Sete

957 84 19
                                    

- Rodolffo. – Gustavo, meu amigo de longa data me chamou, assim que a reunião foi finalizada. Estava em São Paulo a negócios, e tinha planos de voltar ainda hoje para Goiânia. – Seu pai ainda continua o pressionando para que se case? – perguntou, enquanto servia duas doses de whisky para nós dois.

- Sim. – suspirei. – E agora parece que não tenho mais alternativas, ele disse que o presidente de uma empresa tradicional, também precisa ter uma família tradicional e ameaçou colocar o Marcos, marido da minha irmã como presidente, caso eu não arrume logo uma esposa. – respondi, antes de tomar de uma só vez, todo o conteúdo do copo, sentindo o líquido queimar minha garganta.

- Parece que você está mesmo ferrado. – ele debochou, tomando um gole da sua bebida.

- Eu não quero me casar. – respondi, pegando a garrafa de whisky e voltando a encher meu copo.

- E porque não arranja uma esposa falsa, apenas para conseguir se tornar presidente? – ele deu a ideia e soltei uma risada.

- As mulheres de hoje em dia não se sujeitam mais a isso. – dei de ombros e vi ele sorrir de canto.

- Não sei se já te contei sobre aquele clube secreto do qual sou membro.

- Clube secreto? – dei um sorriso de deboche.

- É um clube apenas para a nata, onde homens ricos podem se distrair com mulheres bonitas, acabando com o tédio de seus matrimônios tradicionais.

- Um prostíbulo? – ele afirmou com a cabeça, gosto de sexo, mas nunca precisei pagar por isso. – Onde cê quer chegar com essa história?

- Há alguns dias o proprietário enviou aos membros mais exclusivos, um convite para um leilão. Aparentemente ele colocou as mãos em uma virgem, e ele vai leiloá-la essa noite.

- Não tô gostando muito do rumo dessa prosa. – falei incomodado, tomando mais um gole do whisky e ele deu um sorriso de escárnio.

- Pense um pouco, Matthaus. – ele pediu. – Você precisa de uma noiva, tem mais dinheiro do que consegue gastar, seria uma ótima oportunidade para você. Se comprar a garota, poderá transformá-la em sua noiva, ela não terá muitas alternativas a não ser aceitar.

- Não fico muito confortável com isso, parece errado.

- Olha, eu sei que queria voltar para Goiânia hoje, mas tenho a chance de levar um convidado, e não tenho problema em levar você.

- Não quer comprar a virgem?

- Não gosto muito de virgem, gosto das mais experientes. – ele deu um sorriso sacana, e levou o copo a boca. – O que me diz?

Suspirei, pensativo enquanto olhava para o resto do líquido âmbar em meu copo.

- Acho que mal não faz. – respondi, antes de finalizar minha bebida.

-

-

Entramos no estabelecimento, e fomos guiados até o salão onde aconteceria o leilão. As mesas estavam organizadas e numeradas, e no palco havia uma mesa de cerimonial toda em vidro e um microfone.

Ainda na entrada, recebemos cada um uma placa, Gustavo explicou que era assim que identificariam quem fez o lance. A minha placa era a de número doze.

Vários homens já estavam presentes ali, e aguardavam ansiosos o início do leilão. Quando já estavam todos sentados, um homem que se identificou como Arthur, agradeceu a presença de todos e iniciou o leilão.

Começaram leiloando primeiro outras garotas, Gustavo disse que sempre deixavam a virgem para o final. Toda aquela situação já estava me deixando desconfortável, me parecia injusto o que faziam com as meninas e eu já estava pensando em ir embora.

- Agora o momento que todos esperavam. – Arthur anunciou, com um largo sorriso no rosto. – A estrela do nosso leilão.

Arthur apontou para o fundo do palco, e vi uma moça sendo puxada pelo braço, por um homem grande e forte. Ela tentava se esconder atrás dos longos cabelos e evitava olhar para as mesas, parecia estar com muito medo e eu senti meu coração se apertar quando a vi naquela situação.

Usava uma lingerie minúscula e transparente, e era inegável que era uma jovem atraente.

- O nome dessa gracinha, é Juliette, tem 21 anos e é virgem. – ele disse, segurando o seu queixo e tirando seu cabelo do rosto.

Quando vi as lágrimas rolarem pelo seu rosto, me senti ainda pior. Ela parecia um filhotinho indefeso e um senso de proteção surgiu em mim.

- Começaremos os lances em cinquenta mil reais. – Arthur anunciou e sem perceber, eu já havia levantado a minha placa.

Vários outros senhores também levantaram as placas, e Arthur continuou aumentando os valores gradativamente, até que vários começaram a desistir, mas mantive cobrindo cada um dos lances, não deixaria que nenhum outro homem a comprasse.

- Duzentos mil reais. – Arthur deu um assovio e sorriu para a garota, que olhava assustada enquanto tudo acontecia.

- Dou meio milhão. – me levantei, querendo finalizar logo tudo aquilo.

Arthur aumentou o sorriso, olhando para os demais presentes, nenhum parecia disposto a cobrir minha oferta.

- Vendida, para o sr. Matthaus!

VendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora