Foi com uma pontada de nostalgia e melancolia, que caminhei até o lado de fora da minha casa, com a mala feita e pronta para deixar minha terra natal. A buzina de Marie, me despertou do meu transe, e eu fechei a porta e passei a chave, antes de caminhar até o seu carro.
Não tinha muito o que levar, então levava só o que eu considerava o mais importante. Marie me ajudou a colocar a mala na traseira do carro, e fomos juntas até o aeroporto da cidade.
- Me liga assim que chegar lá. – ela me abraçou em despedida.
- Eu prometo, eu nunca vou esquecer o que está fazendo por mim, assim que estiver ganhando dinheiro, eu reembolso o valor da passagem. – disse retribuindo ao abraço.
- Eu confio em você Ju, acredito que fará muito sucesso, eu tenho fé.
- Vou sentir saudades. – disse com lágrimas nos olhos.
- Eu também, agora vá logo, está quase na hora do seu vôo.
Demos um novo abraço, e entrei no aeroporto, como já tinha feito o check-in por aplicativo, fui direito para a área de embarque.
Era a primeira vez que eu saia do estado, e andava de avião. Não sabia se o frio na barriga que eu sentia era de medo de voar, ou se era pela a aventura de ir sozinha e sem garantias para outro estado.
Mas a esperança, me fez manter a confiança e seguir em frente.
"Atenção passageiros do voo 2511, última chamada para São Paulo."
Ouvi a voz chamando meu voo e caminhei para o embarque.
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São Paulo era bem diferente da minha Paraíba, a começar pelo clima. Estava garoando quando cheguei, e precisei abraçar meu próprio corpo, na tentativa de me aquecer um pouco.
Não conhecia a cidade, e tinha muito pouco dinheiro, estava com fome, mas resolvi ir direto para o endereço especificado no panfleto. Durante o caminho, fiquei olhando a cidade, os prédios altos e as ruas movimentadas.
Quando o uber parou na porta do estabelecimento, logo vi uma placa moderna e bonita com os dizeres "SpotLight Models", respirei fundo e fiz uma prece silenciosa, enquanto descia do carro e pegava a minha mala com o motorista.
Ele me viu olhar para a placa, e olhou para mim simpático.
- Boa sorte. - ele desejou, e eu sorri com a simpatia do homem mais velho.
- Obrigada!
Entrei pela porta de vidro, e avistei a recepção, com paredes de cores claras, e piso de granito branco. Várias cadeiras estofadas em cores claras, estavam dispostas na entrada, e ao fundo, uma parede cinza com os dizeres "SpotLight" em letras grandes e douradas. O balcão da recepção, era todo em granito escuro, e havia um lindo lustre no teto, que fazia uma iluminação aconchegante ao local.
Atrás da recepção, havia uma bela moça, seus cabelos lisos e escuros, estavam presos num penteado despojado, ela usava franjinha, o que deixava seu rosto mais jovial. Suas roupas, pareciam ser de algum designer famoso, que eu obviamente não conhecia, e me senti um pouco constrangida por estar nas minhas velhas calças jeans e camiseta branca.
Pensei em dar a meia volta, quando ela levantou o olhar o notou a minha presença, me oferecendo um sorriso gentil, que fez seus olhos ficarem ainda menores e mais puxados.
- Boa tarde. - ela desejou, e eu me forcei a caminhar até mais perto dela.
- Boa tarde. - respondi ao cumprimento, sorrindo gentilmente para ela. - Eu tenho um horário agendado com o Arthur. - informei.
Antes de vir, liguei para o telefone que informava no panfleto, e colhi as informações que precisava, antes de vir de qualquer jeito para São Paulo. Depois de me pedir uma foto, o homem de nome Arthur, agendou comigo a visita de hoje.
- Você é modelo? - ela perguntou interessada.
- Ainda não, vi o anúncio e pensei que talvez eu tivesse alguma chance.
- Entendi. - ela respondeu, enquanto digitava algo no computador. - Seu agendamento não está aqui. - ela disse depois de algum tempo.
