Trinta e dois

638 75 36
                                    

A notícia da prisão da quadrilha, estava repercutindo em todos os jornais. Só se falavam disso em todas as emissoras e Lúcia me proibiu de continuar assistindo, dizendo que eu precisava ir para a faculdade.

Depois de muita insistência da parte dela, acabei me arrumando e indo, e foi até bom pensar em outras coisas e tirar aquelas imagens da minha cabeça.

Nos corredores da faculdade, ouvia algum aluno ou outro comentando sobre o assunto, o que era comum em todos, era a repulsa por existirem pessoas tão ruins assim no mundo. E olha que eles não sabiam nem da metade do que realmente acontecia nesses lugares.

Eu tive muita sorte por ter encontrado Rodolffo, por ele ter me tirado de lá antes que acontecessem coisas piores comigo. Ver o desespero nos olhos de Sarah, quando ela contou que seria levada para a Turquia, me deixou mal. Se a operação demorasse muito a acontecer, ela não teria a chance de liberdade, e talvez nunca mais conseguisse ver sua família.

Passei horas com Rodolffo no FaceTime essa noite, a saudade que eu sentia dele estava apertando meu peito. Acabei contando a ele que Lúcia deduziu que eu estava naquele lugar, e ele riu, dizendo que Lúcia era muito esperta. Também, não era algo tão difícil de pensar, ela viu como cheguei machucada aqui, e o meu choro quando vi a quadrilha sendo presa.

Fui mais empolgada para a faculdade no dia seguinte, me sentia até mais leve, era como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros.

Izabella me chamou para passar a tarde com ela, fomos juntas ao salão, fizemos nossos cabelos e nossas unhas, e ela insistiu para que programássemos nossa viagem para a Disney nas minhas férias.

Eu gostava muito da minha cunhada, Izabella era divertidíssima e nos dávamos super bem. Fiquei de conversar com Rodolffo e programar essas férias, se ele me trocasse por trabalho, pelo menos lá eu teria a companhia dela.

Já era fim de tarde, quando Ricardo me levou para casa, e eu só queria tomar um banho e ficar linda e cheirosa para quando meu noivo chegasse. E poder namorar com ele a noite inteira.

- Senhorita, chegou essa correspondência para você nessa tarde. – um dos empregados me entregou, quando me viu sair do carro.

Olhei para o envelope amarelo nas minhas mãos, não havia nome de remetente, apenas um "Para Juliette" escrito atrás. Franzi minhas sobrancelhas, ainda sem entender, mas agradeci antes de entrar em casa.

Coloquei minha bolsa com meus materiais em cima da mesa do quarto, e me sentei no recamier com o envelope em minhas mãos. Havia um bilhete dentro, com os dizeres: "Olha o que o seu noivo estava realmente fazendo em São Paulo."

Engoli seco antes de tirar o restante do conteúdo do envelope, eram fotos, várias fotos estilo polaroid. Nas primeiras, vi Rodolffo em um restaurante com uma mulher loira, a mesma mulher que estava agarrada a ela no baile beneficente.

Senti um desconforto ao ver as imagens, não podia acreditar que depois de tudo, ele ainda foi jantar com ela. Quando cheguei na última foto, deixei todas as outras fotos que segurava, caírem no chão. Rodolffo e ela estavam se beijando, e eu senti um bolo se formar em meu estômago. Não podia acreditar que ele estava me traindo.

Chorei muito, antes de decidir que eu não poderia aceitar aquilo. Ele estar com ela quando nosso relacionamento era falso, eu até poderia entender, mas agora que tudo o que vivíamos era verdadeiro, não poderia nunca tolerar isso.

Abri os armários, peguei uma mochila e comecei a colocar algumas peças de roupas nela. Decidi por não levar muita coisa, só o essencial para passar os primeiros dias na Paraíba. Lavei meu rosto antes de descer as escadas, pelo horário, Lúcia já teria ido para a casa, mas não queria que ninguém notasse que eu chorava.

Fui até o escritório de Rodolffo, procurei a pasta preta, e quando a encontrei, peguei a escritura da minha casa e as chaves reservas que ficavam na primeira gaveta da mesa dele. Abri o cofre que ficava ali, e peguei uma quantidade pequena de dinheiro, apenas o suficiente para voltar para casa, assim que eu abrisse novamente meu salão, daria um jeito de devolver a ele.

Sentia meu corpo inteiro tremer, me sentia muito decepcionada e triste por não ter dado certo afinal.

Quando cheguei no jardim, vi Ricardo de costas, conversando com alguém no telefone. Aproveitei a distração dele e sai pelos portões, decidida a pegar um carro quando chegasse na portaria do condomínio.

As ruas naquele horário eram desertas e bem pouco iluminadas, senti um leve aperto no peito e um pouco de medo. Por causa de todas aquelas árvores, não seria difícil que alguém se escondesse por ali. Mas afastei esses pensamentos, as pessoas que talvez quisessem me pegar, estavam presas, não precisava mais me preocupar com isso.

- Achou mesmo que eu deixaria você ter seu final feliz, morena?

Senti minha espinha gelar, quando ouvi a voz de Arthur atrás de mim, mas nem tive tempo de ter qualquer reação. Ele tampou meu nariz e boca com um pano e eu desmaiei.

VendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora