Eu não via a hora dessa reunião chata acabar, me programei para ir embora mais cedo e fazer uma surpresa para a Juliette, mas essa reunião acabou alongando mais do que deveria, e eu chegaria tarde em Goiânia.
Quando finalmente acabou, recebi uma ligação do delegado encarregado do caso da prisão da quadrilha de Arthur, e estranhei. Achei que já estava tudo certo e que eu não precisaria mais prestar nenhum depoimento.
- Pronto. – disse ao colocar o telefone na orelha.
- Sr. Matthaus, infelizmente não tenho boas notícias. – ele disse do outro lado e eu franzi a testa. – Arthur fugiu há algumas horas quando estava sendo transferido até o presídio, teve ajuda de um policial corrupto e ainda não conseguimos encontrá-lo.
- Fugiu? – perguntei assustado, quase gritando com o delegado. – E só me avisam agora?
- Temos que seguir um protocolo, só resolvi te ligar porque sei que talvez sua noiva, ou até mesmo você corra perigo.
Senti minha boca secar, e um medo começar a surgir no meu peito. Tudo o que eu pensava era nela, e que eu deveria estar em casa com ela, me certificando de que estava bem.
- Obrigado pelas informações, preciso desligar.
Nem esperei que ele se despedisse, senti minhas mãos tremulas enquanto buscava o nome de Ricardo na agenda, após dois toques, ele atendeu.
- Onde está a Ju, Ricardo?
- Acabei de trazê-la para casa. – ele informou, mas o aperto no meu peito não me deixou relaxar.
- Preciso que entre na minha casa, me dê a certeza que ela está bem.
- Aconteceu algo, patrão?
- O Arthur fugiu. – informei e ouvi Ricardo suspirar.
Pelos barulhos que ouvi pelo telefone depois, sei que Ricardo estava fazendo o que pedi. Ouvi ele gritar o nome da Ju, e fiquei ainda mais agoniado quando ela não respondia.
- Talvez ela esteja no quarto, por isso não está me escutando.
- Entra lá. – permiti e ouvi ele subir as escadas.
Após alguns minutos, ouvi Ricardo bufar.
- Ela não está. – ele contou e eu senti meu coração se apertar no peito. – Mas parece que ela foi embora porque quis.
- Do que está falando?
- As portas do armário estão abertas, tem peças de roupas espalhadas pela cama e alguns cabides vazios. E tem mais.
- Desembucha, Ricardo.
- Tem umas fotos no chão.
- Fotos, que fotos?
- São fotos suas, patrão. Fotos suas com uma mulher loira em um restaurante.
Merda.
- Acha minha mulher, Ricardo. Estou indo agora mesmo para Goiânia, ativa o rastreador do celular dela e a ache, por tudo o que é mais sagrado.
- Vou encontrá-la.
Desliguei o telefone, saindo o mais depressa possível do prédio em que estava e entrando no carro que já me esperava na porta. Dei as orientações para ele ir o mais depressa o possível para o hangar, de onde eu embarcaria de volta para a casa.
Não podia acreditar que Juliette fugiu, era o pior momento para isso acontecer. Justo quando Arthur está solto, e agora que ele perdeu tudo, deve estar muito mais inescrupuloso do que era. Ele não vai entrar para perder, e eu preciso encontrá-la antes dele.
Ela estava pensando que a traí, e isso não podia acontecer de forma alguma. Amanda era insignificante para mim, e eu deveria ter sido mais esperto e ter recusado seu convite para conversar. Sabia que Amanda tinha algum plano, quando me convidou para aquele jantar e depois me beijou do nada.
Só não sabia que ela poderia ser tão suja assim.
Já estava entrando no jatinho, quando recebi uma ligação de Ricardo.
- Me diz que achou a minha mulher.
- Infelizmente ainda não, tentamos rastrear o telefone, mas ele parece estar desligado.
- As câmeras do condomínio não pegaram nada?
- Ainda não sabemos, as imagens não ficam armazenadas no sistema interno, vão para outra empresa que faz o monitoramento, e eles só vão conseguir as imagens amanhã pela manhã.
- Eu não posso esperar tanto tempo, Ricardo.
- Sei disso, estou indo agora mesmo no aeroporto, o porteiro disse que não a viu, mas talvez ela tenha saído de outra forma.
- Estou embarcando agora, devo chegar em poucas horas. Por favor, acha minha mulher.
- Vou achar.
Desapertei o nó em minha gravata e tirei meu paletó, me sentia sufocado, um medo enorme que Arthur estivesse com ela e a fizesse algum mal.
Quando cheguei em Goiânia, Ricardo já me esperava no estacionamento, e pela cara dele, sabia que não tinha notícias.
- Achou minha mulher?
- Ainda não. – ele respondeu, abrindo a porta traseira do carro para que eu entrasse.
- O celular dela continua desligado?
- Sim, permanece sem sinal. - Ricardo já estava fazendo o caminho de casa, sinceramente nem sabia para onde iríamos, onde ela poderia estar.
- Meu Deus, mulher. Onde você está? – fechei os olhos pensativo e acabei me lembrando de uma coisa. – Quando entrou no nosso quarto, você viu se ela deixou o anel de noivado dela lá?
- Anel? – ele pensou por alguns segundos. – Não me lembro de ter visto nenhum anel. Por que?
- Me chame de paranóico, mas quando Arthur começou a rondar em Goiânia fiquei preocupado que ele pudesse tentar algo, e mandei implantar um microchip localizador no anel que dei a ela. Nunca tentei rastreá-lo, nem sei mesmo se funciona.
Peguei meu notebook, procurando pelo sistema de rastreamento e o ativando em seguida.
- Esteja com o anel, princesa.
Não demorou muito, achei no mapa o lugar em que ela estava, e ela nunca iria parar naquele lugar sozinha. Era afastado da cidade e no meio de uma região cheia de galpões.
- Achei. – disse, passando as coordenadas para Ricardo, que alimentou o sistema de GPS. – Avisa o Zé, e os demais seguranças para nos encontrar lá.
Ricardo fez algumas ligações, enquanto dirigia em alta velocidade até o endereço, e a cada minuto eu sentia meu coração se apertar ainda mais.
Meu celular tocou, e eu dei um sorriso sutil quando vi o nome dela aparecer na tela.
- Amor, onde você está?
- Advinha de novo. – ouvi a voz de Arthur do outro lado, junto com um sorriso debochado.

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Vendida
FanfictionUm momento de dificuldade, às vezes faz com que a gente tome atitudes precipitadas e estúpidas. Fui em busca de um sonho, uma oportunidade de ouro para me livrar das dívidas adquiridas pelos tratamentos da minha mãe, mas fui enganada. O conto de fad...