- Tem certeza? Ele marcou diretamente comigo, posso te mostrar a mensagem dele no meu whatsapp. - me desesperei um pouco, se ele não me atendesse, não sei o que seria de mim.
Peguei meu celular no bolso, procurando pela mensagem.
- Calma. - pediu. - Vou conferir com o Arthur se ele vai poder te atender hoje, se não puder, podemos marcar para outro dia.
- Moça, eu vim de muito longe, não conheço ninguém em São Paulo, e Arthur me prometeu uma oportunidade. Veja com ele, por favor.
- Eu já volto. - ela pediu e entrou por um dos corredores.
Já estava pensando em estourar meu cartão, e comprar uma passagem de volta para a Paraíba, quando vi a moça retornar.
- Pode entrar, Juliette. - ela pediu, me indicando com a mão, qual caminho eu deveria seguir.
- Desculpa, eu nem perguntei seu nome.
- Thais. - ela respondeu sorridente.
- Thais, será que se importa que eu deixe minha mala aqui, enquanto eu converso com ele?
- Claro, sem problema algum.
- Muito obrigada. - agradeci, enquanto colocava a minha mala atrás do balcão.
Segui o corredor que ela me indicou minutos antes, e dei uma suave batida na porta, ouvindo um "entre" em seguida. Obedeci ao seu pedido, entrando em uma sala bonita e moderna.
Atrás de uma mesa de madeira escura, um homem bonito, loiro de com barba bem feita, estava sentado e sorriu quando me viu. Ele ficava ainda mais charmoso sorrindo, usava uma camisa preta de botões e calça jeans escura.
- Juliette, né? – ele perguntou e eu assenti. – Sou Arthur, por favor, sente-se. – ele ofereceu e eu me sentei na cadeira em frente sua mesa. - Então quer ser modelo?
- Ahn... - murmurei. - Nunca havia pensado nisso, até muito recentemente. Tu acha que não tenho o perfil?
- Você é muito bonita, tem um perfil que interessaria alguns de nossos contratantes. – ele disse me analisando, seus olhos percorrendo todo o meu corpo, até voltar novamente até o meu rosto. – Qual sua idade?
- Tenho 21.
- Novinha... Você disse que é da Paraíba, certo? - ele perguntou e eu assenti. - Vou dar uma oportunidade para você, me interessei no seu perfil. - ele disse, e um sorriso esperançoso brotou dos meus lábios. - Você tem lugar pra ficar?
- Não. - neguei com a cabeça.
- A agência tem um alojamento para as modelos, mesmo que ainda não tenhamos formalizado seu contrato, podemos permitir que fique lá, se tudo der certo, logo terá seu apartamento próprio aqui em São Paulo, ou onde desejar. - ele sorriu.
A única coisa que pensava, era quitar minha dívida, e quem sabe voltar para a minha vida na Paraíba e realizar o sonho de fazer faculdade.
- Se não for prejudicar, eu vou aceitar.
- Estava mesmo indo pra lá agora, vamos? – perguntou e eu assenti, me sentindo empolgada que tudo enfim, estava dando certo.
Antes de irmos, peguei minha mala com a Thaís na recepção, e agradeci a gentileza.
- Não volto hoje, Thaís. - ele informou a ela. - Vou levar a Juliette até o alojamento. - vi uma mudança na expressão da Thaís, e seu olhar parecia ter ficado triste.
- Vai levá-la ao alojamento? - ela perguntou e ele sorriu antes de confirmar com a cabeça.
Thaís olhou novamente para mim, seu olhar era preocupado e eu estranhei sua reação repentina. Mas não tive tempo de questionar, logo Arthur me puxou pela mão, me levando até a saída.
- O que tem de errado no alojamento? - perguntei insegura.
- Nada, você vai adorar.
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Vendida
ФанфикUm momento de dificuldade, às vezes faz com que a gente tome atitudes precipitadas e estúpidas. Fui em busca de um sonho, uma oportunidade de ouro para me livrar das dívidas adquiridas pelos tratamentos da minha mãe, mas fui enganada. O conto de fad...