formar na minha garganta.

- O que estava prestes a acontecer aqui. - Ela me encarou de modo duro. - Não pode se repetir.

Eu assenti, mordendo o lábio inferior, isso me chateou. Meus sentimentos por Chaeyoung são evidentes, eu sinto uma atração muito grande por ela.

- Tudo bem... minha mochila. - Eu me levantei pegando.

- Me espere no portão na hora da saída.

Eu ignorei sua fala e sai das arquibancadas, o sinal tocou quando eu já estava chegando no pátio e de la fui direto para sala. Momo estava fazendo falta.

O dia passou para mim bem lento, aulas chatas das quais eu não tenho a minima, as provas do primeiro semestre começariam daqui a uma semana e eu não estava nem ai para o conteúdo que a professora falava. Quando bateu o sinal indicando que estávamos liberados eu fui uma das primeiras a sair da sala, cruzei o portão de entrada/saída e comecei a andar em passos rápidos para casa que parecia muito mais longe do que quinze minutos de caminhada. Não esperaria Chaeyoung, estava chateada com ela.

Estava virando uma esquina quando do nada Chaeyoung surgiu na minha frente dando de cara comigo. Arregalei meus olhos recuando para trás.

- Que susto! - Falei colocando a mão no
peito.

- Achei que tinha mandado você me esperar no portão.

- Você não manda em mim. - Eu disse dando de ombros afim de passar por ela, mas ela me deteve segurando em meus ombros. - Me solta.

- Está com raiva de mim? - Ela disse arqueando a sobrancelha.

- Não. Eu só quero chegar logo em casa.

- Mentira. - Eu bufei querendo me livrar logo dela. - Está assim por que eu não beijei você ou por que eu disse que era um erro?

A encarei engolindo o nó que se criou em minha garganta e me desvincilhei dela e comecei a andar com ela me seguindo mantendo uma distância razoável. Nenhuma de nós falou algo até chegarmos na minha casa.

- Sabe, existe uma diferença entre não poder e não querer. - Ela disse comigo ainda de costas para ela.

- Nesse caso? - Eu me virei pra ela.

- Nesse caso eu não posso. Não devo porém quero. - Reprimi os lábios encarando suas orbes agora negras como ameixas.

- E por que não pode?

- Por que nessa história Mina, eu sou a vilã. E seu eu colocar o meu desejo acima da razão pode haver graves consequências, não comigo mas sim com você.

- Eu não acho que você seja a vilã, e não entendo como você pode se rotular uma.

- Existem coisas que não foram feitas para serem compreendidas. - Ela deu um sorriso ladino e eu suspirei revirando os olhos ao ouvir a mesma frase que eu lhe disse a algumas poucas horas atrás.

Ela se aproximou de mim repousando a mão em minha cabeça de um jeito carinhoso e levantou um pouco para seu rosto ficar na mesma altura que o meu.

- Existem coisas que você ainda não sabe sobre mim e é melhor assim, acredite.

- Isso é estranho... - Eu disse meio pensativa. - Acho que, não deveríamos nos apegar tão facilmente as pessoas.

- Faz parte do mundo de vocês... - Ela entortou os lábios aparentemente se auto interrompendo.

- Obrigada por me trazer em casa.

Ela acenou com a cabeça e eu entrei e casa fechando a porta. Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Céus... A cada dia que passa Chaeyoung mexe  mais comigo.

Eu tirei a roupa da escola e tomei um banho, fiz algo para comer e depois tentei ligar para Momo. Só caixa postal.

- Estou preocupada... - Balbuciei subindo para meu quarto.

Peguei um livro para ler, era final de tarde e eu precisava distrair um pouco a cabeça. Nem sei quando foi exatamente que eu acabei dormindo.

• • •

Eu estava dormindo, sabia que estava mas então por que eu simplesmente estava flutuando pelo quarto!? Eu vi o chão e a janela do meu quarto estava a noite. Eu me forcei para baixo parando de frente a janela.

- Obrigada Jisoo. - A voz familiar chamou minha atenção.

Me virei para trás e eu engoli em seco.

Está acontecendo de novo.

Eu vi meu corpo, eu estou dormindo tem uma garota de cabelos castanhos claros e franja ela estava com uma capa e livro na mão e Chaeyoung. Sim eu sabia que era ela. Ela estava encostada no batente da porta do meu quarto de braços cruzados.

- De nada Chaeyoung. - A garota com o nome Jisoo disse. - Você já está me devendo dois favores. Tirar o veneno dela foi complicado ainda bem que ela está dormindo feito pedra.

Isso por que minha alma esta fora do corpo, sua invasora!

Foi o que eu pensei enquanto assistia a garota se retirar do meu quarto. Chaeyoung suspirou e contornou a cama sentando ao lado do meu corpo. Ela acariciou meus cabelos e passou o dedo indicador pelo meu pescoço.

– Desculpe por isso... - Ela murmurou.

Eu me aproximei parando ao lado dela alternando mu olhar entre seus movimentos sutis no meu rosto e pescoço e sua expressão.

- Você tem um gosto tão bom que é quase impossível parar. - Eu engoli em seco. Como assim!?

Ela se aproximou do meu corpo, e devagar levantou meu tronco, dessa maneira minha cabeça estava inclinada para trás deixando o meu pescoço exposto para ela. Ela afastou minha blusa e passou a lingua no mesmo lugar de antes, na divisão do pescoço com meu ombro.

- Prometo que será só essa vez.

E então ela me mordeu. Meus olhos se arregalaram e eu andei para trás batendo na cômodo. Eu ouvia meus batimentos no ouvido. Chaeyoung realmente me mordeu daquela vez, não foi um sonho. Foi real!

Agora fica a dúvida.

O que Chaeyoung realmente é?

Eclipse | Michaeng G!POnde histórias criam vida. Descubra agora