Quarenta e três

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- Sabe, eu tava pensando. – Rodolffo começou, enquanto nos preparávamos para deitar. – Você disse que queria fazer curso de direito e na época eu fui contra, mas acho que não seria uma má ideia você trocar o curso.

- Não me diz que está falando isso por causa do Kaíque? – eu perguntei perplexa e ele me olhou culpado. – Pelo amor de Deus, esquece o Kaíque! - pedi exasperada.

- Tô falando, porque na época eu fui autoritário, e não te deixei fazer o curso que realmente queria fazer.

- Deixa de onda, você tá falando isso porque está com ciúmes. Tu acha que não tem homem no curso de direito, é? – coloquei a mão na cintura e o olhei brava.

- Desculpa, eu só não gostei desse cara.

- Sabe o que deveríamos fazer? – perguntei e ele me olhou curioso. – Deveríamos apresentar o Kaíque para a Amanda, assim nós dois nos livraríamos de nossos problemas. – sugeri divertida, e consegui arrancar um sorriso dele.

- Eu não quero a Amanda.

- E nem eu quero o Kaíque, mas isso não tá impedindo tu de ter ciúmes dele, do mesmo jeito que tenho ciúmes da loira aguada. E além do mais, fariam um belo casal e teriam filhos lindos e loirinhos. – brinquei e Rodolffo deu uma gargalhada. – Enquanto nossos filhos vão ter os cabelos preto, preto, igual o seu.

Rodolffo se deitou na cama, e me puxou para deitar em seu peito.

- E vão ter sua boquinha linda. – ele disse baixinho, tocando os meus lábios.

- E o seu nariz. – toquei seu nariz, antes de dar um beijo estalados em seus lábios carnudos. – Vão ser nossa cópia, a mistura perfeita de nós dois.

- Já te contei que sou louco pra ser pai? – ele perguntou pensativo e eu assenti, ele já havia me falado desse desejo algumas vezes. – Antes eu até pensava muito nisso, mas sempre parecia um sonho distante, nunca achei que fosse me casar. Aí você apareceu, mudou toda a minha percepção de vida, e eu percebi que esse sonho poderia se tornar real. Às vezes fico te imaginando grávida, já até sonhei algumas vezes com isso.

- Eu também. – confessei e ele riu. – Já sonhei umas duas vezes, a gente tava tão feliz.

- Acho que vai ser o dia mais feliz da minha vida, quando me contar que espera um filho meu, fruto do nosso amor.

- Vai ser o dia mais feliz da minha vida, também. – me senti emocionada ao dizer essas palavras, desejando muito que isso acontecesse em breve. - Izabella está super empolgada com o casamento, está planejando tanta coisa, que me deixou tonta hoje, visse.

- O que decidiram sobre o casamento? - ele perguntou curioso, passando a mão de leve pelos meus cabelos.

- Dei o aval pra que ela decidisse tudo, só quero opinar no meu vestido mesmo.

- Vixi, já até imagino o que a bichinha vai aprontar. - ele deu uma risada fraca. - Como vai ser seu vestido?

- Não sei ainda, Izabella vai comigo na próxima semana no atelier de noivas.

- Escolhe um modelo fácil pra tirar.

- Safado. - impliquei e ele deu risada.

-

-

Não pude deixar de sorrir ao lembrar do pedido de Rodolffo, enquanto fazia a minha primeira prova do vestido de noiva. Já imaginava ele reclamando de todos aqueles botões. Quando escolhi o modelo meses atrás, sabia que ele reclamaria, mas mesmo assim quis os botões nas costas do vestido.

Estava em cima de uma plataforma elevada, enquanto faziam os pequenos ajustes que seriam necessários no vestido. Havia um enorme espelho bem em frente, e eu conseguia ver com perfeição todos os detalhes.

O vestido ficou exatamente como eu o imaginei, e consegui me sentir como uma noiva quando me vi nele. Algumas lágrimas já ameaçavam surgir, mas quando colocaram o véu para termos uma noção de como tudo ficaria, não consegui mais segurar o choro.

- Meu Deus, Ju. Você é a noiva mais linda que eu já vi. – Vera disse, também emocionada e Izabella concordou.

- Obrigada. – sorri em agradecimento. - Acham que Rodolffo vai gostar?

- Gostar? Ele vai desmaiar quando te ver, está lindíssima! – Izabella disse empolgada.

- Tô ansiosa. - falei com a voz tremidinha, e minha cunhada e sogra sorriram.

- Agora falta pouco, logo será oficialmente parte da família, querida. – minha sogra disse amorosa e eu sorri.

Respirei fundo, sentindo uma onda de emoção surgir no meu peito. Era estranho passar por tudo isso sem a presença da minha mãe, queria muito que ela estivesse aqui, e pudesse me ver assim. Ela ficaria tão feliz por mim, e sei que ela adoraria o Rodolffo.

Mas estava feliz de passar por isso com o apoio da família dele, estavam sendo maravilhosos comigo.

E sei que lá do céu, mainha olhava por mim.

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